quinta-feira, novembro 29, 2007

::: Iris :::
Goo Goo Dolls

And I'd give up forever to touch you,
Cause I know that you feel me somehow.
You're the closest to heaven that I'll ever be,
And I don't want to go home right now.

And all I can taste is this moment,
And all I can breathe is your life,
And sooner or later it's over,
I just don't want to miss you tonight.

And I don't want the world to see me,
Cause I don't think that they'd understand.
When everything's made to be broken,
I just want you to know who I am.

And you can't fight the tears that ain't coming,
Or the moment of the truth in your lies.
When everything feels like the movies,
Yeah you bleed just to know you're alive.

domingo, novembro 25, 2007

::: Evite ser traído :::
Arnaldo Jabor


Você deve estar perguntando porque eu gastaria meu precioso tempo falando sobre isso. Entretanto, a aflição masculina diante da traição vem me chamando a atenção já há tempos.

Mas o que seria uma "mulher moderna"? A princípio seria aquela que se ama acima de tudo, que não perde (e nem tem) tempo com / para futilidades, é aquela que trabalha porque acha que o trabalho engrandece, que é independente sentimentalmente dos outros, que é corajosa, companheira, confidente, amante... É aquela que às vezes têm uma crise súbita de ciúmes, mas que não tem vergonha nenhuma em admitir que está errada e de correr pros seus braços... É aquela que consegue ao mesmo tempo ser forte e meiga, desarrumada e linda... Enfim, a mulher moderna é aquela que não tem medo de nada nem de ninguém, olha a vida de frente, fala o que pensa e o que sente, doa a quem doer...

Assim, após um processo "investigatório" junto a essas "mulheres modernas" pude constatar o pior.

** VOCÊ SERÁ (OU É???) "corno", ao menos que:

-Nunca deixe uma "mulher moderna" insegura.
Antigamente elas choravam. Hoje elas simplesmente traem, sem dó nem piedade.

- Não ache que ela tem poderes "adivinhatórios".
Ela tem de saber da sua boca o quanto você gosta dela. Qualquer dúvida neste sentido poderá levar as conseqüências expostas acima.

- Não ache que é normal sair com os amigos (seja pra beber, pra jogar futebol) mais do que duas vezes por semana, três vezes então, é assinar atestado de "chifrudo".
As "mulheres modernas" dificilmente andam implicando com isso, entretanto, elas são categoricamente "cheias de amor pra dar" e precisam da "presença masculina". QUALQUER UMA . Se não for a sua meu amigo...! ! !

-Quando disser que vai ligar, ligue, senão o risco dela ligar pra aquele ex-bom de cama é grandessíssimo.

- Satisfaça-a sexualmente.
Mas não finja satisfazê-la. As "mulheres modernas" têm um pique absurdo em relação ao sexo e, principalmente dos 30 aos 58 anos, elas pensam, e querem fazer sexo TODOS OS DIAS (pasmem, mas a pura verdade)... Bom, nem precisa dizer que se não for com você..! ! ! !

-Lhe dê atenção.
Mas principalmente faça com que ela perceba isso.

- Seja muito carinhoso, sempre.
Garanhões mau (ou bem) intencionados sempre existem, e estes quando querem são peritos em levar uma mulher nas nuvens. Então, leve-a você, afinal, ela é sua ou não é ????

- Nem pense em provocar "ciuminhos" vãos.
Como pude constatar, mulher insegura é uma máquina colocadora de chifres .

- Em hipótese alguma a deixe desconfiar do fato de você estar saindo com outra.
Essa mera suposição da parte delas dá ensejo a um "chifre" tão estrondoso que quando você acordar, meu amigo, já existirá alguém MUITO MAIS "comedor" do que você... só que o prato principal, bem...dessa vez é a SUA mulher.

-Sabe aquele bonitão que você sabe que sairia com a sua mulher a qualquer hora?
Bem... de repente a recíproca também pode ser verdadeira. Basta ela, só por um segundo, achar que você merece... Quando você reparar... já foi.

