terça-feira, dezembro 29, 2009

::: Frase do dia, do mês e do ano :::

Arthur Shopenhauer

"Amigo de todo o mundo não é amigo de ninguém."

segunda-feira, dezembro 28, 2009

::: Tudo Que Eu Falei Dormindo :::
Detonautas (Composição: Rodrigo Netto)

Aumenta o som do meu stereo
Que eu quero te levar a sério
Apaga a luz e chega perto
Pra eu te mostrar os meus segredos
Você dormiu sem me dizer as coisas boas do seu dia
E eu saí sem te contar que o que importa nessa vida
É só deixar rolar e sempre...é só deixar rolar

E no meu corpo ainda sinto o seu perfume
O resultado do nosso confronto
E se para os outros já não faz sentido
Eu continuo tentando insistindo
Você dormiu sem me dizer as coisas boas do seu dia
E eu saí sem te contar que o que importa nessa vida
É só deixar rolar e sempre...é só deixar rolar

Sei lá tudo pode parecer estranho
Sei lá tudo pode parecer a todo tempo de verdade

E tudo o que eu falei dormindo
Eu sempre quis dizer de dia
Invento artifícios para nunca te perder
Eu não vou te perder...

domingo, dezembro 20, 2009

::: Você é a média das cinco pessoas com as quais passa mais tempo :::
Aldo Novak

Quando o novo ano se aproxima, costumamos decidir o que vamos mudar, em nossas vidas. Se fizermos do modo certo, conseguimos. Caso contrário, repetimos os mesmos desejos no ano seguinte.

Recentemente, estive por mais de uma hora sendo entrevistado por Ralph Peter participei do programa Todo Seu, de Ronnie Von, além do Em Forma, com Solange Frasão. Em todos os casos fui perguntado como criar um ano maravilhoso. Entre as sugestões que dei, uma provocou vários e-mails questionando-me: disse que você deve cercar-se de pessoas que sejam positivas e que apóiem seus sonhos, sua vontade de mudar e realizar.

Por que? Porque nossa força, nossa felicidade e nossa completude residem sempre nas pessoas que nos cercam e com as quais dividimos nossa vida.Se você escolher a pessoa errada para dividir sua vida, seus sonhos e seus projetos, ficará tudo igual. Porque o futuro só muda para quem quer mudar o futuro, caso contrário será apenas uma eterna repetição do presente. Com mais cabelos brancos, mas ainda assim, uma repetição.

Você é a média das pessoas com as quais passa mais tempo. Como são? Olhe para elas, porque é assim que você será, no futuro. Somos a média emocional, financeira, espiritual e de qualidade de vida das cinco pessoas com as quais passamos mais tempo. Se você tem que ficar ao lado de uma delas, negativa, tente compensar com outras quatro, positivas. Isso já ajuda muito!
Agora, pense comigo e responda francamente:
Quais serão as pessoas das quais você vai aproximar-se, este ano? Quais serão aquelas das quais você, lenta e gentilmente, vai se afastar?

quinta-feira, dezembro 03, 2009

::: O Amanhã :::
Detonautas

Quando vem o amanhã
incerto
a certeza me faz ver o inverso
já não tenho mesmo medo de me repetir
a verdade disso tudo é o que me faz seguir

Não vou mudar em vão
Pra que mentir
Se os dias vem e vão
e não me vejo aqui

Passo a passo vou na forma
Descompasso acelerando
A noite toda 24 horas
não me fazem crer
Que a vida inteira num segundo
Na maneira que esse mundo imundo
De poeira me fez perceber
Que tudo não passou de um sonho
Todo tolo e o consolo é perceber que o amanhã existe
E que eu posso ser feliz sem me entregar.

segunda-feira, novembro 30, 2009

::: Lula, o Filho do Brasil :::
Recebi por e-mail, desconheço o autor

O filme Lula, o Filho do Brasil faz parte de um projeto de bajulação e de endeusamento do atual presidente da República, o que, às vésperas das eleições de 2010, pode ser uma eficiente propaganda política.

"Lula, o Filho do Brasil, a cinebiografia que estreará nos cinemas no começo do próximo ano, é o primeiro filme de ficção sobre a vida do presidente. A LC Barreto, responsável pelo projeto, enviará 500 cópias ao circuito comercial – o maior lançamento da história do cinema brasileiro. As centrais sindicais, como a CUT e a Força Sindical, planejam projetar a fita para espectadores das áreas mais pobres do país. Os trabalhadores sindicalizados poderão comprar ingressos subsidiados a 5 reais. As estimativas mais conservadoras indicam que, somente nas salas comerciais, 5 milhões de pessoas assistirão ao longa. É pouco diante do que se seguirá. O DVD do filme será lançado no dia 1º de maio, feriado do trabalhador. Em seguida, a Rede Globo levará a fita ao ar, editada como uma minissérie. Ao final, se essa ambiciosa estratégia de distribuição funcionar, Luiz Inácio, o homem que fez história, dará um salto rumo a Luiz Inácio, o mito. Esse mito paira acima do bem e do mal, mas estará dizendo o que é certo e o que é errado na campanha eleitoral de 2010. Por fazer parte de um projeto de beatificação do personagem com vista a servir de propaganda eleitoral disfarçada de entretenimento na próxima campanha, Lula, o Filho do Brasil parece coisa de marqueteiro." (revista VEJA)

Verdades e mentiras do filme

Para fazer o filme, o diretor Fábio Barreto baseou-se nas histórias contidas em uma biografia do presidente Lula, escrita pela jornalista Denise Paraná. Claro que, no filme, o diretor, omitiu episódios da vida de Lula que pudesse apresentá-lo como um fraco, na verdade, como um ser humano comum, e pintou com tintas fortes o momentos em que Lula pode ser apresentado como herói, um ser perfeito. Veja alguns fatos citdos pela revista VEJA, em sua última edição.

No filme - O pai de Lula lhe dá um tapa e,depois,avança para cima de Dona Lindu, mãe de Lula, mas é contido pelo filho, que esbraveja heroicamente com o pai: "Homem não bate em mulher". O pai, envergonhado, abaixa as mãos.

O fato - Na verdade, Lula, quando era criança, presenciou um acesso de fúria de seu Aristides, seu pai, que bateu em Dona Lindu, sua mãe, com uma mangueira. Lula também quase apanhou do pai, mas Dona Lindu impediu a agressão. Portanto, foi Dona Lindu que salvou o filho da surra, e não o inverso, como está no filme.

No filme - Impressionada com o notável desempanho de Lula na escola, sua professora, Dona Terezinha, visita Dona Lindu e se oferece para adotar o menino "de papel passado". Diz a professora: "A senhora não quer que ele seja alguém?". Dona Lindu responde, com aquela altivez que só se vê em filme e novela: "Ele já é alguém. Ele é Luiz Inácio". Que lindo! Tremenda mentira.

O fato - Quando Lula ainda morava em Santos e cursava a 2.ª série primária, sua mãe, Dona Lindu, como todo brasileiro típico, que não sossega o facho em lugar nenhum, quis mudar-se para São Paulo. Dona Terezinha, a professora de Lula, apenas insinuou que adotaria o menino para que ele pudesse continuar os estudos em Santos. Dona Lindu não topou.

No filme - Ao ver um linchamento de um diretor da fábrica, Lula diz ao irmão sindicalista: "Ele também é um trabalhador".

O fato - Durante uma greve, um diretor da fábrica atirou em um operário. Os grevistas, revoltados, o jogaram da janela e o espancaram com selvageria. Lula, que viu a cena, apenas comentou: "Eu achava que o pessoal estava fazendo justiça".

No filme - Lula, ao tomar conhecimento da existência de corrupção no Sindicato dos Metalúrgicos, fica indignado e cobra, veementemente, o afastamento do presidente da entidade.

O fato - Não há nenhuma referência disso na biografia de Lula. A cena provavelmente foi inventada por Fábio Barreto para valorizar o protagonista.

QUEM PAGOU PELO FILME?
Vamos, agora, ao lado prático da coisa. Quem pagou por tudo isso? Segundo a revista VEJA, o filme foi patrocinado e apoiado por um grupo de empresas, a maioria delas com negócios com o governo, que doou 10,8 milhões de reais. Veja a relação abaixo.

AmBev – Em 2005, o BNDES destinou 319 milhões de reais para a empresa de bebidas.
Camargo Corrêa – A construtora participa das obras do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, tendo recebido, em 2008, 102,7 milhões de reais.
CPFL Energia – O controle da distribuidora de energia está dividido entre a Camargo Corrêa, o BNDES e fundos de pensão de estatais.
EBX – Os empréstimos feitos pelo BNDES às empresas de Eike Batista ultrapassam 3 bilhões de reais só neste ano.
GDF Suez – A empresa faz parte do consórcio responsável pelas obras da hidrelétrica de Jirau e recebeu do BNDES empréstimo de 7,2 bilhões de reais.
Grendene – O BNDES aprovou, em 2008, financiamento de 314 milhões de reais para a aquisição total do controle acionário da Calçados Azaléia pela Vulcabrás dos mesmos controladores da Grendene.
Hyundai – Em 2007, o governo federal deu uma mãozinha para a implantação da fábrica da montadora em Goiás.
Neoenergia – O Banco do Brasil e a Previ (fundo de pensão dos funcionários do BB) detêm, juntos, 61% da companhia. Em 2008, o BNDES aprovou crédito superior a 600 milhões de reais para a construção de usinas pelo grupo.
OAS – Foi uma das financiadoras da campanha de reeleição de Lula. Participa das obras do PAC, tendo recebido, em 2007, 107 milhões de reais.
Odebrecht – Venceu em 2007, em parceria com a estatal Furnas, a licitação para a construção da usina de Santo Antônio, no Rio Madeira. O valor do investimento foi definido em 9,5 bilhões de reais, com 75% do total financiado pelo BNDES.
Oi – O BNDES aprovou, na semana passada, financiamento de 4,4 bilhões de reais, o maior valor já concedido para uma empresa de telecomunicações. Desde a aquisição da Brasil Telecom (BrT), bancos públicos já aprovaram empréstimos de mais de 11 bilhões de reais ao grupo Oi. O BNDES e a Previ têm participação no bloco de controle da companhia de telefonia.
Volkswagen – Tem contrato com o governo para o programa Caminho da Escola para a renovação da frota de ônibus escolares. Em agosto, entregou o primeiro lote de 1 100 veículos, pelo qual recebeu 223 milhões de reais.


Em janeiro, o filme deve estar em cartaz nos cinemas. Se você for o feliz beneficiado do BOLSA CINEMA, que o goberno de Lula pretende implantar no ano que vem, poderá ver essa "superprodução" por um preço bem pequeno ou até de graça. Você poderá, também, aguardar o DVD, que deverá ser lançado em 2010. Mas não espere cópia pirata. Acho que ninguém vai ter coragem de piratear essa droga.

