quinta-feira, novembro 29, 2007

::: Iris :::
Goo Goo Dolls

And I'd give up forever to touch you,
Cause I know that you feel me somehow.
You're the closest to heaven that I'll ever be,
And I don't want to go home right now.

And all I can taste is this moment,
And all I can breathe is your life,
And sooner or later it's over,
I just don't want to miss you tonight.

And I don't want the world to see me,
Cause I don't think that they'd understand.
When everything's made to be broken,
I just want you to know who I am.

And you can't fight the tears that ain't coming,
Or the moment of the truth in your lies.
When everything feels like the movies,
Yeah you bleed just to know you're alive.

domingo, novembro 25, 2007

::: Evite ser traído :::
Arnaldo Jabor


Você deve estar perguntando porque eu gastaria meu precioso tempo falando sobre isso. Entretanto, a aflição masculina diante da traição vem me chamando a atenção já há tempos.

Mas o que seria uma "mulher moderna"? A princípio seria aquela que se ama acima de tudo, que não perde (e nem tem) tempo com / para futilidades, é aquela que trabalha porque acha que o trabalho engrandece, que é independente sentimentalmente dos outros, que é corajosa, companheira, confidente, amante... É aquela que às vezes têm uma crise súbita de ciúmes, mas que não tem vergonha nenhuma em admitir que está errada e de correr pros seus braços... É aquela que consegue ao mesmo tempo ser forte e meiga, desarrumada e linda... Enfim, a mulher moderna é aquela que não tem medo de nada nem de ninguém, olha a vida de frente, fala o que pensa e o que sente, doa a quem doer...

Assim, após um processo "investigatório" junto a essas "mulheres modernas" pude constatar o pior.

** VOCÊ SERÁ (OU É???) "corno", ao menos que:

-Nunca deixe uma "mulher moderna" insegura.
Antigamente elas choravam. Hoje elas simplesmente traem, sem dó nem piedade.

- Não ache que ela tem poderes "adivinhatórios".
Ela tem de saber da sua boca o quanto você gosta dela. Qualquer dúvida neste sentido poderá levar as conseqüências expostas acima.

- Não ache que é normal sair com os amigos (seja pra beber, pra jogar futebol) mais do que duas vezes por semana, três vezes então, é assinar atestado de "chifrudo".
As "mulheres modernas" dificilmente andam implicando com isso, entretanto, elas são categoricamente "cheias de amor pra dar" e precisam da "presença masculina". QUALQUER UMA . Se não for a sua meu amigo...! ! !

-Quando disser que vai ligar, ligue, senão o risco dela ligar pra aquele ex-bom de cama é grandessíssimo.

- Satisfaça-a sexualmente.
Mas não finja satisfazê-la. As "mulheres modernas" têm um pique absurdo em relação ao sexo e, principalmente dos 30 aos 58 anos, elas pensam, e querem fazer sexo TODOS OS DIAS (pasmem, mas a pura verdade)... Bom, nem precisa dizer que se não for com você..! ! ! !

-Lhe dê atenção.
Mas principalmente faça com que ela perceba isso.

- Seja muito carinhoso, sempre.
Garanhões mau (ou bem) intencionados sempre existem, e estes quando querem são peritos em levar uma mulher nas nuvens. Então, leve-a você, afinal, ela é sua ou não é ????

- Nem pense em provocar "ciuminhos" vãos.
Como pude constatar, mulher insegura é uma máquina colocadora de chifres .

- Em hipótese alguma a deixe desconfiar do fato de você estar saindo com outra.
Essa mera suposição da parte delas dá ensejo a um "chifre" tão estrondoso que quando você acordar, meu amigo, já existirá alguém MUITO MAIS "comedor" do que você... só que o prato principal, bem...dessa vez é a SUA mulher.

-Sabe aquele bonitão que você sabe que sairia com a sua mulher a qualquer hora?
Bem... de repente a recíproca também pode ser verdadeira. Basta ela, só por um segundo, achar que você merece... Quando você reparar... já foi.

-Tente estar menos "cansado".
A "mulher moderna" também trabalhou o dia inteiro e, provavelmente, ainda tem fôlego para - como diziam os homens de antigamente "dar uma", para depois, virar de lado e simplesmente dormir.

- Volte a fazer coisas do começo da relação.
Se quando começaram a sair viviam se cruzando em "baladas", "se pegando" em lugares inusitados, trocavam e-mails ou telefonemas picantes, a chance dela gostar disso é muito grande, e a de é sentir falta disso então imensa. A "mulher moderna" não pode sentir falta dessas coisas ... senão...

Bem amigos, aplica-se, finalmente, o tão famoso jargão "Quem não dá assistência, abre espaço para a concorrência e perde a preferência". Deste modo, se você está ao lado de uma mulher de quem realmente gosta e tem plena consciência de que, atualmente o mercado não está pra peixe (falemos de qualidade), pense bem antes de dar alguma dessas "mancadas"..

Proteja-a, ame-a, e principalmente, faça-a saber disso. Ela vai pensar milhões de vezes antes de dar bola pra aquele "bonitão" que vive enchendo-a de olhares... e vai continuar, sem dúvidas, olhando só pra você!!!

sábado, novembro 17, 2007

::: Homem briefing :::
Tati Bernardi

Um dia minha terapeuta falou pra mim: “Você precisa formatar esse homem que você quer. Parar de se perder pelo meio do caminho com gente que não tem nada a ver com você.”