-Tente estar menos "cansado".
A "mulher moderna" também trabalhou o dia inteiro e, provavelmente, ainda tem fôlego para - como diziam os homens de antigamente "dar uma", para depois, virar de lado e simplesmente dormir.

- Volte a fazer coisas do começo da relação.
Se quando começaram a sair viviam se cruzando em "baladas", "se pegando" em lugares inusitados, trocavam e-mails ou telefonemas picantes, a chance dela gostar disso é muito grande, e a de é sentir falta disso então imensa. A "mulher moderna" não pode sentir falta dessas coisas ... senão...

Bem amigos, aplica-se, finalmente, o tão famoso jargão "Quem não dá assistência, abre espaço para a concorrência e perde a preferência". Deste modo, se você está ao lado de uma mulher de quem realmente gosta e tem plena consciência de que, atualmente o mercado não está pra peixe (falemos de qualidade), pense bem antes de dar alguma dessas "mancadas"..

Proteja-a, ame-a, e principalmente, faça-a saber disso. Ela vai pensar milhões de vezes antes de dar bola pra aquele "bonitão" que vive enchendo-a de olhares... e vai continuar, sem dúvidas, olhando só pra você!!!

sábado, novembro 17, 2007

::: Homem briefing :::
Tati Bernardi

Um dia minha terapeuta falou pra mim: “Você precisa formatar esse homem que você quer. Parar de se perder pelo meio do caminho com gente que não tem nada a ver com você.”

Cheguei em casa e fiz o que os publicitários chamam de briefing. Coloquei em um papel todos os aspectos, formatos, intelectos, medidas, cores, palavras, sentimentos e modos que esse macho deveria ter: 35+, bem-sucedido (mas porque ralou e não porque nasceu rico), moreno, não muito alto, não muito baixinho, forte (mas não malhado), sensível, mas que saiba carregar peso e resolver problemas burocráticos, engraçado, mas sem muitas piadas com pum, que ame a família, mas que queira também constituir uma, que ame as crianças, mas que nem por isso queira ser uma, que ame os cachorros, mas que nem por isso queira ser um, que ame a sua mãe, mas que nem por isso queira que eu seja a mãe dele, que chore vendo TV, desde que não seja o campeonato dublado de pôquer e que ame os amigos, mas que nem por isso dependa deles para ter personalidade.

Que use um anti-sinais, mas �s vezes fique com preguiça do banho (homem sempre limpo e cremoso também não dá), que tenha uma quantidade média de pêlos, despelado não dá, tampouco macaco. Que corte as unhas do pé, mas jamais use base nas unhas da mão, que tenha uma barriguinha de leve para que eu não fique neurótica com a minha bunda molinha, que, quando de frente para o espelho, olhe sua careca e jamais os músculos da sua bunda, que respire de um jeito aceitável quando dorme depois de beber e que jamais, jamais, jamais: vomite.

Que more sozinho, goste de ler (John Fante e Nelson Rodrigues, por favor!), goste de sexo “olho-no-olho” e não só de sexo “canal pago”, goste de viajar, mas nem por isso deixe de aproveitar os cinemas e os restaurantes maravilhosos de São Paulo, que seja um pouquinho “cafa”, mas só comigo e que goste de uma mistura louca entre Truffaut, Fernando Meirelles, Spike Lee, Orson Welles, bossa nova, eletrônico, Jammie Cullum, Franz Ferdinand, Frank Sinatra, Billie Holiday, Cartola, Elvis e… Alcione (adoro “a marrom”, ninguém é perfeito!).

Bom, na verdade o texto tinha umas 18 páginas (só para gosto musical, cinematográfico e literário iam umas boas 10).

Assim que terminei meu briefing de homem perfeito, não deu três dias ele apareceu. Dizem pra gente tomar cuidado com o que deseja, pois é. Trocamos alguns e-mails, telefonemas e, a identificação foi tanta que no dia do nosso primeiro encontro eu quase fui de vestido de noiva.