Eu, de minha parte, não vou ver esse filme. Vou esperar a cinebiografia da Dilma, que deverá ser muito mais emocionante. Por exemplo, como será que vão reconstituiir no cinema a cena do roubo do cofre de Ademar de Barros? Vamos aguardar.

quinta-feira, novembro 26, 2009

::: O Inferno São Os Outros :::
Detonautas

O que seria da tua beleza
se eu fechasse os meus olhos para você?
Do que adiantaria essa tua ideologia
se a tua própria liberdade se transformasse em opressão?

Escute o meu silêncio

Talvez você nem tenha percebido
que eu te quis também
Se ao menos eu pudesse te mostrar
que o inferno são os outros

Você não quis me escutar
e o tempo não parou

Vou sair pra ver o sol
Vou mentir e dizer que não sou feliz
Vou sair pra ver o sol
Deixo a porta aberta se quiser voltar
mas saiba que eu também consigo viver só

A solidão quem me ensinou a ser mais forte
E a qualquer lugar eu vou sem medo

Você não quis me escutar
e o tempo não parou

sexta-feira, novembro 20, 2009

::: Antes que você se vá :::
Verônica H.

Se sua partida é mesmo inevitável, se seu sonho é mesmo indispensável, se sua vida é mesmo impenetrável, vá logo de uma vez. Não permita que eu me apegue e faça planos, não me deixe crer no que não há verdade. Vá antes de borrar minha maquiagem, ferir minha coragem, antes que eu jogue meus instintos de sobrevivência definitivamente pela janela do prédio como se não me importassem mais sentimentos próprios. Não provoque meus medos, não confunda meu discernimento e não destrua meu equilíbrio. Apenas vá. Leve tudo o que é seu para que a lembrança não perfure meu sorriso cheio de lágrimas. Não me deixe criar um relacionamento individual onde eu sou todos os personagens e nenhum enquanto você é a plateia, única, que faz questão de não aplaudir minhas fragilidades teatrais. Você que preenche minhas lacunas de medo e cinco minutos de vida, deve ter um longo caminho de volta pro seu ser, enquanto eu sobrevivo de te esquecer daqui a pouco. Se minhas palavras embaralhadas confundem sua mente, nem peço lucidez. Já sei o quanto você gosta de estar entorpecido pra esquecer seus problemas ao invés de resolvê-los. Mas não ignore o que eu sou por não ter forças em me decifrar, não fuja antes de saber o que eu posso fazer pra te dar uma vida. Seu medo é de ser feliz? Então dividimos esse pavor doentio da alegria, podemos partilhar o pânico de sorrir até que a tristeza não faça mais sentido a dois.

Se sua partida é mesmo inevitável, se seu sonho é mesmo indispensável, se sua vida é mesmo impenetrável, ao menos arrisque me carregar junto de você.

quarta-feira, outubro 28, 2009

::: Dia do Flamenguista :::
Desconheço o autor

Cada brasileiro, vivo ou morto já foi Flamengo por um instante, por um dia., disse Nelson Rodrigues, fanático tricolor desprovido de vaidades clubísticas na hora de analisar futebol.

Hoje, 28 de outubro, é o dia do flamenguista. Hoje, 28 de outubro de 2009, é o dia que o Flamengo pode se tornar líder do campeonato Brasileiro. Hoje, como quase toda quarta-feira, é dia de 35 milhões de pessoas viverem por um só objetivo e outras 150 milhões torcerem contra.

Amanhã, como sempre, líder ou fora da briga, a capa dos jornais terá o tal do Flamengo.

Decidindo título, lá estarão milhares de torcedores, em outro estado, fazendo com que o tal do Flamengo jogue em casa quando deveria atuar fora. No sábado, onde todos brigam pela liderança, lá estará ele, de novo, jogando com 12, burlando o regulamento básico do futebol.

E se o time pipocar e perder o titulo novamente, não muda nada. Vão se revoltar, xingar, protestar e, daqui 3 meses, lá estarão eles fazendo juras de amor ao time num clássico qualquer pelo campeonato estadual, aquele que nem eles agüentam mais vencer.

O time mais inexplicável do planeta Terra, sem dúvida.

Não ganha o principal título nacional desde 1992. Lá se vão mais de 17 anos e a torcida diminui? Não, ela aumenta. Segundo pesquisa, a maior entre as crianças do país.

Quando ninguém dá nada pra eles, chegam e surpreendem a todos. Quando todos esperam muito, ele perde e decepciona sua nação.

Favorito em tudo que disputa, simplesmente pelo citado acima. Ninguém é capaz de saber o que esperar do Flamengo, nunca.

E quando eventualmente não tem um time capaz de ser campeão, a cobrança é como se tivesse. Ou seja, não existem jogadores no Flamengo. Existe o Flamengo e ponto final.

Única torcida do planeta que paga ingresso por 2 espetáculos. Um no campo, como todas elas, e outro que ela mesmo proporciona. O flamenguista vai ao Maracanã pra curtir o time, o jogo, o clima e a própria torcida. É único.

Talvez uma das raras torcidas do mundo que tenha dezenas de ídolos, mas que não há discussão sobre o maior. Existe o Zico e o resto. E o "resto" inclui, talvez, os dois melhores laterais que o mundo já viu em cores. Leandro e Junior.

A Nação rubro-negra não tem esse nome à toa. São 35 milhões de torcedores, e vejamos: A cidade mais populosa do mundo é Tóquio. E tem 34 milhões de pessoas. A maior do Brasil é são Paulo, com 19. O Flamengo, sozinho, tem 35. Se cobrasse impostos seria trilhardário. Não cobra, e vive devendo. Deve milhões, e isso não faz a menor diferença.

Ao contrário do amor que tanto exaltamos, este não vai embora quando o amado fica pobre. É amor de verdade, o mais puro que existe. Incondicional, este sim. Aquele que não analisa, que não raciocina, que não condiciona a nada. A nação poderia dizer, sem culpa: "Eu te amo, e pronto". Não interessa porque, como, quando e nem sob quais condições. É maior, é inexplicável.

Ser Flamengo é algo que não tem comparação. Eu não nasci assim, e nem ouso dizer se felizmente ou infelizmente.

Flamenguista é aquele sujeito que ama futebol acima do que ele o proporciona. Aquele que não troca amor por resultados, e que não condiciona sua preferência por um ou outro jogador. Por aí existe o Santos de Pelé, o São Paulo de Rogério Ceni, o Palmeiras de Ademir. Lá existe o Zico do Flamengo. A ordem é sempre inversa. Os valores são sempre diferentes.

Ser flamenguista não torna ninguém melhor do que os outros, nem pior. Diferente, sem dúvida. Ser maioria é algo que fortalece. É infinito, porque a nação não tem fim, e nem deixará de ser a maior torcida do país nos próximos 200 anos.

Odiar o Flamengo é absolutamente justificável. Qualquer um fica irritado em ganhar títulos e mais títulos e ver que a capa do jornal não muda de foto. É sempre a do Flamengo. Qualquer um se incomoda em saber que títulos e dívidas menores não conseguem sobrepor a importância de um clube que tem sua grandeza baseada em nada atual e concreto. É grande. Por quê? Porque é.

Pode existir algo maior do que o que não se explica? Entrar num Maracanã lotado e olhar pra aquela torcida é algo que apenas eles sabem o que é, o que significa e o quanto importa. "Torcida não ganha jogo", dizem. "Só se for a sua", eles dirão. Hoje é dia do flamenguista. Você não é Flamenguista? Que pena.

terça-feira, outubro 27, 2009

::: CUIDADO COM OS BURROS MOTIVADOS :::
(Entrevista com Roberto Shinyashiki)

A revista ISTO É publicou esta entrevista de Camilo Vannuchi. O entrevistado é Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome nacional e internacional. Em 'Heróis de Verdade', o escritor combate a supervalorização das aparências, diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima.

ISTO É - Quem são os heróis de verdade?

Roberto Shinyashiki -- Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes.E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu à pena, porque não conseguiu ter o carro, nem a casa maravilhosa. Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa, possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros.São pessoas que sabem pedir desculpas e admitiram que erraram.

ISTO É -O Sr. citaria exemplos?

Shinyashiki -- Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia. Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem. Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito '100% Jardim Irene'.É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes. O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana. Em países como o Japão, a Suécia e a Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata? Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher, que embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego, que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.

ISTO É -- Qual o resultado disso?

Shinyashiki -- Paranóia e depressão cada vez mais precoce. O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece. A única coisa que prepara uma criança para o futuro, é ela poder ser criança. Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos.. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas. Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.

ISTO É - Por quê?

Shinyashiki -- O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência. Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras. Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei-a na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.

ISTO É - Há um script estabelecido?

Shinyashiki -- Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um presidente de multinacional no programa 'O Aprendiz'? - Qual é seu defeito?
Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal:- Eu mergulho de cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar.
É exatamente o que o Chefe quer escutar. Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido? É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder. O vice-presidente de uma as maiores empresas do planeta me disse: 'Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir'. Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor!

ISTO É - Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?

Shinyashiki -Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência. Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função, para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão. Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso, para o qual eu não estava preparado. Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.

ISTO É - Está sobrando auto-estima?

Shinyashiki - Falta às pessoas a verdadeira auto-estima. Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa. Antes, o ter conseguia substituir o ser. O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom. Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser, nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer. As pessoas parecem que sabem, parece que fazem, parece que acreditam. E poucos são humildes para confessar que não sabem. Há muitas mulheres solitárias no Brasil, que preferem dizer que é melhor assim. Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.

ISTO É -Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?

Shinyashiki -Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis. Quem vai salvar o Brasil? O Lula. Quem vai salvar o time? O técnico. Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta.O problema é que eles não vão salvar nada! Tive um professor de filosofia que dizia: 'Quando você quiser entender a essência do serhumano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham'. Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo.A gente tem de parar de procurar super-heróis, porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.

ISTO É - O conceito muda quando a expectativa não se comprova?

Shinyashiki - Exatamente. A gente não é super-herói nem superfracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso. Hoje, as pessoas estão questionando o Lula, em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram. A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.

ISTO É - Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?

Shinyashiki -Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente. Há várias coisas que eu queria e não consegui.Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos. Com uma criança especial, eu aprendi que, ou eu a amo do jeito que ela é, ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse. Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo. O resto foram apostas e erros. Dia desses apostei na edição de um livro, que não deu certo. Um amigão me perguntou: 'Quem decidiu publicar esse livro?' Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.

ISTO É - Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?

Shinyashiki - O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três fraquezas: A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança. Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram. Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno. Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards. Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates. O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.

ISTO É - Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?