Cheguei em casa e fiz o que os publicitários chamam de briefing. Coloquei em um papel todos os aspectos, formatos, intelectos, medidas, cores, palavras, sentimentos e modos que esse macho deveria ter: 35+, bem-sucedido (mas porque ralou e não porque nasceu rico), moreno, não muito alto, não muito baixinho, forte (mas não malhado), sensível, mas que saiba carregar peso e resolver problemas burocráticos, engraçado, mas sem muitas piadas com pum, que ame a família, mas que queira também constituir uma, que ame as crianças, mas que nem por isso queira ser uma, que ame os cachorros, mas que nem por isso queira ser um, que ame a sua mãe, mas que nem por isso queira que eu seja a mãe dele, que chore vendo TV, desde que não seja o campeonato dublado de pôquer e que ame os amigos, mas que nem por isso dependa deles para ter personalidade.

Que use um anti-sinais, mas �s vezes fique com preguiça do banho (homem sempre limpo e cremoso também não dá), que tenha uma quantidade média de pêlos, despelado não dá, tampouco macaco. Que corte as unhas do pé, mas jamais use base nas unhas da mão, que tenha uma barriguinha de leve para que eu não fique neurótica com a minha bunda molinha, que, quando de frente para o espelho, olhe sua careca e jamais os músculos da sua bunda, que respire de um jeito aceitável quando dorme depois de beber e que jamais, jamais, jamais: vomite.

Que more sozinho, goste de ler (John Fante e Nelson Rodrigues, por favor!), goste de sexo “olho-no-olho” e não só de sexo “canal pago”, goste de viajar, mas nem por isso deixe de aproveitar os cinemas e os restaurantes maravilhosos de São Paulo, que seja um pouquinho “cafa”, mas só comigo e que goste de uma mistura louca entre Truffaut, Fernando Meirelles, Spike Lee, Orson Welles, bossa nova, eletrônico, Jammie Cullum, Franz Ferdinand, Frank Sinatra, Billie Holiday, Cartola, Elvis e… Alcione (adoro “a marrom”, ninguém é perfeito!).

Bom, na verdade o texto tinha umas 18 páginas (só para gosto musical, cinematográfico e literário iam umas boas 10).

Assim que terminei meu briefing de homem perfeito, não deu três dias ele apareceu. Dizem pra gente tomar cuidado com o que deseja, pois é. Trocamos alguns e-mails, telefonemas e, a identificação foi tanta que no dia do nosso primeiro encontro eu quase fui de vestido de noiva.

Ele escolheu o restaurante perfeito, me buscou na hora certa, usou o perfume certo, colocou o CD certo e disse todas as palavras certas, com direito a uma cultura invejável que calou a minha boca e me fez ter vergonha da minha listinha de músicas, filmes e livros.

Durante o jantar me fez rir o tempo todo, pediu o prato certo, o vinho certo, a sobremesa certa e, pra completar sua desenvoltura impecável, pagou tudo.

De volta ao carro ele abriu a porta para mim, me deixou comandar o ar-condicionado, mas não me deixou comandar a discotecagem, afinal, homem precisa ser só meio comandado: totalmente comandado é coisa de fraco e nada comandado é coisa de grosseiro. Perfeito!
Me deixou na porta de casa, desceu do carro comigo, me acompanhou até o elevador. Me deu um beijinho carinhoso, mas não tentou me agarrar, afinal, mistério para o próximo encontro é perfeito.

No dia seguinte, logo pela manhã, me mandou flores.

Sim, finalmente eu havia encontrado o homem briefing, ele existia, ele podia ser meu.

Só continuo solteira porque, infelizmente, nunca mais quis falar com ele. Que cara chato!

sexta-feira, novembro 16, 2007

::: Pra que se vive? :::
Tati Bernardi

Sempre me perguntei pra que se vive, afinal. Quando eu era criança achava que eu vivia porque assim meus pais queriam. Me colocaram no mundo, me deram de comer, me compraram arquinhos de cabelo que combinavam com o vestidinho. Me entucharam de brinquedos e de alertas. O mínimo que eu podia fazer por eles era seguir respirando, acordando, passando fio dental, indo ao banheiro pelo menos depois de comer ameixa.

Depois, quando eu era adolescente, achei que a gente vivia para gostar de alguém. Se tivesse ao menos um garoto bonitinho na escola, valia a pena acordar cedo. Se tivesse ao menos um garoto bonitinho no inglês, valia a pena abrir mão da sonequinha da tarde. Se tivesse ao menos um garoto bonitinho irmão de uma amiga, valia a pena encher o saco da minha mãe para dormir na casa da amiga. Só podia ser isso! Ou se vive pra estudar matemática? Geografia? Comer legumes? Não podia ser. A única coisa que podia ser, era viver pra sentir o coração disparar por qualquer garotinho bonitinho. De preferência um que tivesse sardinhas no rosto ou furinho no queixo.

