::: Porto Alegre, 10 de agosto de 1985 ::: (trechos)
Caio F. Abreu
Não era nada com você. Ou quase nada. Estou tão desintegrado. Atravessei o resto da noite encarando minha desintegração. Joguei sobre você tantos medos, tanta coisa travada, tanto medo de rejeição, tanta dor. Difícil explicar. Muitas coisas duras por dentro. Farpas. Uma pressa, uma urgência. E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Destruir antes que cresça. Com requintes, com sofreguidão, com textos que me vêm prontos e faces que se sobrepõem às outras. Para que não me firam, minto. E tomo a providência cuidadosa de eu mesmo me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o outro também. Não queria fazer mal a você. Não queria que você chorasse. Não queria cobrar absolutamente nada. Por que o Zen de repente escapa e se transforma em Sem? Sem que se consiga controlar.
Fiz fantasias. No meu demente exercício para pisar no real, finjo que não fantasio. E fantasio, fantasio. Até o último momento esperei que você me chamasse pelo telefone. Que você fosse ao aeroporto. Casablanca, última cena. Todas as cartas de amor são ridículas. Esse lugar confuso de que fala Caetano. E eu estava só começando a entrar num estado de amor por você. Mas não me permiti, não te permiti, não nos permiti. Pedro Paulo me dizendo no ouvido "nunca vi essas luz nos seus olhos".
Quando pergunto você-compreende-tudo-isso não estou subestimando você. Ah, deus, perdoe. Não sinto agressividade nenhuma em relação a você. E gosto das tuas histórias. E gosto da tua pessoa. Dá um certo trabalho decodificar todas as emoções contraditórias, confusas, soma-las, diminui-las e tirar essa síntese numa palavra só, esta: gosto.
Fico tomado de paixão.Há tempos não ficava.
O que tem me mantido vivo hoje é a ilusão ou a esperança dessa coisa, "esse lugar confuso", o Amor um dia. E de repente te proíbem isso. Eu tenho me sentido muito mal vendo minha capacidade de amar sendo destroçada, proibida, impedida, aos 36 anos, tão pouco. Nem vivi nada ainda.
Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas... Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo.
Somos muito parecidos, de jeitos inteiramente diferentes: somos espantosamente parecidos. E eu acho que é por isso que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar de mim - para não querer, violentamente não querer de maneira alguma ficar na sua memória, seu coração, sua cabeça, como uma sombra escura. Perdoe a minha precariedade e as minhas tentativas inábeis, desajeitadas, de segurar a maçã no escuro. Me queira bem.
Estou te querendo muito bem neste minuto. Tinha vontade que você estivesse aqui e eu pudesse te mostrar muitas coisas, grandes, pequenas, e sem nenhuma importância, algumas.Fique feliz, fique bem feliz, fique bem claro, queira ser feliz. Você é muito lindo e eu tento te enviar a minha melhor vibração de axé. Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim.
Com cuidado, com carinho grande, te abraço forte e te beijo,
Caio F.
p.s.: Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis. E amanhã tem sol.
sexta-feira, junho 25, 2010
::: Sorte :::
Milena Gouvêa
Eu sou sortuda.
Depois de tentar me descrever por diversas (e inúteis) vezes, pude chegar a esta simples conclusão
Sortuda.
Claro, milhões de mulheres, assim como eu, também são sensíveis. Também vivem com a cabeça na lua, esquecem as chaves de casa, são caseiras, friorentas, chegadas num drama e apreciam as espontaneidades. Difícil é serem sortudas.
Então porque eu gastaria linhas descrevendo características tão comuns quando tenho um verdadeiro pé de coelho nas mãos?
Pois a sorte conhece meu endereço e bate à minha porta. Está aqui, presente do bingo ao trevo de quatro folhas.
E eu sei, eu sei que você dirá que sorte não existe, que o que existe são conquistas. Então chame de acaso, coincidência, fé, o que for.
Independente do nome, aqui tem de sobra.