Shinyashiki - A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade... A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se eles não tivessem significados individuais. A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias. A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo. Por fim, a quarta loucura:Você tem de fazer as coisas do jeito certo. Jeito certo não existe.Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz, enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo à praia ou ao cinema.. Quando era recém-formado em São Paulo , trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz:'Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei à vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz'. Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.

quarta-feira, outubro 14, 2009

::: 60 DICAS DE UM RED-ATOR :::
Tenório Cavalcanti (escritor e trabalha como redator na Art Office/Curitiba)

1. Antes de pensar propaganda, entenda marketing. Antes de pensar marketing, entenda gestão empresarial, antes de pensar gestão empresarial, estude muito sobre gestão empresarial.

2. Quando você estiver achando que é muito bom, não peça aumento, peça demissão.

3. Antes de reclamar do salário, reclame de você para você.

4. Se você faz freelance enquanto trabalha numa agência é porque não ganha bem. Se você não ganha bem, faça por merecer ganhar mais.

5. Nunca abandone os clichês. Eles são um eterno material de pesquisa.

6. Toda ideia original é resultado da mistura ou transformação dos clichês.

7. Se sua maior qualidade é ser criativo, mude de ramo.

8. Recuse-se ir a reuniões quando não está preparado.

9. Nada que te deixa dopado acelera o processo criativo.

10. Fazer serão não é regra, é imposição da conveniência.

11. Quem sabe usar o tempo, faz menos serão.

12. Atendimento despreparado é sinônimo de pressão. Sinônimo de pressão é desespero. Sinônimo de desespero é prejuízo. Fim do ciclo.

13. Seu patrão é seu talento.

14. Seu ídolo é seu ideal.

15. Só baixe a cabeça pra fazer rough.

16. No varejo, tenha paciência. Na paz, passe para outro job.

17. Redator: quando estiver depressivo, escreva títulos sobre você.

18. Dir. de arte: quando estiver depressivo, faça um desenho sobre você.

19. Planejamento: quando estiver depressivo, planeje um amanhã melhor pra você.

20. Atendimento: quando estiver depressivo, suicide-se.

21. Você trabalha marcas. Pense em você como marca.

22. Para se conhecer melhor como publicitário, faça uma campanha sobre você mesmo.

23. A melhor defesa é uma boa defesa.

24. A melhor ideia não é a sua, é aquela da qual você se apropria.

25. Fofoca em agência é nova mídia.

26. Briga em agência é ação de guerrilha.

27. Criatividade não é virtude, é obrigação.

28. Não busque prêmio. Busque excelência. Excelência ganha prêmio.

29. Leve para a agência: um lápis e os valores da sua família.

30. Guarde o ego no coldre.

31. Pouca verba tem justificativa. Pouca criatividade não.

32. Quando sair de uma agência para outra, fale bem da anterior. Antes de sair da nova, fale a verdade para justificar a sua última saída.

33. Viaje além do baseado. Se você não fuma, gaste seu dinheiro viajando.

34. Se dizem que suas ideias valem ouro, peça comissão.

35. Público-alvo não segue tendências de propaganda.

36. Quem cria para publicitário é agência de agência. E olhe lá!

37. Em criação publicitária só há um limite: a tênue linha entre o criativo e o ridículo.

38. Se “em casa de ferreiro”… A agência vai mal.

39. Em terra de cego quem tem um olho é publicitário.

40. Não perca tempo buscando referências. Ganhe tempo buscando ser referência.

41. A propaganda que você vê na TV é um refluxo de mil ideias: ou reprovadas, ou empurradas na pressa, ou matematicamente calculadas para virar prêmio.

42. Faltou idéia? Pense ao contrário. Ainda falta? Saia da sala.

43. Compreenda as diversas filosofias e descubra que não vale a pena ter uma só.

44. Se só o Google te salva, mande seu currículo para lá.

45. Só tenha medo de riscos quando estiver desarmado.

46. O que diferencia uma pasta boa de uma ruim é o profissional que está segurando.

47. O melhor remédio para mau caráter é veneno.

48. Cem ideias e sem ideias é a mesma coisa quando não se tem uma solução para o problema.

49. Seja iconoclasta das suas próprias ideias.

50. Melhor que ter um perfil de publicitário, é ser um publicitário novo a cada trabalho.

51. Criação: entenda mais de atendimento que o atendimento.

52. Atendimento: entenda mais de criação que o pessoal da criação.

53. Melhor que ter mil ideias é ter uma solução.

54. Estude casos de sucesso e, principalmente, de insucesso, para saber como não agir.

55. Antes de jogar o briefing na criação, faça um briefing do briefing e jogue na criação.

56. Antes de exigir rapidez, explique devagar qualquer que seja o processo.

57. Melhor do que saber dar um não é saber para dar um sim.

58. Planeje suas folgas. Cultura de trabalho escravo é para quem gosta de ser escravo.

59. Vista a camisa da empresa – por baixo do seu blazer.

60. Vai chegar um momento em que você vai cansar e achar tudo isso muito patético. Parabéns, você é um publicitário de verdade.

terça-feira, outubro 13, 2009

::: Almost Lover :::
A Fine Frenzy

Your fingertips across my skin
The palm trees swaying in the wind
Images

You sang me Spanish lullabies
The sweetest sadness in your eyes
Clever trick

I never wanna see you unhappy
I thought you'd want the same for me

Goodbye, my almost lover
Goodbye, my hopeless dream
I'm trying not to think about you
Can't you just let me be?
So long, my luckless romance
My back is turned on you
Should I known you'd bring me heartache?
Almost lovers always do


We walked along a crowded street
You took my hand and danced with me
Images

And when you left you kissed my lips
You told me you'd never ever forget these images, no

I never wanna see you unhappy
I thought you'd want the same for me

Goodbye, my almost lover
Goodbye, my hopeless dream
I'm trying not to think about you
Can't you just let me be?
So long, my luckless romance
My back is turned on you
Should I known you'd bring me heartache?
Almost lovers always do

I cannot go to the ocean
I cannot drive the streets at night
I cannot wake up in the morning
Without you on my mind
So you're gone and I'm haunted
And I bet you're just fine
Did I make it that easy for you
To walk right in and out of my life?

Goodbye, my almost lover
Goodbye, my hopeless dream
I'm trying not to think about you
Can't you just let me be?
So long, my luckless romance
My back is turned on you
Should I known you'd bring me heartache?
Almost lovers always do

sexta-feira, outubro 09, 2009

::: A escola dos meus sonhos :::
Denise Fraga

Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Orleans e Bragança. Não sei por que, mas nunca mais me esqueci do nome inteiro da princesa Isabel. Entra ano, sai ano, e ele continua na minha cabeça. Pra que serve saber o nome todo da princesa Isabel? Pra nada. A não ser para dizer aos seus amigos que você o sabe ainda aos 44 anos, mesmo o tendo decorado aos 11. E por que o decorei? Sei lá. Lembro do nome inteiro da princesa Isabel, mas sou incapaz de me lembrar por que o tenho na cabeça. Coisinha ainda desconhecida esse nosso cérebro, não? Mas me lembro que foi na escola. Também sei ainda de cor algumas datas da História do Brasil, algumas capitais, a tabuada e, curiosamente, algumas palavras ainda flutuam em minha mente, completamente desvinculadas do seu significado. Logaritmo, por exemplo. Não tenho mais a menor ideia do que seja logaritmo.

Quando vejo agora meus pequenos às voltas com suas intermináveis lições, nunca deixo de pensar, muito secretamente, qual será a exata serventia de todas essas coisas que ainda se ensinam nas escolas. Sei que lá também se aprende regras de convivência, raciocínio lógico etc. e tal, mas será que não existem coisas mais “inesquecíveis por natureza” para ocupar, por exemplo, o lugar das cadeias de carbono e hidrogênio? Nunca vi serventia pra tal quebra-cabeça, a não ser aumentar minha preguiça à aula de Química. E quebra-cabeça por quebra-cabeça, um jogo de xadrez talvez ensinasse tanto quanto. É provável que existam pessoas que adoravam as aulas de Química, independente de, como eu, terem seguido carreiras bem distantes dos laboratórios, mas não consigo deixar de pensar que, se ensinassem Investigação de Pequenas Alegrias no lugar de Química, e deixassem a Química pra quem quisesse trabalhar com ela algum dia, o mundo seria melhor até pros químicos. Em vez de Química 3, apenas um ano de Química para conhecimento geral e vários anos de Exercício do Diálogo, por exemplo. Utopia. Mas que gostaríamos mais de ir à escola se nos ensinassem coisas que pudéssemos aplicar imediatamente em nosso dia a dia e durante toda a vida, lá isso é verdade. Simplesmente por necessidade, não deletaríamos instantaneamente de nossa memória o que tínhamos acabado de estudar pra prova. Provavelmente, nem estudaríamos pra prova.

Na escola dos meus sonhos, teria matemática para o raciocínio lógico, xadrez para o raciocínio projetado, esgrima para a leveza e rapidez dos reflexos, história contada em histórias, línguas, interpretação de texto, esportes, muitas idas ao teatro, ao cinema, literatura e arte em geral para a compreensão poética do mundo. Apenas um ou dois professores, muito bem preparados e que ganhassem muito, muito bem para levar nossos filhos a andar pela cidade visitando bairros, fábricas, hospitais, conhecendo profissões, observando e apreendendo o mundo. Duas vezes por semana, aula de Compreensão da Imperfeição Humana. Total utopia. Nossa bandeira leva até hoje um “Ordem e Progresso” retirado da linda frase da doutrina positivista: “O amor por princípio, a ordem como meio e o progresso por fim”. Simplesmente, um dia, alguém achou que não teria problema tirar o amor e deixar só o ordem e progresso. Talvez tenha sido até por falta de espaço. Tiraram “só” o amor! A frase positivista eu não aprendi na escola, mas sei nosso imenso hino de cor, quantas estrelas temos na bandeira e o nome da princesa Isabel. Ah! Na escola dos meus sonhos, teria também uma matéria chamada Amor por Princípio. Perdoem-me. Só utopia.

quarta-feira, setembro 30, 2009

::: Lucky :::
Colbie Caillat e Jason Mraz

Do you hear me? I'm talking to you
Across the water across the deep blue ocean
Under the open sky oh my, baby I'm trying

Boy I hear you in my dreams
I fell your whisper across the sea
I keep you with me in my heart
You make it easier when life gets hard

I'm lucky I'm in love with my best friend
Lucky to have been where I have been
Lucky to be coming home again

They don't know how long it takes
Waiting for a love like this

Every time we say goodbye
I wish we had one more kiss
I wait for you I promise you, I will

I'm lucky I'm in love with my best friend
Lucky to have been where I have been
Lucky to be coming home again
I'm lucky we're in love every way
Lucky to have stayed where we have stayed
Lucky to be coming home someday

And so I'm sailing through the sea
To an island where we'll meet
You'll hear the music, feell the air
I put a flower in your hair

And though the breeze is through the trees
Move so pretty you're all I see
As the world keeps spinning round
You hold me right here right now


I'm lucky I'm in love with my best friend
Lucky to have been where I have been
Lucky to be coming home again
I'm lucky we're in love every way
Lucky to have stayed where we have stayed
Lucky to be coming home someday

domingo, setembro 27, 2009

Linda essa frase
(não achei o autor)

"Se eu adormecer não me acorde. Deita ao meu lado, segura minha mão e entra no meu sonho."
::: Saudade :::
Caio F. Abreu

Desfiou a barra mal costurada em seu coração. Desfiou e retirou dali cada ponto grosseiro, desalinhado, assimétrico que tinha feito. Era tanto desencanto para desfiar que ali passou por três dias sem mais nada fazer... E sorriu (nada mais lhe parecia certo naquele momento). Costurou então seu coração com palavras macias, gracejos, carinho na ponta dos dedos do pé, beijos na nuca, mãos que circundavam a cintura, com as canções mais bonitas, meias listradas. O seu coração então encheu-se de cor...'