No final da adolescência, eu comecei a achar que se vivia pra ser alguém. Entrar na faculdade. Arrumar um emprego. Ser alguém. Fiz tudo isso. Entrei na faculdade. Arrumei 456 empregos os quais larguei 456 vezes. E nesse tempo todo fui vários “alguém” e nenhum alguém 456 vezes. Porque ser alguém não tem nada a ver com essa vontade desesperada de ser alguém. E continuei sem saber afinal para o que se vive. Porque a faculdade e o deslumbre com os primeiros dias de trabalho são espaços curtos demais para uma vida inteira. Não se vive exclusivamente pra isso. Não se vive pra pegar trânsito, ter um chefe que tira uma vírgula sua e coloca em outro lugar só pra mostrar que é seu chefe. Não se vive pra bater cartão e pagar self-service com Visa Vale.

Definitivamente não se vive pra isso. E lá ia eu pedir demissão pra tentar descobrir pra que se vive. Será que para salvar as criancinhas, o planeta, os animaizinhos, os aposentados, as árvores, as praias, as formigas? Não, não se vive pra mudar o mundo, o bairro, meu quarto. Porque a gente não muda nem o jeito de escovar os dentes. Essa é a verdade.

Daí achei que vivemos para fazer o que gostamos e ponto final. Como se fosse uma missão para a qual Deus nos enviou. E a minha era escrever, escrever, escrever. Programas de TV, colunas em revistas, novelas, livros, filmes. Tudo. Eu vivia para ter sucesso nisso. E então vim trabalhar em casa e mergulhei nisso da maneira desajeitada de sempre. Mas descobri que comer a Gisele Bundchen numa ilha deserta é o mesmo que punheta. Que graça tem lançar um livro se você não tem amigos pra ligar e falar “porra, cara, vou lançar um livro!”. Nenhuma.

Aí achei então que se vive para as pessoas. Se você tem dez pessoas de quem gosta muito, taí um motivo para se viver. E eu gostava mais ou menos disso: de dez pessoas. E vivia para isso. Para no final do dia tomar um vinho com uma dessas pessoas e brindar o mistério que é não saber pra que se vive. E eu e minhas dez pessoas viveríamos bem até os últimos dias...Mas não é bem assim que funciona, vocês sabem. As pessoas casam, mudam de pais, resolvem ficar chatas, resolvem te achar chata, resolvem não beber mais vinho. Infelizmente não se vive para as pessoas. E quanto mais os anos passam mais você descobre que as mil pessoas maravilhosas viram cem que viram dez que viram duas. E essas duas são insuportáveis, mas são as que sobraram. E você intercala as duas pra não se irritar em dobro.

Ahhh tudo é tão chato, não é mesmo? Foi então que descobri que talvez se viva para dormir. Comprei uma cama gostosa, colchão bom, enchi de almofadas, colei borboletas na parede. Minha casa não tem telefone. Dormir, dormir, dormir. Para nunca mais pensar pra que se vive. E quem disse que dá certo? Eu sonhava toda noite que percorria o mundo atrás da mesma pergunta. E sonhava com velhos sábios, meus coleguinhas do primário, minha professora de yoga, meu 456 ex namorados (definitivamente não se vive para nenhum deles, até porque se você faz isso, eles saem correndo rapidinho), meu avô, um rato morto, um assaltante, a novela das oito, sei lá. Eu percorria o mundo atrás da resposta. E acordava cansada e com mais sono. Esse negocio de dormir não resolve o problema de ninguém.

Aí um dia, depois de uma dessas noites de correr o cérebro, acordei com uma idéia fixa: nascemos pra gerar vida! Sim, eu precisava ser mãe. E fiquei obcecada pela idéia. Eu, um ser com a conta vermelha, sem papel higiênico e sem namorado, louca pra ser mãe. Mas não foi isso que minha mãe fez comigo? Achou que a razão da sua vida era ser mãe...bom, ela não é das pessoas mais felizes do mundo e eu não sou das pessoas mais bem resolvidas do mundo por ser o centro da vida dela. Não, não se vive para ser mãe. É lindo ser mãe, mas não pode ser a única coisa da vida de um ser.

E segui procurando. Talvez a gente viva pra conhecer o mundo, pra andar numa motoquinha em Paris, pra ouvir todas as músicas lindas, pra ler todos os livros bons, pra fazer sexo com amor, pra sair dando pra meio mundo, pra pagar os pecados, pra dançar, pra quebrar o pau com todo mundo, pra ser superficial ou leve e adorar todo mundo como se fosse possível viver em paz aceitando todos e sendo aceita. Pra malhar a bunda, pra chorar num concerto no Teatro Municipal, pra comer um doce, pra ver o Wagner Moura com aquela cara de macho, pra assistir “Love in the Afternoon” do Billy Wilder, pra levar a Lolita no dentista de cachorros, pra olhar ele pela última vez que nunca é a última vez e chorar pela última vez que nunca é a última vez. Tudo isso? Nada disso? E segui procurando.

Então pra que? Pra quem? Por que? Por que acordo todos os dias? Se eu sinto prazer em escrever é para que alguém leia. Alguém que certamente vai me magoar um dia. E vai embora. Se eu ganho dinheiro é para comprar coisas que um dia vão acabar. Se eu rezo é para ter uma paz que daqui a pouco vai embora. Tudo vai embora. Todos vão embora. Se tudo acaba, então, meu Deus, pra que se vive? Pra que?