E antes que você pergunte onde está meu bilhete premiado na Mega Sena, onde foi parar o carro que ganhei no último sorteio ou quanto dinheiro andei achando na rua, é bom avisar:
Sorte pra mim é ver o carrinho de picolé chegando. É compartilhar gargalhada na segunda. Acordar com vontade de fazer bolo e ver que tenho os ingredientes. É ganhar beijo roubado. É ir à locadora e conseguir “O mágico de Oz” por dez reais. É ter um pai que trabalhou na Lacta, depois na Kibon. E uma mãe que parece ter trabalhado no céu.
De onde eu venho, sorte é conseguir me formar na profissão que eu queria, e já empregada. É ver que a margarida que você me deu e eu plantei no jardim, pegou. Que as fotos de ontem ficaram bonitas. E que, o moço do meu lado, é muito, muito mais do que eu pedi a Deus.
Sorte pra mim é sol no sábado. É pijama até às 3. É reunir os melhores amigos com chapeuzinho de aniversário. É saber que amanhã é sexta. E que os problemas já podem ser substituídos.
Sorte é saber que eu sou forte, capaz e saudável. E saber que eu não sou um monte de coisas. Mas que posso ser.
É ter pra quem ligar quando eu quero rir. E ter alguém pra chamar quando eu quero colo.
É ter certezas. De que vai dar tempo. De que vai dar saudade. E de que eu sou determinada a ponto de quebrar a cara (e de não desistir com isso). É, acima de tudo, saber perceber que EU tenho sorte.
Sorte é ter um passado doce e o açucareiro nas mãos.
Milena Gouvêa
Eu sou sortuda.
Depois de tentar me descrever por diversas (e inúteis) vezes, pude chegar a esta simples conclusão
Sortuda.
Claro, milhões de mulheres, assim como eu, também são sensíveis. Também vivem com a cabeça na lua, esquecem as chaves de casa, são caseiras, friorentas, chegadas num drama e apreciam as espontaneidades. Difícil é serem sortudas.
Então porque eu gastaria linhas descrevendo características tão comuns quando tenho um verdadeiro pé de coelho nas mãos?
Pois a sorte conhece meu endereço e bate à minha porta. Está aqui, presente do bingo ao trevo de quatro folhas.
E eu sei, eu sei que você dirá que sorte não existe, que o que existe são conquistas. Então chame de acaso, coincidência, fé, o que for.
Independente do nome, aqui tem de sobra.
E antes que você pergunte onde está meu bilhete premiado na Mega Sena, onde foi parar o carro que ganhei no último sorteio ou quanto dinheiro andei achando na rua, é bom avisar:
Sorte pra mim é ver o carrinho de picolé chegando. É compartilhar gargalhada na segunda. Acordar com vontade de fazer bolo e ver que tenho os ingredientes. É ganhar beijo roubado. É ir à locadora e conseguir “O mágico de Oz” por dez reais. É ter um pai que trabalhou na Lacta, depois na Kibon. E uma mãe que parece ter trabalhado no céu.
De onde eu venho, sorte é conseguir me formar na profissão que eu queria, e já empregada. É ver que a margarida que você me deu e eu plantei no jardim, pegou. Que as fotos de ontem ficaram bonitas. E que, o moço do meu lado, é muito, muito mais do que eu pedi a Deus.
Sorte pra mim é sol no sábado. É pijama até às 3. É reunir os melhores amigos com chapeuzinho de aniversário. É saber que amanhã é sexta. E que os problemas já podem ser substituídos.
Sorte é saber que eu sou forte, capaz e saudável. E saber que eu não sou um monte de coisas. Mas que posso ser.
É ter pra quem ligar quando eu quero rir. E ter alguém pra chamar quando eu quero colo.
É ter certezas. De que vai dar tempo. De que vai dar saudade. E de que eu sou determinada a ponto de quebrar a cara (e de não desistir com isso). É, acima de tudo, saber perceber que EU tenho sorte.
Sorte é ter um passado doce e o açucareiro nas mãos.
sexta-feira, junho 04, 2010
::: Fuck You :::
Lily Allen
Look inside
Look inside your tiny mind
Now look a bit harder
Cause we're so uninspired,
Sso sick and tired
Of all the hatred you harbour.
So you say
It's not OK to be gay
Well I think you're just evil
You're just some racist
Who can't tie my laces
Your point of view is medieval
Fuck you (fuck you)
Fuck you very, very much
Cause we hate what you do
And we hate your whole crew
So please don't stay in touch
Fuck you (fuck you)
Fuck you very, very much
Cause your words don't translate
And it's getting quite late
So please don't stay in touch
Do you get
Do you get a little kick out of
Being small-minded?