Eu vou embora sozinha. Eu tenho um sonho, eu tenho um destino, e se bater o carro e arrebentar a cara toda saindo daqui. Continua tudo certo. Fora da roda, montada na minha loucura. Dá minha jaqueta, boy, que faz um puta frio lá fora e quando chega essa hora da noite eu me desencanto. Viro outra vez aquilo que sou todo dia, fechada sozinha perdida no meu quarto, longe da roda e de tudo: uma criança assustada

É uma coisa que me dói muito, esses seus silêncios. Sei - claro - que você deve ter problemas bastante sérios, mas uma carta de vez em quando não custa nada e, às vezes - quem sabe? Talvez a gente pudesse ajudar. Penso, com mágoa, que o relacionamento da gente sempre foi unilateral, sei lá, não quero ser injusto nem nada - apenas me ferem muito esses teus silêncios. A sensação que tenho é que você simplesmente não está a fim de transar muito - e cada vez que tomo a iniciativa de escrever é sempre meio tolhido, sem naturalidade, com medo de incomodar, de ser indesejável. Não é uma coisa agradável. Seja como for, continuo gostando muito de você - da mesma forma -, você está quase sempre perto de mim, quase sempre presente em memórias, lembranças, estórias que conto às vezes, saudade. E se é verdade que o tempo não volta, também deveria ser verdade que os amigos não se perdem.

Substituímos expressões fatais como “não resistirei” por outras mais mansas, como “sei que vai passar”. Esse é o nosso jeito de continuar.

segunda-feira, setembro 14, 2009

::: Folhetim :::
Luiza Possi

Se acaso me quiseres
Sou dessas mulheres
Que só dizem sim
Por uma coisa à toa
Uma noitada boa
Um cinema, um botequim

E, se tiveres renda
Aceito uma prenda
Qualquer coisa assim
Como uma pedra falsa
Um sonho de valsa
Ou um corte de cetim

E eu te farei as vontades
Direi meias verdades
Sempre à meia luz
E te farei, vaidoso, supor
Que és o maior e que me possuis

Mas na manhã seguinte
Não conta até vinte
Te afasta de mim
Pois já não vales nada
És página virada
Descartada do meu folhetim

domingo, setembro 13, 2009

::: Detalhes :::
Roberto Carlos

Não adianta nem tentar
Me esquecer
Durante muito tempo
Em sua vida
Eu vou viver...

Detalhes tão pequenos
De nós dois
São coisas muito grandes
Prá esquecer
E a toda hora vão
Estar presentes
Você vai ver...

Se um outro cabeludo
Aparecer na sua rua
E isto lhe trouxer
Saudades minhas
A culpa é sua...

O ronco barulhento
Do seu carro
A velha calça desbotada
Ou coisa assim
Imediatamente você vai
Lembrar de mim...

Eu sei que um outro
Deve estar falando
Ao seu ouvido
Palavras de amor
Como eu falei
Mas eu duvido!
Duvido que ele tenha
Tanto amor
E até os erros
Do meu português ruim
E nessa hora você vai
Lembrar de mim...

A noite envolvida
No silêncio do seu quarto
Antes de dormir você procura
O meu retrato
Mas da moldura não sou eu
Quem lhe sorri
Mas você vê o meu sorriso
Mesmo assim
E tudo isso vai fazer você
Lembrar de mim...

Se alguém tocar
Seu corpo como eu
Não diga nada
Não vá dizer
Meu nome sem querer
À pessoa errada...

Pensando ter amor
Nesse momento
Desesperada você
Tenta até o fim
E até nesse momento você vai
Lembrar de mim...

Eu sei que esses detalhes
Vão sumir na longa estrada
Do tempo que transforma
Todo amor em quase nada
Mas "quase"
Também é mais um detalhe
Um grande amor
Não vai morrer assim
Por isso
De vez em quando você vai
Vai lembrar de mim...

sábado, setembro 05, 2009

::: Me Adora :::
Pitty

Tantas decepções eu já vivi
Aquela foi de longe a mais cruel
Um silêncio profundo e declarei:
“Só não desonre o meu nome”

Você que nem me ouve até o fim
Injustamente julga por prazer
Cuidado quando for falar de mim
E não desonre o meu nome

Será que eu já posso enlouquecer?
Ou devo apenas sorrir?
Não sei mais o que eu tenho que fazer
Pra você admitir

Que você me adora
Que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber
Que você me adora
Que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber

Perceba que não tem como saber
São só os seus palpites na sua mão
Sou mais do que o seu olho pode ver
Então não desonre o meu nome

Não importa se eu não sou o que você quer
Não é minha culpa a sua projeção
Aceito a apatia, se vier
Mas não desonre o meu nome

sexta-feira, agosto 21, 2009

::: Depois que você me mandou limpar os óculos :::
Tati Bernardi

A mesa rodava, as luzes insistiam, os barulhos iam cessando como um prêmio e as pessoas tentavam me aquecer. Eu sabia que estava sendo amada, talvez como nunca em toda a minha vida. Mas só tinha olhos para os pêlos do seu braço. Eu olhava como quem não olha e me dizia baixinho: olha eles lá, olha lá os pêlos que eu tanto amo sem mais e sem fim.

Matei finalmente a saudade do seu dedão. Seu dedão meio largo, meio torto, com a unha que preenche todo o dedão. Eu amo o seu dedão, amo sua unha meio roxa, amo a semicircunferência branca que sai da sua cutícula e vai até o meio da sua unha, amo a sua mão delicada que sai de um braço firme. Amo que os pêlos da sua mão pareçam meio penteados de lado.

É isso, sei lá, mas acho que amo você. Amo de todas as maneiras possíveis. Sem pressa, como se só saber que você existe já me bastasse. Sem peito, como se só existisse você no mundo e eu pudesse morrer sem o seu ar. Sem idade, porque a mesma vontade que eu tenho de te comer no banheiro eu tenho de passear de mãos dadas com você empurrando nossos bisnetos.

E por fim te amo até sem amor, como se isso tudo fosse tão grande, tão grande, tão absurdo, que quase não é. Eu te amo de um jeito tão impossível que é como se eu nem te amasse. E aí eu desencano desse amor, de tanto que eu encano.

Ninguém acredita na gente: nenhum cartomante, nenhum pai-de-santo, nenhuma terapeuta, nenhum parente, nenhum amigo, nenhum e-mail, nenhuma mensagem de texto, nenhum rastro, nenhuma reza, nenhuma fofoca e, principalmente (ou infelizmente): nem você.

Mas eu te amo também do jeito mais óbvio de todos: eu te amo burra. Estúpida. Cega. E eu acredito na gente. Eu acredito que ainda vou voltar a pisar naqueles cocôs da sua rua, naquelas pocinhas da sua rua, naquelas florzinhas amarelas da sua rua, naquele cheiro de família bacana e limpinha da sua rua. Como eu queria dobrar aquela esquininha com você, de mãos dadas com os pêlos penteados de lado da sua mão.

Outro dia me peguei pensando que entre dobrar aquela esquininha da sua rua e ganhar na mega-sena acumulada, eu preferia a esquininha. A esquininha que você dobrou quando saiu da casa dos seus pais, a esquininha que você dobrou chorando, porque é mesmo o cúmulo alguém não te amar. A esquininha que você dobrou a vida inteira, indo para a faculdade, para a casa dos seus amigos, para a praia. Eu amo a sua esquininha, eu amo a sua vida e eu amo tudo o que é seu.
Amo você, mesmo sem você me amar. Amo seus rompantes em me devorar com os olhos e amo o nada que sempre vem depois disso. Amo seu nada, apenas porque o seu nada também é seu.

Amo tanto, tanto, tanto, que te deixo em paz. Deixo você se virando sozinho, se dobrando sozinho. Virando e dobrando a sua esquininha. Afinal, por ela você também passou quando não me quis mais, quando não quis mais a minha mão pequena querendo ser embalsamada eternamente ao seu lado.

quarta-feira, agosto 19, 2009

::: Uma Carta :::
Ls Jack

Coloquei uma carta numa velha garrafa,
Mas uma carta de solidão,
Coloquei uma carta, um pedido da alma,
Salvem meu coração...


Essas areias que me sujam os pés,
Esse é o meu chão mais uma vez,
Há muitas luas nessa ilha tão só,

Será que ao menos um navio eu vou ver?
E alguma civilização?
E a cada dia sobe mais a maré...

Alguém aí?
Me devolva o amor que você tirou de mim no fim,
Alguém aí?
Vou queimando no sol a esperança de te ter aqui,
Bem aqui.

segunda-feira, agosto 03, 2009

::: Reflexão para a mulher solteira! :::
Joana Novaes

Regra básica, número 1: uma lição que a psicanálise nos ensina e que poderia ser estendida aos mais diversos aspectos da nossa vida cotidiana é que a falta cria o desejo. Trocando em miúdos, meninas: deixem sentir a sua falta, por mais que a ansiedade sirva de tentação para se fazer presente a todo o instante. Não há nada menos atraente que não deixarmos que sintam saudade da gente. Sobretudo, quando esta saudade refere-se ao homem que acabamos de conhecer.

Sejamos pragmáticas: se estivermos dispostas a correr o risco de satisfazer o nosso desejo e não vê-lo mais por um bom tempo, então, não há nada demais em ir atrás do sujeito. Se, por um lado, não podemos negar a singularidade de cada encontro, também não podemos negar que a modernidade não chegou ao psiquismo de muitos de nós: quer seja nos homens, que continuam a sentir-se ameaçados quando confrontados com mulheres que afirmam de maneira mais contundente e agressiva o seu desejo, parecendo-lhes dessa forma tirar-lhes o poder da conquista, quer seja pelo fato de muitas mulheres ainda acalentarem o desejo de encontraram o príncipe encantado que baterá à sua porta.