E nessa de tanto perguntar, não é que descobri! Eu acho, de verdade, do fundo da minha alma, que se vive única e exclusivamente para se viver.

quarta-feira, outubro 17, 2007

::: Imagem :::
Ana Paula Mangeon

Costumo confundir a impressão com a essência
A possibilidade com a certeza.
A teoria com a prática.
A notícia com o fato.

Confundo o que é com o que invento.
Até que me lembro
Que parecido não significa igual.
E que o semelhante nunca será aquilo a que se assemelha.

Aquilo no espelho, é só uma imagem.

domingo, outubro 07, 2007

::: Fugazes :::
Ana Paula Mangeon

Era um menino lindo,
e sabia conversar,
e se entregava ao beijar .

E era sábado
e já tinhamos bebido demais

E me deu todos seus telefones
e eu idem
E não vou ligar
e nem ele.
::: Vivo ou morto. Meu reino por um homem interessante. :::
Tati Bernardi

Não sei mais o que fazer das minhas noites durante a semana. Em relação aos finais de semana já desisti faz tempo: noites povoadas por pessoas com metade da minha idade e do meu bom senso. Nada contra adolescentes, muitos deles até são mais interessantes e vividos do que eu, mas to falando dos “fabricação em série”. Tô fora de dançar os hits das rádios e ter meu braço ou cabelo puxado por um garoto que fala tipo assim, gata, iradíssimo, tia. Tinha me decidido a banir a palavra “balada” da minha vida e só sair de casa para jantar, ir ao cinema ou talvez um ou outro barzinho cult desses que tem aberto aos montes em bequinhos charmosos. Mas a verdade é que por mais que eu ame minhas amigas, a boa música e um bom filme, meus hormônios começaram a sentir falta de uma boa barba pra se esfregar.

Já tentei paquerar em cafés e livrarias, não deu muito certo, as pessoas olham sempre pra mim com aquela cara de “tô no meu mundo, fique no seu”. Tentei aquelas festinhas que amigos fazem e que sempre te animam a pensar “se são meus amigos, logo, devem ter amigos interessantes”. Infelizmente essas festinhas são cheias de casais e um ou outro esquisito desesperado pra achar alguém só porque os amigos estão todos acompanhados. To fora de gente desesperada, ainda que eu seja quase uma.

Baladas playbas com garotas prontas para um casamento e rapazes que exibem a chave do Audi to mais do que fora, baladas playbas com garotas praianas hippye-chique que falam com voz entre o fresco e o nasalado (elas misturam o desejo de serem meigas com o desejo de serem manos com o desejo de serem patos) e rapazes garoto propaganda Adidas com cabelinho playmobil também to fora.

O que sobra então? Barzinhos de MPB? Nem pensar. Até gosto da música, mas rapazes que fogem do trânsito para bares abarrotados, bebem discutindo a melhor bunda da firma e depois choram “tristeza não tem fim, felicidade sim” no ombro do amigo, têm grandes chances de ser aquele tipo que se acha super descolado só porque tirou a gravata e que fala tudo metade em inglês ao estilo “quero te levar pra casa, how does it sounds?”

Foi então que descobri os muquifos eletrônicos alternativos, para dançar são uma maravilha, mas ainda que eu não seja preconceituosa com esse tipo, não estou a fim de beijar bissexuais sebosos, drogados e com brinco pelo corpo todo. To procurando o pai dos meus filhos, não uma transa bizarra. Minha mais recente descoberta foram as baladinhas também alternativas de rock. Gente mais velha, mais bacana, roupas bacanas, jeito de falar bacana, estilo bacana, papo bacana… gente tão bacana que se basta e não acha ninguém bacana. Na praia quem é interessante além de se isolar acorda cedo, aí fica aquela sensação (verdadeira) de que só os idiotas vão à praia e às baladinhas praianas. Orkut, MSN, chats… me pergunto onde foi parar a única coisa que realmente importa e é de verdade nessa vida: a tal da química. Mas então onde Meu Deus? Onde vou encontrar gente interessante? O tempo está passando, meus ex já estão quase todos casados, minhas amigas já estão quase todas pensando no nome do bebê,… e eu? Até quando vou continuar achando todo mundo idiota demais pra mim e me sentindo a mais idiota de todos? Foi então que eu descobri. Ele está exatamente no mesmo lugar que eu agora, pensando as mesmas coisas, com preguiça de ir nos mesmos lugares furados e ver gente boba, com a mesma dúvida entre arriscar mais uma vez e voltar pra casa vazio ou continuar embaixo do edredon lendo mais algumas páginas do seu mundo perfeito.

A verdade é que as pessoas de verdade estão em casa. Não é triste pensar que quanto mais interessante uma pessoa é, menor a chance de você vê-la andando por aí?

quarta-feira, outubro 03, 2007

::: Way out :::
Ana Paula Mangeon

O problema de se estar quase sempre muito sozinha não é que falte alguém. O desconforto procede desse excesso de mim, de ter tempo e espaço para mergulhar em quem eu sou e me descobrir. Assusto-me com minhas nuances. E quanto mais eu me sei mais impossível de lidar eu me considero. Conhecer-me tão bem é um peso, um peso que não chega a ser uma dor mas incomoda discretamente. Eu não tenho desculpas para nada. O que digo é o que quero dizer. O que sinto é integralmente o que sinto. E eu digo muitas coisas e sinto tudo muito intensamente. E não penso antes de dizer nem me preocupo antes (nem depois) de sentir.