Ele escolheu o restaurante perfeito, me buscou na hora certa, usou o perfume certo, colocou o CD certo e disse todas as palavras certas, com direito a uma cultura invejável que calou a minha boca e me fez ter vergonha da minha listinha de músicas, filmes e livros.

Durante o jantar me fez rir o tempo todo, pediu o prato certo, o vinho certo, a sobremesa certa e, pra completar sua desenvoltura impecável, pagou tudo.

De volta ao carro ele abriu a porta para mim, me deixou comandar o ar-condicionado, mas não me deixou comandar a discotecagem, afinal, homem precisa ser só meio comandado: totalmente comandado é coisa de fraco e nada comandado é coisa de grosseiro. Perfeito!
Me deixou na porta de casa, desceu do carro comigo, me acompanhou até o elevador. Me deu um beijinho carinhoso, mas não tentou me agarrar, afinal, mistério para o próximo encontro é perfeito.

No dia seguinte, logo pela manhã, me mandou flores.

Sim, finalmente eu havia encontrado o homem briefing, ele existia, ele podia ser meu.

Só continuo solteira porque, infelizmente, nunca mais quis falar com ele. Que cara chato!

sexta-feira, novembro 16, 2007

::: Pra que se vive? :::
Tati Bernardi

Sempre me perguntei pra que se vive, afinal. Quando eu era criança achava que eu vivia porque assim meus pais queriam. Me colocaram no mundo, me deram de comer, me compraram arquinhos de cabelo que combinavam com o vestidinho. Me entucharam de brinquedos e de alertas. O mínimo que eu podia fazer por eles era seguir respirando, acordando, passando fio dental, indo ao banheiro pelo menos depois de comer ameixa.

Depois, quando eu era adolescente, achei que a gente vivia para gostar de alguém. Se tivesse ao menos um garoto bonitinho na escola, valia a pena acordar cedo. Se tivesse ao menos um garoto bonitinho no inglês, valia a pena abrir mão da sonequinha da tarde. Se tivesse ao menos um garoto bonitinho irmão de uma amiga, valia a pena encher o saco da minha mãe para dormir na casa da amiga. Só podia ser isso! Ou se vive pra estudar matemática? Geografia? Comer legumes? Não podia ser. A única coisa que podia ser, era viver pra sentir o coração disparar por qualquer garotinho bonitinho. De preferência um que tivesse sardinhas no rosto ou furinho no queixo.

No final da adolescência, eu comecei a achar que se vivia pra ser alguém. Entrar na faculdade. Arrumar um emprego. Ser alguém. Fiz tudo isso. Entrei na faculdade. Arrumei 456 empregos os quais larguei 456 vezes. E nesse tempo todo fui vários “alguém” e nenhum alguém 456 vezes. Porque ser alguém não tem nada a ver com essa vontade desesperada de ser alguém. E continuei sem saber afinal para o que se vive. Porque a faculdade e o deslumbre com os primeiros dias de trabalho são espaços curtos demais para uma vida inteira. Não se vive exclusivamente pra isso. Não se vive pra pegar trânsito, ter um chefe que tira uma vírgula sua e coloca em outro lugar só pra mostrar que é seu chefe. Não se vive pra bater cartão e pagar self-service com Visa Vale.

Definitivamente não se vive pra isso. E lá ia eu pedir demissão pra tentar descobrir pra que se vive. Será que para salvar as criancinhas, o planeta, os animaizinhos, os aposentados, as árvores, as praias, as formigas? Não, não se vive pra mudar o mundo, o bairro, meu quarto. Porque a gente não muda nem o jeito de escovar os dentes. Essa é a verdade.

Daí achei que vivemos para fazer o que gostamos e ponto final. Como se fosse uma missão para a qual Deus nos enviou. E a minha era escrever, escrever, escrever. Programas de TV, colunas em revistas, novelas, livros, filmes. Tudo. Eu vivia para ter sucesso nisso. E então vim trabalhar em casa e mergulhei nisso da maneira desajeitada de sempre. Mas descobri que comer a Gisele Bundchen numa ilha deserta é o mesmo que punheta. Que graça tem lançar um livro se você não tem amigos pra ligar e falar “porra, cara, vou lançar um livro!”. Nenhuma.