Portanto, prestem atenção para não serem contraditórias. Façam suas escolhas de forma consciente, de maneira que suas atitudes espelhem o que realmente querem.

Mas o que isto tudo tem a ver com saber se ele está ou não afim? É simples: homem que se perdeu não merece ser achado!

Quando estamos interessados, procuramos ter notícia, marcamos territórios, pois somos bastante temerosos que invadam o nosso espaço até sabermos que já o conquistamos. Portanto, se não existe este zelo inicial, traduzido em ligações feitas com certa antecedência para garantir que não nos comprometeremos com outra pessoa, ou então pequenas gentilezas, que servem para que lembremos do outro a todo instante - então, certamente, devemos desconfiar da natureza e da intensidade deste interesse.

Somos naturalmente competitivos para ganhar e competir pelo afeto alheio. Se a importância de nossa companhia não é (re) afirmada no início de nossos relacionamentos é porque, provavelmente, estamos diante da falta do que podemos considerar um encontro promissor.
::: Isso é sintoma de ansiedade e pré-ocupação :::
Adriana de Araújo

Estamos tão "pré-ocupados" que no meio da viagem esquecemos de olhar a paisagem! Tem tanta coisa boa acontecendo, mas a gente dá valor àquelas que parecem ser mais dramáticas. É como na TV: ainda continuamos em nosso cotidiano dando IBOPE para o que mais "impressiona".

Nas vezes em que fui voluntária numa casa de câncer me proibiram de publicar fotos na internet no site da nossa associação... As fotos mostravam as crianças (algumas carequinhas, mas nem todas) felizes, brincando... Quem olhasse as fotos se emocionaria, mas por ver tanta vida nos olhos daquelas crianças...

O quadro das mães era totalmente diferente: mães desanimadas, algumas já "enterrando" seus filhos. As crianças eram a lição maior. Era isso que eu desejava ilustrar no intuito de chamar as pessoas para se tocarem, para estarem perto. Mas me foi proibido, com risco até de um processo.

Semanas após vejo um outdoor na cidade com a mesma criança, com cara de dor numa sessão de quimioterapia, pedindo contribuições financeiras. As lições desse acontecimento são várias. As crianças são, talvez, nossos maiores mestres e professores. Envelhecemos e achamos que ganhamos "responsabilidade".

Na verdade, perdemos a beleza. Ficamos rigídos, não brincamos mais, levamos tudo muito "a sério", criamos mágoas por qualquer coisa... As crianças colocam beleza em tudo o que fazem... em meio aos muitos nãos dos adultos, continuam descobrindo o mundo. Experimentam os sabores das coisas, brincam, mesmo depois que um colega o "ofendeu".

Na verdade, o sentido de ofensa para uma criança é muito diferente do nosso. Elas têm a facilidade de esquecer e abraçar de novo, esquecer e dar risada de novo... Nós ainda continuamos pré-ocupados e ansiosos como as mães na casa de crianças com câncer. Nosso semblante, quantas vezes são tensos por tantas situações. Nós não confiamos na força da natureza.

Nós nos esquecemos da força de nossa natureza e estamos sempre forçando as coisas... Ansiosos, perdemos a oportunidade de experimentar os sabores, como as crianças fazem. Tomamos um sorvete, mas nem sabemos do que era... Alguém nos faz um afago, um gesto, uma palavra, um presente, mas nós não curtimos quanto poderíamos...

Já voltamos a ser vítimas e procurar algo para lamentar... Certa vez escutei uma frase numa palestra: "Você pensa que egoísta é aquele que faz muito por si? O egoísta quer que os outros cuidem dele! Deixar de ser egoísta é cuidar de si mesmo."

domingo, julho 26, 2009

::: Trem da alegria :::
Tati Bernardi

Ele dança descaradamente e eu sou tão feliz. Não poderia amar esse homem, não, não é o tipo de homem que eu amaria. Mas sou feliz nessa uma semana, ou duas, não sabemos ainda. Porque ele é tão feliz, tão mais feliz do que eu jamais fui. Ele realmente curte bobeiras na televisão, coisa de quem não fica na varanda querendo se jogar, acho eu dentro de alguma lógica maluca da minha cabeça. E fica feliz se tem a lasanha preferida dele no restaurante. Feliz por causa de uma lasanha! Faz aquela cara de “delicinha que é viver”. E tem bochechas vermelinhas e não fede pó na nuca como as pessoas gastas pelo tempo ou azedo no peito como as pessoas desgastadas pelo pó. Ou qualquer coisa por aí. Ele só se sente bem em estar vivo. Isso. Ele corre no parque, toma banho, veste a cueca cantando, coloca uma meia branquinha e vem me ver. Pede a lasanha, me beija perto da orelha. E ele se sente muito bem com a vida e com o corpo e comigo. E por isso, ando feliz que só nessas semanas. Mas com certeza eu não poderia amar esse homem. Eu nem mesmo, pra falar a verdade, o admiro. Não, admirar eu admiro, porque tô aqui de boca aberta olhando pra ele e curtindo estar nessa vida de amaciante e pão quentinho. Mas eu só amo, e aí sim é a certeza de sentir algo maior e com futuro (e passado), a certeza de poder viver ao lado dele, essa história que nem é minha ou pra mim, e depois voltar pra casa e encontrar meu senhor, meu marido, meu único amor da vida inteira. Ele me espera, faz meu banho, me cobre, me devora o tempo todo, dorme encaixado em mim. E sabe que esse garoto é só mais o garoto ou homem ou moleque ou velho da semana ou do mês. Eles não passam disso. E me perdoa. E diz que é assim mesmo, para eu viver por aí mas depois voltar pra casa, pra ele, pro homem que me deu tudo o que eu tenho, que me ama como eu sou, e que sabe, dentro da sua segurança de duzentos mil infinitos anos, que jamais será trocado. Ele pede a lasanha e come fazendo gemidinhos de programas vespertinos de culinária. E esfrega as mãos nas minhas costas, sabendo que eu preciso mesmo ser acesa o tempo todo, pra não sucumbir a essas coisas gélidas que me atravessam. E ri, o tempo todo, ele ri, como é feliz! E eu embarco em mais um trem (às vezes fantasma, desse vez da alegria) mesmo odiando viajar. Eu vou porque é preciso ter histórias, viver coisas, sair de casa, mas nunca vou realmente. Sempre me sinto ocupando de favor o lugar da personagem real que está doente ou enlouqueceu. Assim que coloco o pé pra fora, viro uma substituta de qualquer um que sabe viver. Uma coadjuvante de mim que rouba a cena porque os engraçados sempre roubam. Experimento pessoas como experimento comida baiana, “tá, deixa eu ver que gosto tem, mas não muito pra não morrer aqui, longe de casa, debaixo desse sol e dessa alegria”. Assim que chego em casa e abraço meu único e verdadeiro marido, meu silêncio, sou eu mesma e nada pode dar errado ou acabar. Ele ri mais um pouco, segura firme na minha mão, eu quero contar, ele merece saber, eu estou amando e super feliz de brincar de amar e ser feliz, mas olha, querido, daqui a pouco eu volto pra ele. O silêncio. Eu sempre volto pro silêncio. Mas agora acelera aí, apita, solta fumaça, sei lá como é andar de trem, mas sempre ando. Vamos ver até onde eu aguento dessa vez.

sábado, julho 25, 2009

::: Nua e Crua :::
Brena Braz

Eu queria ser famosa. Estampar as capas das revistas com minha felicidade instantânea e dizer que estou ótima depois de uma separação traumática. Queria ir pro Big Brother e fazer melhores amigos em uma semana. Queria dizer que amo com um mês de namoro. Queria achar super normal que o cara que eu amo conversa no MSN com mulheres que ele acha gostosas. Queria que, quando alguém me chamasse de gostosa, isso fosse um elogio ao meu caráter e não um “eu te comeria se você me desse mole”. É provável que eu fosse mais feliz assim.

Mas eu sou tradicional. Sou convencional, apesar de não ser normal. Se eu me corto, eu sangro. Se bato o dedo no pé da mesa, dói. Sou uma pessoa comum. Acredito no até que a morte nos separe e também no eterno enquanto dure. Acredito que, se eu sou capaz de ser fiel, alguém mais pode ser. Acredito que eu não sou uma laranja, mas preciso da minha outra metade pra me sentir inteira. Valorizo as pequenas atitudes, assim como condeno pequenas mancadas. Sou rancorosa, guardo por anos uma coisa que me magoou de verdade. Sei perdoar. Passo por cima dos erros pra ficar junto das pessoas que eu gosto. Tenho meus limites. O primeiro deles é meu amor-próprio. Perdôo uma vez, porque errar é humano. Perdôo duas porque o ser humano é estúpido às vezes. Mas não posso viver perdoando porque isso seria incompetência minha.

Acredito que as pessoas aprendem com os próprios erros e com o tempo. Acredito também que quem traiu uma vez e foi perdoado vai trair de novo. Acredito que aquelas pessoas que vivem falando mal dos outros vão falar mal de você com esses outros. Acredito que as pessoas só mudam por vontade própria e nunca pelo pedido de outra pessoa. Acredito que tudo que eu acredito hoje vai mudar com o tempo. E que, no futuro, talvez, eu acredite em menos coisas. Ou em nada mais.

Nunca vendi meu corpo, nem nunca sequer considerei essa possibilidade. Eu sei exatamente o tipo de homem que sai com puta. E esse tipo me dá náusea. Nunca precisei experimentar drogas pra pertencer a nenhum grupo. Me dou bem com todo tipo de gente e as pessoas costumam gostar de mim apesar do que eu sou. Tenho verdadeira repulsa por homem mulherengo. Detesto aquele tipinho “caminhoneiro” (que fala pra esposa que tem uma em cada ponto, mas ela é a única que ele ama). Detesto mulher corna que se explica pras pessoas “mas ele me ama”. Sexo com outras pessoas só é perdoado quando é o homem que faz. Detesto homem machista. Detesto o tipinho que vai pra farra enquanto a mulher tonta espera em casa. Detesto mulher tonta.