Apaixonava-me então, de tempo em tempo, ou me mantinha apaixonada. Assim girava o foco para fora de mim e me desentendia um pouco. Apaixonar-me dava a oportunidade de me surpreender comigo. E de romance em romance – todos imaginários – fui descobrindo meus limites, minhas canduras, minhas amarguras. Os limites do quanto eu podia me entregar, do quanto não. Até que aconteceu.

De ter o “viver um grande amor” tão minuciosamente planejado, de saber-me ação e reação e pôr-me a esperá-lo, racionalizei também a paixão. E a paixão virou uma outra coisa, inominável, porque não há jeito de sentimento ser sentido quando permeado de razão.

E quando o telefone não toca, eu já não me preocupo. Faço um café com leite. Abro um livro. E quando a saudade aperta, um escrevo uma bobagem e dou um sorriso.

Eu já conheço minha alma bem demais. Demais.

Preciso de pronomes que não sejam eu.
Emergir, enfim, de minh’alma. Romper o casulo.
Preciso de Você. Do outro.
Cuidar de. Não me.
Quero Tu. Te.
Quiçá Nós.
Seja lá Nós, quem formos.

Preciso me desconhecer completamente.
::: Bom dia :::
Ana Paula Mangeon

Acordar como quem ressuscita
sonhos bons, vertigens como cócegas.
Acordar como quem volta de um lugar
onde tempo e espaço não importam
pois não há números,
nem é preciso fazer contas...
::: Exigência :::
Ana Paula Mangeon

Chame com qualquer nome,
rosa, coisa, amiga, esposa.
Eu não preciso de batismo.
Se sonegue, se divida
me coloque ora sim, ora não na sua vida.
Diga que estamos juntos
faça que a gente não existe.
Nomes, rótulos, planos? Para quê?
Basta não me deixar ficar triste.

quarta-feira, setembro 26, 2007

::: Delivery :::
Tati Bernardi

Quando paramos em frente ao flat, lembro que ainda perguntei mais uma vez se era isso mesmo o que ela queria. Ela apenas me olhou e sorriu triste. Como quando a pessoa está cansada de saber da dor do dia seguinte mas insiste em congelar um dia. E saiu do carro com delicadeza e uma esperança infantil de eternizar segundos.

Olhei ela entrando, de longe. Aquilo foi terrível. Queria sair gritando e agarrá-la pelo pescoço. E dizer mais uma vez que ela não precisava disso. E que uma hora tudo iria ser tão lindo e saudável e preenchedor. Mas a deixei ir, como uma mãe que sabe que o filho vai sofrer mas acha inevitável abrir as pernas para libertá-lo.

Três coisas facilitaram que ela achasse a vida muito divertida: o óculos escuro vagabundo que ela ganhou no casamento, as havaianas pra quando o pé cansasse e o fato de que a noite ia começar quando o dia já estava para nascer.

No elevador ela se achou absolutamente linda. Coisa que só achava nessas situações em que ninguém poderia saber o que ela estava fazendo. Ela se transformava em personagem para enganar a vida chata e todas as suas imperfeições. Tive dó quando vi a alegria que ela sentiu ao ver aquele corredor com dezenas de números. Era como uma gincana inocente onde só uma porta tinha o bilhete premiado e ela era a única que sabia o número.

Depois esperei, do lado de fora. Tudo virar frio. Ela se cansar do frio. Ela procurar o controle remoto do ar condicionado e não encontrar e morrer de frio. E querer um pedaço da coberta mas não ter mais permissão para querer. E querer um abraço mas não ser mais permitido ganhar isso. E querer pedir ajuda em relação ao frio mas não ser mais permitido pedir ajuda. E querer ser vista mas não ser mais permitido existir.

Esperei ela finalmente cansar do frio e se levantar sem fazer barulho. E enfrentar o dia seguinte, com tudo o que ele tem de real. A realidade cheia de pontas cortantes. A realidade que transforma uma mulher cheia de sonhos e carinhos e algumas boas frases em mais uma pizza que esfriou. Um delivery vencido.

E esperei sofrendo o momento em que ela se olharia no espelho e diria com os olhos borrados que sua ficha caiu. E esperei ela resgatar pelos cantos não íntimos, em silêncio e sem cúmplice, tudo o que era seu com medo de deixar algum rastro ou parecer boba.

Esperei sentadinha do lado de fora, com o coração na mão. Com medo dela fazer alguma besteira como beija-lo quatorze vezes mesmo ele sendo mais um desses caras que não vão sequer até a porta pra se despedir ou ligam para saber se o táxi chegou direito.

Ainda assim, ela é uma dessas garotas que beijam mais um desses caras quatorze vezes. Porque um desses caras, que dá vontade de beijar quatorze vezes, aparece a cada quatorze caras. E ela se despediu de uma felicidade e uma gentileza que existiram apenas na sua emoção. O que já era algo nessa vida chata cheia de gente chata. Alguém que despertava a sua emoção.