You want to be like your father,
His approval you're after
Well that's not how you find it.
Do you,
Do you really enjoy
Living a life that's so hateful?
Cause there's a hole where your soul should be
You're losing control of it
And it's really distasteful
Fuck you (fuck you)
Fuck you very, very much
Cause we hate what you do
And we hate your whole crew
So please don't stay in touch
Fuck you (fuck you)
Fuck you very, very much
Cause your words don't translate
And it's getting quite late
So please don't stay in touch
Fuck you, fuck you, fuck you
Fuck you, fuck you, fuck you
Fuck you
You say you think we need to go to war
Well you're already in one
Cause it's people like you
That need to get slew
No one wants your opinion
Fuck you (fuck you)
Fuck you very, very much
Cause we hate what you do
And we hate your whole crew
So please don't stay in touch
Fuck you (fuck you)
Fuck you very, very much
Cause your words don't translate
And it's getting quite late
So please don't stay in touch
Fuck you
Lily Allen
Look inside
Look inside your tiny mind
Now look a bit harder
Cause we're so uninspired,
Sso sick and tired
Of all the hatred you harbour.
So you say
It's not OK to be gay
Well I think you're just evil
You're just some racist
Who can't tie my laces
Your point of view is medieval
Fuck you (fuck you)
Fuck you very, very much
Cause we hate what you do
And we hate your whole crew
So please don't stay in touch
Fuck you (fuck you)
Fuck you very, very much
Cause your words don't translate
And it's getting quite late
So please don't stay in touch
Do you get
Do you get a little kick out of
Being small-minded?
You want to be like your father,
His approval you're after
Well that's not how you find it.
Do you,
Do you really enjoy
Living a life that's so hateful?
Cause there's a hole where your soul should be
You're losing control of it
And it's really distasteful
Fuck you (fuck you)
Fuck you very, very much
Cause we hate what you do
And we hate your whole crew
So please don't stay in touch
Fuck you (fuck you)
Fuck you very, very much
Cause your words don't translate
And it's getting quite late
So please don't stay in touch
Fuck you, fuck you, fuck you
Fuck you, fuck you, fuck you
Fuck you
You say you think we need to go to war
Well you're already in one
Cause it's people like you
That need to get slew
No one wants your opinion
Fuck you (fuck you)
Fuck you very, very much
Cause we hate what you do
And we hate your whole crew
So please don't stay in touch
Fuck you (fuck you)
Fuck you very, very much
Cause your words don't translate
And it's getting quite late
So please don't stay in touch
Fuck you
quinta-feira, junho 03, 2010
::: Everybody Hurts :::
R.E.M.
When your day is long
And the night the night is yours alone
When you're sure you've had enough of this life
Hang on
And the night the night is yours alone
When you're sure you've had enough of this life
Hang on
Don't let yourself go
'Cause everybody cries
And everybody hurts, sometimes
'Cause everybody cries
And everybody hurts, sometimes
Sometimes everything is wrong
Now it's time to sing along
When your day is night alone (Hold on, hold on)
If you feel like letting go (Hold on)
If you think you've had too much of this life
To hang on
Now it's time to sing along
When your day is night alone (Hold on, hold on)
If you feel like letting go (Hold on)
If you think you've had too much of this life
To hang on
'Cause everybody hurts
Take comfort in your friends
Everybody hurts
Don't throw your hand, oh no
Don't throw your hand
If you feel like you're alone
No, no, no, you're not alone
Take comfort in your friends
Everybody hurts
Don't throw your hand, oh no
Don't throw your hand
If you feel like you're alone
No, no, no, you're not alone
If you're on your own in this life
The days and nights are long
When you think you've had too much of this life
To hang on
The days and nights are long
When you think you've had too much of this life
To hang on
Well, everybody hurts
Sometimes, everybody cries
And everybody hurts, sometimes
But everybody hurts, sometimes
So hold on
Sometimes, everybody cries
And everybody hurts, sometimes
But everybody hurts, sometimes
So hold on
Hold on
Everybody hurts
You're not alone
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