Eu queria ser famosa pra fingir que não sinto dor. Pra fingir que sou perfeita na capa das revistas masculinas. Pra fingir que não preciso fingir. Queria ser famosa pra ser uma fruta e não uma cabeça que pensa. Mas escrever nunca deu dinheiro, nem capa de revista, nem melhores amigos no Big Brother. Escrever é pra pessoas de quinta como eu, que não vão fazer seu primeiro milhão vendendo o que tem no meio das pernas pra adolescentes de 30 anos de idade. Queria ser famosa pra experimentar uma vida que, dizem por aí, é melhor que a minha. Queria ser famosa pra ver se eu conseguiria ser eu.

sexta-feira, julho 03, 2009

::: Strip-tease :::
Martha Medeiros

Chegou no apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer.
Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos.
Não podia mais voltar atrás.
Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta,
não levou mais do que dois segundos para atender.
Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis.
Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou.
Ele perguntou o que poderia fazer por ela.
A resposta: sem preliminares.
Quero que você me escute, simplesmente.
Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.

Primeiro tirou a máscara:

" Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade.
Você é a pessoa mais especial que já conheci.
Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas,
mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade.
Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto ".
Então ela desfez-se da arrogância:
" Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem.
Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto.
Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história."
Era o pudor sendo desabotoado:
" Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento,
e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou ".

Retirava o medo:

" Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei ".

Por fim, a última peça caía, deixando-a nua:

" Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim.
A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil.
Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui ".

E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca.
::: Gostar é tão fácil que ninguém aceita aprender :::
Arthur da Távola

Talvez seja tão simples, tolo e natural que você nunca tenha parado para pensar:
aprenda a fazer bonito o seu amor. Ou fazer o seu amor ser ou ficar bonito.
Aprenda, apenas, a tão difícil arte de amar bonito.
Gostar é tão fácil que ninguém aceita aprender.

Tenho visto muito amor por aí, Amores mesmo, bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, cheios de entrega, doação e dádiva, mas esbarram na dificuldade de se tornar bonito. Apenas isso: bonitos, belos ou embelezados, tratados com carinho, cuidado e atenção.
Amores levados com arte e ternura de mãos jardineiras.

Aí esses amores que são verdadeiros, eternos e descomunais de repente se percebeu ameaçados apenas e tão somente porque não sabem ser bonitos: cobram; exigem;
rotinizam; descuidam; reclamam; deixam de compreender; necessitam mais do que oferecem; precisam mais do que atendem; enchem-se de razões. Sim, de razões. Ter razão é o maior perigo no amor.

Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) de reivindicar, de exigir justiça, equidade, equiparação, sem atinar que o que está sem razão talvez passe por um momento de sua vida no qual não possa ter razão. Nem queira.

Ter razão é um perigo: em geral enfeia o amor, pois é invocado com justiça mas na hora errada.
Amar bonito é saber a hora de ter razão.

Ponha a mão na consciência. Você tem certeza que está fazendo o seu amor bonito?
De que está tirando do gesto, da ação, da reação, do olhar, da saudade, da alegria do encontro, da dor do desencontro, a maior beleza possível?

Talvez não. Cheio ou cheia de razões, você espera do amor apenas aquilo
que é exigido por suas partes necessitadas, quando talvez dele devesse pouco esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em quando ele pode trazer. Quem espera mais do que isso sofre, e sofrendo deixa de amar bonito. Sofrendo, deixa de ser alegre, igual criança. E sem soltar a criança, nenhum amor é bonito.

Não tema o romantismo. Derrube as cercas da opinião alheia.
Faça coroas de margaridas e enfeite a cabeça de quem você ama.
Saia cantando e olhe alegre.

Recomendam-se: encabulamentos; ser pego em flagrante gostando; não se cansar de olhar, e olhar; não atrapalhar a convivência com teorizações; adiar sempre, se possível com beijos, “aquela conversa importante que precisamos ter”, arquivar se possível, as reclamações pela pouca atenção recebida.
Para quem ama toda atenção é sempre pouca.
Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode ser toda atenção possível. Quem ama bonito não gasta o tempo dessa atenção cobrando a que deixou de ter.

Não teorize sobre o amor (deixe isso para nós, pobres escritores que vemos a vida
como criança de nariz encostado na vitrine, cheia de brinquedos dos nossos sonhos):
não teorize sobre o amor, ame. Siga o destino dos sentimentos aqui e agora.

Não tenha medo exatamente de tudo o que você teme, como: a sinceridade; não dar certo; depois vir a sofrer (sofrerá de qualquer jeito); abrir o coração; contar a verdade do tamanho do amor que sente.

Jogue pro alto todas as jogadas, estratagemas, golpes, espertezas, atitudes sabidamente eficazes (não é sábio ser sabido): seja apenas você no auge de sua emoção e carência, exatamente aquele você que a vida impede de ser.

Seja você cantando desafinado, mas todas as manhãs. Falando besteiras, mas criando sempre. Gaguejando flores. Sentindo o coração bater como no tempo do Natal infantil. Revivendo os carinhos que instruiu em criança. Sem medo de dizer, eu quero, eu gosto, eu estou com vontade.

Talvez aí você consiga fazer o seu amor bonito, ou fazer bonito o seu amor, ou bonitar fazendo seu amor, ou amar fazendo o seu amor bonito (a ordem das frases não altera o produto), sempre que ele seja a mais verdadeira expressão de tudo o que você é e nunca, deixaram, conseguiu, soube, pôde, foi possível, ser.

Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto.
Não se preocupe mais com ele e suas definições. Cuide agora da forma. Cuide da voz. Cuide da fala. Cuide do cuidado. Cuide do carinho. Cuide de você.

Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz.

segunda-feira, junho 29, 2009

::: Versos Simples :::
Chimarruts

Sabe, já faz tempo
Que eu queria te falar
Das coisas que trago no peito
Saudade, já não sei se é
A palavra certa para usar
Ainda lembro do seu jeito

Não te trago ouro
Porque ele não entra no céu
E nenhuma riqueza deste mundo
Não te trago flores
Porque elas secam e caem ao chão
Te trago os meus versos simples
Mas que fiz de coração

quarta-feira, junho 24, 2009

::: Não vai dar namoro :::
Manual do cafageste

Estamos há menos de uma semana de uma data detestada por alguns, amada por outros e simplesmente esquecida por boa parte dos homens solteiros. Particularmente, eu nem sei o que ela significa afinal só namorei duas vezes, o primeiro iniciou após o carnaval (óbvio) de 2005 e foi até o final de maio e o segundo de julho a outubro do mesmo ano, portanto me livrei duas vezes da preocupação de comprar um presente original e “fofo” no dia dos namorados.

Porém, são as mulheres quem ficam mais preocupadas com essa data. Há dois grupos. As primeiras são as que possuem namorado, e que não param de movimentar a coluna Cafa Responde com pedidos de sugestões de presentes originais. Contudo, meu foco neste post é o segundo grupo, as solteiras.

O grupo da solteira é subdivido em dois, as desencanadas e as desesperadas. As primeiras já estão resignadas que tão cedo (mesmo que isso leve anos) não vão encontrar um homem que se encaixe nas suas exigências e/ou disposto a namorar e, apesar de sentirem uma leve ponta de invejinha com aquele lindo arranjo de flores ou chocolate que sua amiga ganhou do namorado, superam essa data chata. Já o subgrupo desesperadas fica que nem siri na lata com a proximidade do dia e fazem toda a sorte de simpatias, encantos, macetes, dicas-revista-claudia para arrumarem um namorado.

Se você, desesperada, leu até aqui com a esperança de encontrar os “10 segredos do cafa para arrumar um namorado”, desculpe desapontá-la. Se eu tivesse essa fórmula, o livro já estaria publicado e eu milionário. Por outro lado, listei 10 dicas para identificar quando um homem não está a fim de namoro. Algumas delas foram extraídas do conceito da mulher-remédio, porém possuem a mesma serventia. Segue:

1-) Evita sua família e amigos. Quando o cara não quer evoluir no relacionamento, ele evita qualquer criação de vínculo com amigos e principalmente com os pais da garota. Isso por que os pais geralmente não assimilam a diferença entre namoro e ficar e ai logo começam a pesar em cima do rapaz com assuntos vem-cá-meu-genro (mães, por exemplo, adoram mostrar fotos da sua filha bebê ¬¬).

2-) Some quando você está pra baixo. Ok, mulher quando está de TPM ou pra baixo é terrível de engolir, porém se é uma peguete que o cara tem consideração ele ouve as reclamações e conversa numa boa. Porém, se a garota é só mais uma piriguete, no momento que o cara perguntar pra ela “Oi, tudo bem?” e ela responder “Mais ou menos” o status no MSN dele fica ausente ou off-line, se for no telefone ele procura encerrar a ligação o mais breve possível.

3-) Te procura em horários atípicos. Na sexta-feira ele tenta sair com seus amigos, mas se por algum motivo não dá certo, as 23:30 ele liga pra você dizendo que gostaria de sair. Ou então liga completamente bêbado as 5:00 da manhã para tentar te ver pessoalmente, pois está com saudade. Traduzindo, quer te comer.

4-) Tudo acaba em sexo. O único intuito para ele sair com você é sexo ou putaria. Por isso, ele pode até mascarar o passeio com um barzinho antes, mas isso é pretexto pra te deixar alegrinha e depois ir direto pro motel. Geralmente, eles evitam programas muito sociais em que a chance de terminar em sexo é baixa (como teatro).

5-) Amigos sempre em primeiro lugar. Um homem jamais trocará um programa com seus melhores amigos por uma garota qualquer. Agora, se ele havia marcado de sair com eles e desmarcou pra sair com você, é um bom sinal. Principalmente se não necessariamente acabar em sexo. Se você é só mais uma na geladeira, provavelmente ele dirá que já tem algo marcado.

6-) Papos superficiais. Se você é só mais uma, ele não vai se abrir contigo sobre os seus problemas e questões mais “sérias” da sua vida. O papo sempre será novela das 9, condição do tempo, e demais banalidades. O contrário também é verdadeiro, se você começar a falar de questões mais “profundas”da sua vida ele não dará a mínima e mal vai te fazer perguntas, será um mero ouvinte.

7-) Não possui consideração. Fala de seus antigos relacionamentos constantemente, não se preocupa com o visual, se está com a barba por fazer, tênis sujo, perfumado, etc.

8 -) Economiza com você (neste caso só fica isento homens muito pobres). Vai te levar pra comer num restaurante meia boca, não dá presente e vai para um drive-in transar (essa é a mais evidente). A lógica é, quanto menos gastar pra transar com você, mais a saída compensará.

9-) Depressão pós-sexo latente. Depois de transar a vontade dele é que você suma dali ou que vire uma pizza. Como a segunda opção ainda não está disponível no mercado, ele faz de tudo para ir embora do local.

10-) O sumiço. Quando a pessoa gosta da outra, é difícil ela conseguir ficar mais de três dias sem falar com a outra. Portanto, se só após uma semana o cara te procurar de novo, lanchinho a vista.