E ela finalmente saiu. Ela e seu sorriso triste novamente. Agora um pouco mais triste mas ainda assim iluminado. Ela e sua vontade de tomar banho quente e comer pão de queijo e voltar a ser apenas uma menina que sonha com alguém para se fazer isso junto, pela manhã. Com a maquiagem borrada e o vestido de ontem. E medo de ser confundida com puta na recepção do flat. E com medo dela própria, mais tarde, se confundir com puta.

Ela e seus óculos de brinquedo para esconder de brinquedo uma emoção de brinquedo. Usando sua havaianas para uma alma cansada. Achando graça que o dia terminava justamente porque começava de novo.

No Ibirapuera as pessoas corriam numa maratona. Cheias de certeza. Ela olhou tudo aquilo com um sono profundo. Enquanto alguns corriam, ela só queria parar. Parar em algum braço, em algum abraço. Parar finalmente. E tomar o banho quente e comer pão de queijo. E ter abraços permitidos para sempre. E poder reclamar do frio para sempre. Ela só queria se sentir quente, ainda que fosse de despedida.

Ela sabia que era amor de um dia e tinha topado, mas não aceitava que o amor de um dia tivesse acabado sem amor. Foi então que eu perguntei de novo, se era isso mesmo o que ela queria. E ela respondeu que não, não era. Mas na vida só existia uma coisa mais forte do que querer: a própria vida. Ela adormeceu no táxi, cansada o suficiente pra não se sentir suja e boba o suficiente pra engolir a saliva feliz, como se ainda pudesse reviver algo que havia morrido tão rápido.

Achei aquilo lindo, achei que aquilo era a vida. E acabei dando finalmente o abraço eterno que ela tanto queria e que eu tanto queria. Ainda que se perdoar não melhore a solidão de ninguém.
::: Hey There Delilah :::
Plain White T's


Hey there Delilah
What's it like in New York City?
I'm a thousand miles away
But girl tonight you look so pretty
Yes you do
Times Square can't shine as bright as you
I swear it's true

Hey there Delilah
Don't you worry about the distance
I'm right there if you get lonely
Give this song another listen
Close your eyesListen to my voice it's my disguise
I'm by your side

Oh it's what you do to me
Oh it's what you do to me
Oh it's what you do to me
Oh it's what you do to me
What you do to me

Hey there Delilah
I know times are getting hard
But just believe me girl
Someday I'll pay the bills with this guitar
We'll have it good
We'll have the life we knew we would
My word is good

Hey there Delilah
I've got so much left to say
If every simple song I wrote to you
Would take your breath away
I'd write it all
Even more in love with me you'd fall
We'd have it all

Oh it's what you do to me
Oh it's what you do to me
Oh it's what you do to me
Oh it's what you do to me

A thousand miles seems pretty far
But they've got planes and trains and cars
I'd walk to you if I had no other way
Our friends would all make fun of us
and we'll just laugh along because we know
That none of them have felt this way
Delilah I can promise you
That by the time we get through
The world will never ever be the same
And you're to blame

Hey there Delilah
You be good and don't you miss me
Two more years and you'll be done with school
And I'll be making history like I do
You'll know it's all because of you
We can do whatever we want to
Hey there Delilah here's to you
This one's for you

Oh it's what you do to me
Oh it's what you do to me
Oh it's what you do to me
Oh it's what you do to me
What you do to me.

domingo, setembro 02, 2007

::: Say OK :::
Vanessa Hudgens

You are fine
You are sweet
But I'm still a bit naive with my heart
When you're close
I don't breathe
I can't find the words to speak
I feel sparks
But I don't wanna be into you
If you are not looking for true love, oh oh
No I don't wanna start seeing you
If I can't be your only one
So tell me when it's not alright

When it's not ok
Will you try to make me feel better?
Will you say alright? (say alright)
Will you say ok? (Say ok)
Will you stick with me through whatever?
Or run away (Say that it's gonna be alright. That it's gonna be ok)
Say Ok.

When you call I don't know if I should pick up the phone every time
I'm not like all my friends who keep calling up the boys, I'm so shy
But I don't wanna be into you
If you don't treat me the right way
See I can only start seeing you
If you can make my heart feel safe (feel safe)

When it's not alright When it's not ok
Will you try to make me feel better?
Will you say alright? (say alright)
Will you say ok? (Say ok)
Will you stick with me through whatever?
Or run away (Say that it's gonna be alright. That it's gonna be ok Don't run away, don't run away)

Let me know if it's gonna be you
Boy, you've got some things to prove
Let me know that you'll keep me safe
I don't want you to run away so
Let me know that you'll call on time
Let me know that you won't be shy
Will you wipe my tears away
Will you hold me closer

When it's not alright
When it's not ok
Will you try to make me feel better
Will you say alright? (say alright)
Will you say ok? (Say ok)
Will you stick with me through whatever?
Or run away (Say that it's gonna be alright. That it's gonna be ok)
Say OK (Don't run away, don't run away)
(Say that it's gonna be alright. That it's gonna be ok, don't run away)
Will you say OK (Say that it's gonna be alright. That it's gonna be ok)

quinta-feira, abril 19, 2007

::: Contagem de Corpos :::

Texto lido por Tico Santa Cruz, vocalista dos Detonautas, na escadaria da Assembléia Legislativa do RJ

"Os Deputados, Senadores, Prefeitos, Governadores e Presidentes, desfrutam de muitos privilégios PAGOS com o dinheiro do povo. E nós contamos os corpos... Seus filhos estudam em colégios particulares e muitos de seus parentes quando precisam são atendidos e, excelentes hospitais que não pertencem a rede pública.