Aí achei então que se vive para as pessoas. Se você tem dez pessoas de quem gosta muito, taí um motivo para se viver. E eu gostava mais ou menos disso: de dez pessoas. E vivia para isso. Para no final do dia tomar um vinho com uma dessas pessoas e brindar o mistério que é não saber pra que se vive. E eu e minhas dez pessoas viveríamos bem até os últimos dias...Mas não é bem assim que funciona, vocês sabem. As pessoas casam, mudam de pais, resolvem ficar chatas, resolvem te achar chata, resolvem não beber mais vinho. Infelizmente não se vive para as pessoas. E quanto mais os anos passam mais você descobre que as mil pessoas maravilhosas viram cem que viram dez que viram duas. E essas duas são insuportáveis, mas são as que sobraram. E você intercala as duas pra não se irritar em dobro.

Ahhh tudo é tão chato, não é mesmo? Foi então que descobri que talvez se viva para dormir. Comprei uma cama gostosa, colchão bom, enchi de almofadas, colei borboletas na parede. Minha casa não tem telefone. Dormir, dormir, dormir. Para nunca mais pensar pra que se vive. E quem disse que dá certo? Eu sonhava toda noite que percorria o mundo atrás da mesma pergunta. E sonhava com velhos sábios, meus coleguinhas do primário, minha professora de yoga, meu 456 ex namorados (definitivamente não se vive para nenhum deles, até porque se você faz isso, eles saem correndo rapidinho), meu avô, um rato morto, um assaltante, a novela das oito, sei lá. Eu percorria o mundo atrás da resposta. E acordava cansada e com mais sono. Esse negocio de dormir não resolve o problema de ninguém.

Aí um dia, depois de uma dessas noites de correr o cérebro, acordei com uma idéia fixa: nascemos pra gerar vida! Sim, eu precisava ser mãe. E fiquei obcecada pela idéia. Eu, um ser com a conta vermelha, sem papel higiênico e sem namorado, louca pra ser mãe. Mas não foi isso que minha mãe fez comigo? Achou que a razão da sua vida era ser mãe...bom, ela não é das pessoas mais felizes do mundo e eu não sou das pessoas mais bem resolvidas do mundo por ser o centro da vida dela. Não, não se vive para ser mãe. É lindo ser mãe, mas não pode ser a única coisa da vida de um ser.

E segui procurando. Talvez a gente viva pra conhecer o mundo, pra andar numa motoquinha em Paris, pra ouvir todas as músicas lindas, pra ler todos os livros bons, pra fazer sexo com amor, pra sair dando pra meio mundo, pra pagar os pecados, pra dançar, pra quebrar o pau com todo mundo, pra ser superficial ou leve e adorar todo mundo como se fosse possível viver em paz aceitando todos e sendo aceita. Pra malhar a bunda, pra chorar num concerto no Teatro Municipal, pra comer um doce, pra ver o Wagner Moura com aquela cara de macho, pra assistir “Love in the Afternoon” do Billy Wilder, pra levar a Lolita no dentista de cachorros, pra olhar ele pela última vez que nunca é a última vez e chorar pela última vez que nunca é a última vez. Tudo isso? Nada disso? E segui procurando.

Então pra que? Pra quem? Por que? Por que acordo todos os dias? Se eu sinto prazer em escrever é para que alguém leia. Alguém que certamente vai me magoar um dia. E vai embora. Se eu ganho dinheiro é para comprar coisas que um dia vão acabar. Se eu rezo é para ter uma paz que daqui a pouco vai embora. Tudo vai embora. Todos vão embora. Se tudo acaba, então, meu Deus, pra que se vive? Pra que?

E nessa de tanto perguntar, não é que descobri! Eu acho, de verdade, do fundo da minha alma, que se vive única e exclusivamente para se viver.