Claro, se o cara só manifestou um dos itens acima, não quer dizer necessariamente que não rolará um namoro, porém se foram 3 ou mais a chance é de 95%.

terça-feira, junho 23, 2009

::: Texto foda - não achei o título :::
Fernanda Young

Não posso mais roer os nervos enquanto as horas passam e você não aparece. Preciso me poupar. Não pretendo mais sofrer, depois, quando você sumir de vez. Sofrer por amor é pura vaidade. Vou olhar para retratos meus e, de novo, sentirei orgulho de mim. Fotos minhas antes de você. Quando eu ainda não tinha provado desse seu veneno vicioso. Da saliva que se fez heroína. Do cheiro que se fez lança-perfume. Deveria ter uma tabela antipaixão como as que fizeram para os tabagistas. Marcaríamos um xis nas vezes em que pensássemos no outro. Assumindo assim nossa fraqueza. Contando as horas em que fôssemos capazes de esquecer. Poucas, no meu caso, já que tudo me lembra você. E de noite as coisas pioram. Mas quero, e posso, vencer essa semana. Sobreviver à abstinência de você por sete dias. Ao éter da mentira, que deixou-nos malucas e cegas. Estávamos correndo descalças entre os destroços da cidade grande. Seremos crianças? Seremos julgadas como adultas. Sendo a culpa toda sua, que acreditou no ar que respirava. No sujo. Na inveja. Perdemos tudo na paisagem desolada dessa cidade. Cidade feia. E, no feio, nos perdemos. Ou me perdi. Sozinha. Para depois ficar aqui, sentada no meio-fio.


Eu? Eu não sou somente boa. Sou uma pessoa muito bonita. Generosa e linda – e quem agüentar, agüentou. Como prêmio, terá meu amor. Saberá da minha verdade. Dará boas gargalhadas. Mas terá que suportar uma boa dose daquilo que sinto. Pois, apesar de tudo ser diversão, nada é simples. Nada é pouco quando o mundo é o meu.

No meu mundo, eu não sei onde andam aqueles, “os melhores”, que bebem bons vinhos e saboreiam trufas. Queria saber se eles sentem, vagamente, pode ser vagamente mesmo, uma pontinha de nojo, ou de tristeza, porque vivem intensamente a baboseira dos vinhos e trufas, sem pensar em mim, nem querer estar comigo, nem com qualquer outra pessoa que não entenda picas de vinhos e tenha mais o que fazer do que pagar fortunas por lascas de fungo.
::: Cada ser-humano é um estranho ímpar. :::
Fernanda Young

Hoje eu estava conversando com uma amiga super querida e fiz algum comentário do tipo “-Ah, que pena que a gente não está mais sempre perto!”, porque se trata de alguém que convivia comigo com uma maior constância e de quem, cacete, eu sinto falta! E ela me solta uma de que não é legal as pessoas estarem juntas quando não precisam estar. Eu tenho certeza absoluta que ela não disse isso para magoar, mas achei o comentário de uma frieza absurda.

Então quando as pessoas precisam estar juntas? Num encontro completamente inevitável, talvez até não tão desejado e ansiado?As pessoas não podem estar juntas pelo simples prazer de estar?De sentar e jogar conversa fora? Várias vezes eu não precisei estar com a tia Cleyde e não estive. E não há, no momento, coisa da qual eu mais me arrependa.Simplesmente porque não dá pra mudar o que houve. O que me conforta é saber que estive sem precisar em outras ocasiões também, pelo mero desejo de estar. As pessoas não contam com as surpresas da vida, se dedicam muito pouco às outras e depois querem morrer de culpa.

Eu sou uma pessoa que, até por histórico de vida, tem uma tendência ao apego. Além da necessidade de dar às pessoas coisas que eu não tive, ainda que elas não precisem disso e as tenham de sobra.

É algo que precisa ser corrigido e eu sinceramente acho que está sendo. Tem a ver com independência emocional, saca? Que é uma coisa que eu não tenho por completo. Nem isso nem inteligência emocional. E a falta desses elementos faz do ser humano uma verdadeira bomba relógio. As coisas começam a desandar, a saúde degringola, é um auê. No meu caso, isso até nem deveria ser tão gritante, porque apesar de me apegar, eu também tenho uma capacidade enorme de me virar sozinha. Uma psicóloga de renome me disse isso: que eu tenho uma independência imensa no desenrolar das ações práticas, a ponto de auxiliar parentes e amigos, ir lá e fazer e quando a pessoa se dá conta e vem pra mim com o fubá, eu já estou voltando com bolo pronto com calda e tudo. O meu pai comentou na semana passada que me achava muito obstinada em certas situações, porque pedi a ele a dica de um livro sobre um tema que tem me interessado e quando falamos de novo, alguns dias depois, eu já tinha comprado e lido o livro. Acho que essa obstinação se faz presente verdadeiramente na minha vontade de ajudar os outros. Mas emocionalmente falando, eu não tenho esse expediente. E o que eu administro menos ainda é as pessoas não compreenderem isso e acharem que eu tenho que ser um poço de alegria, felicidade, independência, auto-suficiência, saúde, desapego. Gente, eu vivi 20 anos contando com a idéia de contar com as pessoas. De repente, quando me vi particularmente sozinha neste ano, foi um baque sem tamanho, do qual eu ainda não me recuperei. Tem gente que lida bem com isso, tem gente que não. Não dá pra medir. Eu não estava acostumada em ficar tanto tempo só, horas calada, com o telefone sem tocar por dias a não ser que alguém esteja precisando daquela independência prática ou de qualquer outra coisa que não seja saber se está tudo bem, como eu estou, se preciso de algo, essas coisas. Quando alguém liga única e exclusivamente para saber se está tudo bem comigo, eu fico até surpresa. É horrível dizer isso, mas em geral, eu não estou esperando. A nítida sensação que eu tenho é que, desde que fiquei doente e explanei isso, me tornei uma inválida que não serve pra quase nada e deve ficar no cantinho sem incomodar ninguém, a não ser que seja para executar alguma tarefa perdida e existente na minha lista de capacidades. E isso não é vitimização, drama, nem nada do tipo, embora eu tenha sido ou seja ainda excessivamente sensível. Dramática é uma palavra muito forte, porque nada em mim dói de brincadeira. Se eu tô dizendo que feriu, é provável até que eu esteja minimizando o quanto para não culpar o "culpado". Infelizmente é a minha atual realidade. Não acho que eu seja o último ser-humano da face da Terra, muita gente passa por isso, mas como disse Elis Regina naquele mesmo trecho que já citei mais de uma vez - "-As pessoas estão ressabiadas de dizer que GOSTAM das outras"-

E o mais cruel não é nem a capacidade das pessoas fazerem isso com as outras, mas a incapacidade de se colocarem no lugar daqueles que são criticados. Todo mundo me diz o que fazer e como agir, mas ninguém tenta se colocar no meu lugar por um segundo e tentar entender os motivos das minhas ações, a minha vida, o que me ocorre, os meus problemas (nem os reflexos das ações alheias, diga-se de passagem), e tantas outras coisas que são indiscriminadamente desprovidas de qualquer tipo de maldade, de qualquer tipo de intencionamento ou qualquer coisa que seja propositadamente negativa mesmo com quem talvez merecesse um justo sacode. E a ausência dessa maldade não faz de mim uma pessoa boa nem melhor que qualquer outra. Só faz de mim alguém que ainda pensa carinhosa e cautelosamente em qualquer pessoa que eu seja capaz de amar e perdoar, apesar de tudo.
::: Divã :::
Martha Medeiros

Sou eu que começo? Não sei bem o que dizer sobre mim. Não me sinto uma mulher como as outras. Por exemplo, odeio falar sobre crianças, empregadas e liquidações. Tenho vontade de cometer haraquiri quando me convidam para um chá de fraldas e me sinto esquisita à beça usando um lencinho amarrado no pescoço. Mas segui todos os mandamentos de uma boa menina: brinquei de boneca, tive medo do escuro e fiquei nervosa com o primeiro beijo. Quem me vê caminhando na rua, de salto alto e delineador, jura que sou tão feminina quanto as outras: ninguém desconfia do meu hermafroditismo cerebral. Adoro massas cinzentas, detesto cor-de-rosa. Penso como um homem, mas sinto como mulher. Não me considero vítima de nada. Sou autoritária, teimosa e um verdadeiro desastre na cozinha. Peça para eu arrumar uma cama e estrague meu dia. Vida doméstica é para os gatos.Nossa, pareço uma metralhadora disparando informações como se estivesse preenchendo um cadastro para arranjar marido. Ponha na conta da ansiedade. A propósito, tenho marido e tenho três filhos.

Sou professora, lecionei por muitos anos em duas escolas, mas depois passei a me dedicar apenas às aulas particulares, ganho melhor e sobra tempo para me dedicar à minha verdadeira vocação, que são as artes plásticas. Gosto muito de pintar, montei um pequeno ateliê dentro do meu apartamento, ali eu me tranco e é onde eu consigo me encontrar. Vivo cercada de pessoas, mas nunca somos nós mesmos na presença de testemunhas.

Às vezes me sinto uma mulher mascarada, como se desempenhasse um papel em sociedade só para se sentir integrada, fazendo parte do mundo. Outras vezes acho que não é nada disso, hospedo em mim uma natureza constestadora e aonde quer que eu vá ela está comigo, só que sou bem-educada e não compro briga à toa. Enfim, parece tudo muito normal, mas há uma voz interna que anda me dizendo: "Você não perde por esperar,Mercedes." É como se eu tivesse, além de uma consciência oficial, também uma consciência paralela, e ela soubesse que não vou segurar minhas ambigüidades por muito tempo.

Tenho um cérebro masculino, como lhe disse, mas isso não interfere na minha sexualidade, que é bem ortodoxa. Já o coração sempre foi gelatinoso, me deixa com as pernas frouxas diante de qualquer um que me convide para um chope. Faz eu dizer tudo ao contrário do que penso: nessa horas não sei aonde vão parar minhas idéias viris. Afino a voz, uso cinta-liga, faço strip-tease. Basta me segurar pela nuca e eu derreto, viro pão com manteiga, sirva-se.

Sou tantas que mal consigo me distinguir. Sou estrategista, batalhadora, porém traída pela comoção. Num piscar de olhos fico terna, delicada. Acho que sou promíscua, doutor Lopes. São muitas mulheres numa só, e alguns homens também. Prepare-se para uma terapia de grupo.

sexta-feira, junho 19, 2009

::: Sutilmente :::
Skank

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
Quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
Quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce

Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti


Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti

terça-feira, junho 02, 2009

::: O homem perfeito? :::
Marcello Senise

Sim, o homem perfeito existe, e provavelmente você já o encontrou, mas não o reconheceu. Sempre vivi rodeado de boas amigas e, como tal, sempre as ouvi reclamar dos homens (a progressão lógica aqui beira o silogismo). Até hoje estranho como elas vociferam francamente as piores barbaridades contra eles na minha presença, sem se importar se eu levo as ofensas para o lado pessoal. Afinal, na guerra dos sexos posso até flertar com o front feminino, mas no recrutamento biológico meu batalhão está, sem dúvida nenhuma, do outro lado. Quando as mulheres jogam uma bomba do tipo: “todos os homens são uns imbecis”, é claro que alguns estilhaços ferem meu orgulho.