ANDAM EM CARROS BLINDADOS e moram em locais da cidade protegidos por seguranças particulares.

E nós contamos os corpos...

55% dos deputados estaduais residentes nesta Assembléia Legislativa estão respondendo a processos cível, criminal ou eleitoral, enquanto você sequer pode prestar concurso público se estiver envolvido em algum processo judicial

E nós contamos os corpos...

Os políticos brasileiros são processados por fraudes, corrupção, desvio de verbas ou qualquer crime cometido ao longo de seu mandato TEM DIREITO A JULGAMENTO EM FORO PRIVILEGIADO .Até o momento nenhum político envolvido nos crimes e nos escândalos de corrupção que acompanhamos pelos jornais e TVs foram parar atrás das grades .

Isso chama-se IMPUNIDADE .

E nós contamos os corpos...

Verbas que deveriam ser destinadas a Rede Pública de Ensino, aos Hospitais, a Segurança de nossas Comunidades são desviadas por muitos destes cidadãos que deveriam nos defender e nos representar.

E nós contamos os corpos...

O Supremo Tribunal Federal retomou dia primeiro de março o julgamento de recurso destinado a garantir o foro privilegiado a "agentes políticos" processados por improbidade administrativa, mesmo que ja tenham deixado o cargo.

Dos 11 ministros do STF 6 já votaram a favor dos político e um contra. Restam votar 4 ministros. A medida, se aprovada, impedirá que ministros de Estado e o presidente da república sejam fiscalizados por procuradores na primeira instância da Justiça, como ocorre hoje .

Além de paralisar os processos em andamento a decisão do STF permitirá que administradores já condenados possam pedir a RESTITUIÇÃO de valores que foram obrigados a devolver aos cofres públicos. Cerca de 10 mil inquéritos e ações judiciais contra autoridades acusadas de corrupção podem ser arquivadas . Os defensores do foro privilegiado querem que presidentes, ministros, governadores e prefeitos envolvidos em corrupção não sejam mais atingidos pela lei.

O Código Penal Brasileiro é de 1940.

E nós contamos os corpos...

Um soldado da policia militar ganha R$ 800 reais por mês. Um professor ganha em média R$ 400 reais por mês. Um médico do SUS ganha em média R$ 1.500 reais.O Estado gasta em média com nossas crianças R$ 300 reais por mês. Um preso custa aos cofres públicos em média R$ 800 reais por mês e todos nós sabemos que o Estado não oferece nas penitenciárias NENHUMA CONDIÇÃO DE REABILITAÇÃO dos apenados, cabendo a sociedade arcar com todos estes custos e mais os salarios dos nossos políticos que passam DE SESSENTA MIL REAIS!

E nós contamos os corpos...

O Rio de Janeiro está em guerra enquanto nossos representantes não fazem nada.
E nós contamos os corpos...

Fim da impunidade.
Fim da imunidade parlamentar.
Fim do voto secreto no Congresso Nacional.
Queremos segurança, educação e saúde de qualidade pois pagamos por isso.
SEM JUSTIÇA NÃO HÁ PAZ .
Deputados assumam suas responsabilidades pois elas são do mesmo tamanho de seus privilégios.

Enquanto nós contamos os corpos.

Ass: "Voluntários da Pátria"

quarta-feira, abril 04, 2007

::: Big Girls Don't Cry :::
Fergie

The smell of your skin lingers on me now
You're probably on your flight back to your hometown
I need some shelter of my own protection baby
Be with myself in center, clarity
Peace, Serenity

I hope you know, I hope you know
That this has nothing to do with you
It's personal, myself and I
We got some straightening out to do
And I'm gonna miss you like a child misses their blanket
But I've gotta get a move on with my life
It's time to be a big girl now
And big girls don't cry

The path that I'm walking, I must go alone
I must take the baby steps til I'm full grown,full grown
Fairy tales don't always have a happy ending do they
And I forseek the dark ahead if I stay

Like a little school mate in the school yard
We'll play jacks and uno cards
I'll be your best friend and you'll be mine
Valentine
Yes you can hold my hand if you want to
'cause I wanna hold yours too
We'll be playmates and lovers and share our secret worlds
But it's time for me to go home
It's getting late, dark outside
I need to be with myself in center, clarity
Peace, Serenity
::: Vai lemão! :::

Tati Bernardi.