A vida da gente piora quando minhas amigas estão em crise de solteirice. Não só porque o número de reclamações aumenta, mas porque é frustrante para eu não entender como essas mulheres encantadoras permanecem sem um namorado. Uma resposta parcial, no entanto, surgiu há algumas semanas, quando uma amiga publicou em seu blog a descrição do homem ideal. A lista de pré-requisitos era imensa e eu não consegui imaginar uma única pessoa que pudesse cumpri-las. Resumidamente, tratava-se de um “Capitão América com cérebro de Einstein”, como diria Sandra Bullock em “A Rede”. E com mais uma porção de detalhezinhos tênues, como ser um cavaleiro que abre a porta do carro, sem deixar de ser um macho viril que, sei lá, adora massacrar os camaradas numa partida de rúgbi. Eu espero, sinceramente, que todas as mulheres que procuram esse modelo de homem estejam dispostas a barganhar. Ou vão passar muito tempo encalhadas, acreditando também na existência do Papai Noel, do Coelhinho da Páscoa ou em Duendes (veja o caso da Xuxa!!).

... sou um conselheiro sentimental de primeira, mas, como sou bacana estou disposto a correr o risco de ser preso por exercício ilegal da profissão. Eis aqui uma descoberta pessoal (e que acredito que minhas amigas comprometidas endossam): o homem perfeito existe sim... Mas só depois que você se envolve com ele. O homem perfeito é você quem ajuda a criar. Todo relacionamento é uma troca: se o príncipe dos seus sonhos existisse mesmo, prontinho e sem nenhuma falha, qual seria a graça de se envolver com ele? Você não poderia contribuir em nada.

Procure por homens reais e não os descarte por qualquer besteira. O cara não sabe se vestir? Não se iluda: nenhum sabe. Nada como um toque feminino para revolucionar o visual dele. O cara ainda não tem grana o suficiente? Acompanhe-o escada acima. É mais emocionante do que simplesmente encontrá-lo no topo. O cara não é um Rodrigo Santoro? Minha querida você não é a Luana Piovanni. E, mesmo com a verdadeira, o namoro não deu certo... No fim você vai perceber que transformar seu namorado no homem ideal nem é tão somente um ato voluntário, afinal, por mais que você se esforce, ele continuará com seus defeitos, como qualquer outro ser humano. Mas aí a paixão faz o resto. Seu coração, adoravelmente míope, vai te dizer que seu namorado é perfeito simplesmente porque vocês são perfeitos um para o outro.

Então, anônima amiga blogueira e outras leitoras, em prol dos homens que nunca atingem seus requisitos, aconselho: parem de procurar por um homem perfeito que desperte sua paixão. A felicidade está em fazer justamente o contrário.

quarta-feira, maio 27, 2009

::: O excesso da falta :::
Tati Bernardi

Foco no lugar vazio da mesa. A pessoa que não veio. Pior ainda: a que não existe. É ali que fico, sempre, apaixonada, doendo, esperando. O lugar vazio da mesa, da cama, do planeta. Minha sorte é um bilhete desses de raspar só que o segredo não sai com nada. Meu amor é a cadeira com pé quebrado que tiraram do salão antes que alguém se machucasse. Então me recuso a sentar em outras e vivo entre o cansaço e o medo de cair de mim mesma.

Eu funciono assim, não sei se você já percebeu. Consigo não te amar, e isso significa passar ótimos dias em paz, quando te trato bem, quando te amo. O que sobra em mim, o que eu guardo no peito, é sempre o negativo do que expeli para o mundo. Por isso o e-mail, carinhoso, um jeito de te expulsar mais uma vez, porque é só isso que sei fazer quando o assunto é sentir além de mim. E quando te trato mal, são dias te amando aqui, nos espaços vazios que você jamais preencheria e que são absolutamente você. O mundo todo que não tem você é ainda mais você. E assim me relaciono. Com o risco de giz branco em torno do corpo que já foi levado do chão. Sempre me apaixono depois que acaba a paixão. Sempre namoro quando acaba o namoro. Só assim sei amar. E então te carrego no peito e em tudo, ao ir sozinha ou mal acompanhada ao cinema. E então janto com você e como bem e até bebo. E passamos sem perceber uma vida inteira. Só porque agora você se foi, é que sinto que você chegou de verdade. E assim namoramos tão bem e sou tão agradável. E é com você que vou até a esquina e o fim do mundo, porque posso tudo agora. Agora que não posso nada.

Daqui vejo milhares de pessoas e boas intenções e motivos pra ser feliz. Mas onde eu estou? Adivinhe? Estou em casa, sozinha, como se não houvesse nada. Como se tudo isso fosse cruel justamente por ser bom. O bom acaba. Mas isso aqui, o refúgio da ansiedade e da alegria, essas duas coisas do demônio, isso aqui é verdadeiro e é daqui que estou, na verdade, no meio de todas essas pessoas boas e os motivos pra ser feliz. É só daqui. Então, quero ir embora. Ir embora pra chegar logo. Porque enquanto estou é insuportável, mas depois, quieta, deitada, o mundo inteiro se encaixa aos poucos até eu pegar no sono e sentir a matéria de estar viva. Não evaporo mais pois estou me apertando até ficar quieta nessa caixinha minúscula que trago tão bem guardada apesar do desespero em ser aberta.

É sempre na falta que vivo. É sempre em cima da altura que não tenho que olho o mundo. E das coisas que eu não sei que falo melhor. E dos sentimentos que eu não poderia sentir que me abasteço pra ser alguma coisa além do que me faz mais uma. E da incapacidade de ser mais uma que me agarro, pra poder participar de algo e esquecer como é maluco tudo isso. É na alegria extremada que sinto o tamanho do sofrimento que posso aturar.

É a loucura que sai antes quando preciso rapidamente ser normal. É porrada que dou quando a mão vai rápida para um carinho urgente. É de onde não se pode estar que tenho saudades. É para o lugar do qual fugi que vou quando corro. É no lugar insuportável que fico quando descanso de algo que não aguentei. É na falta que vivo. O tempo todo sendo a mulher pra você que nem você quer. O tempo todo sendo a mulher que você não vê mais e só por isso, agora, te vejo o tempo todo. É te amando tão infinitamente que me liberto de gostar pelo menos um pouco de você.

Quando preciso de açúcar sinto ânsia só de ver doce. E na hora de ir embora, ganho o viço e a frescura de algo novo. Não lido bem com a fome, pois ela me sacia, me enche, de algo que me faz além do bicho. É do meu auge que caio feio. Na paz de fechar um arquivo que volto a pensar na página em branco e em tudo que não sou capaz. No fundo do gostosinho da alma mora o que dispara meu incômodo mais terrível. Quando tento ser homem, meu Deus, sou mais garota do que aquelas colegiais cheirando a floral com bola de basquete.

Você reclamava que eu não dizia seu nome e isso era só porque eu o estava dizendo o tempo todo. Meu cérebro martelava o som das suas referências e imprimia tanto você que eu precisava falar de mim daquele jeito pra tentar existir além do que eu me tornava. Você era tudo quando reclamava que eu andava estranha ao telefone, sem dar importância. Quando eu não parecia te ouvir, eu estava ouvindo suas milhares de vozes e tentando dar conta de gostar de tanta gente diferente que era gostar de você. Mas agora, assim, dizendo João, eu consigo continuar. Mas não uso a palavra anular porque seria dar rabisco aberto para as asas que não quero desenhar.

O tempo todo o abismo gigantesco quanto mais desço. O tempo todo a calma mais incrível nos momentos de real desespero. E o pânico do que é simples de resolver. E se não tem ninguém pra chegar é aí que verdadeiramente espero. E se não tem ninguém pra me tocar, sinto tesão em encostar no ar. Você não está e me olha como nunca. Você merecia ser amado assim, do jeito que acaba pra começar. Uma covardia só pra quem aguenta firme. Sempre no oco me preencho tanto que explodo. É no nada que está tudo aqui. E quando me perguntam de onde vem essa pressa, esse desespero, essa corrida, o sopro no coração, essa ânsia, a força, essa agressividade. De onde vem? Eu digo que vem de uma preguiça enorme. E tantas artimanhas e rezas bravas para permanecer? É só o mais completo desejo em acabar logo com tudo isso. Que tanto eu quero porque estou sempre pedindo socorro? Nada. E principalmente: nunca. E morrer de novo como faço todas as vezes que me sinto viva demais. E vai começar tudo de novo só porque acabou. Ponto final é tanta continuação que vira três pontos finais. Eu não aguento mais e nem toquei na vida ainda. Consigo ser vista de verdade só quando as pernas e todo o resto que me move imploram para eu desaparecer.

sábado, maio 16, 2009

::: Relacionamentos :::
Arnaldo Jabour

Sempre acho que namoro, casamento, romance tem começo, meio e fim. Como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa:
- 'Ah, terminei o namoro... '
- 'Nossa, quanto tempo?'
- 'Cinco anos... Mas não deu certo... Acabou'
- É não deu...?
Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou.
E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
E não temos esta coisa completa.
Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é malhada, mas não é sensível.
Tudo nós não temos.
Perceba qual o aspecto que é mais importante e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro.
Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.
E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
Acho que o beijo é importante... E se o beijo bate... Se joga... Se não bate... Mais um Martini, por favor... E vá dar uma volta.
Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra...
O outro tem o direito de não te querer.
Não lute, não ligue, não dê pití.
Se a pessoa tá com dúvida, problema dela, cabe a você esperar ou não.
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta.
Nada de drama.
Que graça tem alguém do seu lado sob chantagem, gravidez, dinheiro, recessão de família?
O legal é alguém que está com você por você. E vice versa.
Não fique com alguém por dó também.
Ou por medo da solidão.
Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.
E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.
Tem gente que pula de um romance para o outro.
Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?
Gostar dói.
Você muitas vezes vai ter raiva, ciúmes, ódio, frustração.
Faz parte. Você namora um outro ser, um outro mundo e um outro universo.
E nem sempre as coisas saem como você quer...
A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.
Se alguém vier com este papo, corra, afinal, você não é terapeuta.
Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.
Na vida e no amor, não temos garantias.
E nem todo sexo bom é para namorar.
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.
Nem todo beijo é para romancear.
Nem todo sexo bom é para descartar. Ou se apaixonar. Ou se culpar.
Enfim... Quem disse que ser adulto é fácil?