É errado ter um programa idiota na televisão que arrecada mais dinheiro (da audiência, dos intervalos, dos “merchans”…) que qualquer programa educativo, informativo ou socioambiental? É.
É errado pensar que o Zé pode não ter dinheiro suficiente para o arroz, mas gasta lá seu mísero dinheirinho suado numa ligação para votar no BBB 7? Opa se é.
E ficar vendo o alemão ensinar um argentino a falar “posso te encoxar” enquanto o mundo se esvai em violência, caos nos aeroportos e aquecimento? Erradíssimo.Mas sabe o quê? Por isso é que é tão bom. Porque é errado. Porque está todo mundo com o saco cheio do que é certo. Porque está todo mundo com o saco cheio de ser certo se o mundo é tão errado. Viva o alemão!
Na próxima noite de terça eu não saio de casa nem que o Clive Owen queira me levar ao DOM (tem tv no DOM?). Torcer pelo alemão, ainda que seja óbvia a sua vitória esmagadora, me anima mais que a Copa do Mundo, o Manhattan Connection (o Mainardi não gosta de música!) , o novo filme do Woody Allen, a nova Piauí (muita coisa pra ler, né?) ou qualquer visita de um macho alpha de primeiríssima linha (dá pro macho alpha chegar depois que acabar o programa?). Sim, é errado torcer assim por um bombado com sotaque de paulista “forgado” e que nos presenteou com nada mais, nada menos, que banalidade: a velha fórmula de gostar da mocinha do interior difícil e apenas “usar” a urbaninha que vai lá e faz o que está com vontade de fazer. Ainda assim, terça que vem vou estar colada na tv, torcendo pelo meu querido Diego.
É errado perder tempo com um programa que paga uma torcida falsa, explora a população e em troca não dá nenhum segundo de conteúdo inteligente. Mas eu fico me perguntando, então, o que seria o certo. Continuar aqui lendo o meu Sartre e com vontade de cortar os pulsos? Continuar todas as manhãs lendo o meu jornal e me dizendo em mantra “mundo de merda, mundo de merda, mundo de merda”? Os jovens já morreram por dias melhores, em que os trabalhadores chegariam ao poder. Adiantou? Agora fica essa sensação de que não tem mais nada pra fazer. Aliás, tem: torcer pelo alemão.
Que bom que existe banalidade. Que bom que eu posso ter um dia de merda entre trânsitos, enchentes, ar podre, chefes escrotos, homens fracos, mais notícias de balas perdidas, colegas de trabalho falsos, pagamentos atrasados, trombadinhas de rádio (é o quinto que me roubam em menos de um ano), novas estrias, vizinhos folgados, parentes malucos e… chegar em casa e ver o alemão passando perfume no pinto. O alemão dizendo que vai pegar um por um. O alemão malhando de sunga branca. O alemão dizendo que fez o que o pai dele ensinou. O alemão dormindo de conchinha. Vai lemão!O Diego exerce em mim o mesmo poder de uma promoção de sapatos. Não é a coisa mais importante da minha vida, é um prazer fugaz, não vai me tornar uma pessoa melhor, mas como me relaxa e me faz feliz naquele curto espaço de tempo. E ser feliz em um curto espaço de tempo já é muita coisa nessa nossa vidazinha chata, não? Vai Diego! Vai Lemão!
Sim, é muito errado torcer para você, mas a vida é errada mesmo. É errada essa casa toda bagunçada e a lasanha fedendo lá na pia suja. É errado ficar recebendo essas visitas aqui, de pessoas que só querem levar pedaços da minha alma mas não me dão em troca sequer um grãozinho de coração. É errado inventar paixões semanais só para não encarar que tudo ficou sério e adulto e chato pra cacete. É errado ter 345 projetos para entregar amanhã e nenhuma idéia de como começar. É tudo tão errado. Aqui dentro da minha casa, aqui dentro do meu peito. E lá fora, no mundo, vixi, nem se fala. É tudo tão chato, tão fraco, tão pouco. Mas o alemão é forte, é engraçado e agora tem um milhão de reais. Ele deu certo! Ele eliminou mal humorado por mal humorado com seu bom humor. Ele pega a mulher que quiser. Ele seduz até os inimigos. Ele deu porrada em alguém lá no Guaruja, mas eu aposto que esse cara que apanhou adora ele. Ele dormia com duas mulheres e isso pegava bem. Inclusive para elas. Ele falou que ia abaixar a calcinha da Carol e ela não mandou ele para o paredão. Preferiu mandar o outro que estava apaixonado por ela, mas jamais o alemão. E sabe qual é a fórmula para o Brasil amar tanto uma pessoa que nem parece brasileira? Ele é feliz. No fundo, mesmo lendo tanto, pensando tanto e filosofando tanto, a gente gosta mesmo é de quem é simples e feliz. A gente não se apaixona por ninguém que vive reclamando e amassando jornais contra a parede. A gente se apaixona por esses tipinhos banais que vivem rindo. E a gente se pergunta: que é que ele tem que brilha tanto? Que é que ele tem que quando chega ofusca todo o resto? Como é que dá pra ser feliz nesse mundo? Vence quem passa por essa vida rindo. E se o preço que se paga por ser um pouco feliz é ser um pouco idiota, dane-se. Eu vou ser bem idiota na terça-feira. Se bobear vou até dar uns “dois real” pro Boninho. Tadinho, deve estar precisando. Lemão! Lemão! Lemão! Vai lemãããão!!!!(Mas se um dia ele for trabalhar no Zorra Total nego até a morte que escrevi esse texto em sua defesa.)