terça-feira, março 31, 2009

::: Take A Bow :::
Ne-Yo

She gave
A round of applause
Followed
By a standing ovation

I feel so dumb right now
Standing outside her house
Trying to apologize
'Cause I told quite a few lies
(Damn)
And she found me out

So now I'm saying sorry
'Cause I am
Though it's very clear to me
That she don't give a damn
Got me out here putting on a show
Neighbors laughing at me
I just want her to know
Without her I can't be happy

So I'm putting on a show
I hope it's entertaining
Don't say we're over now
Please let me in the house

She said
"And the award
For the best lie goes to you
For making me believe
That you could be faithful to me
Let's hear your speech now"
She gave a round of applause
Followed by a standing ovation

Got me out here
Putting on a show
Neighbors laughing at me
I just want her to know
Without her I can't be happy
So I'm putting on a show
Hope it's entertaining
Don't say we're over now
Please let me in the house

Baby, please
Don't say we're over now

segunda-feira, março 30, 2009

::: Tô Aprendendo a Viver Sem Você :::
Detonautas Roque Clube

Venha pra perto de mim e veja como eu estou só
Senta, não olha pro chão
A culpa não foi de ninguem, não, não


Ahh, tô aprendendo a viver sem você

Sei que o dia raiou para mim
Mas pra você tanto fez
Sei que não vou mudar sou assim
Para você sou mais um

Ahh, tô aprendendo a viver sem você
Ahh, tô aprendendo e não quero aprender


Tô voltando pro meu recanto
Lá é bem melhor
Não, não sei quem vai estar me esperando
Eu nunca vou estar só

Ahh, tô aprendendo a viver sem você
Ahh, tô aprendendo e não quero aprender
Ahh, tô aprendendo a viver sem você

domingo, março 29, 2009

::: A grande descoberta :::
Tati Bernardi

-Descobri! Descobri!
-O quê?
-O que eu quero de um homem. Eu finalmente descobri.
-Um filho.
-Não! Eu achava que era…mas no momento não tenho saco nem pra imposto de renda uma vez por ano, vou ter pra filho a vida toda?
-Alguém pra trepar domingo...sabe aquele tesão ridículo que dá ler um livrinho depois do almoço?
-Isso é umas. Mas não é isso.
-Não vai me dizer que é dinheiro.
-Não, isso é bom pra fazer piada em roteiro. Mas na vida real me dá bode.
-Alguém pra ficar na salinha de espera do Samaritano enquanto o médico tenta separar seu dedão das costas da mão, pós surto de ansiedade?
-Isso também parece ser algo lindo enquanto se luta por, mas quando se consegue, a vida fica chata que só.
-Cinema?
-Prefiro ir sozinha. Juro. É bizarro. Mas adoro ir sozinha ao cinema.
-Sair da toca protegida?
-Prefiro sair com as minhas amigas. Com homem o bom é ficar na cama, sair é pra caçar homem, o que não faz sentido com um.
-Jantar?
-Então, eu não como desde 2004.
-Amar?
-Hmmmm, eu já dedico isso inteiramente a mim e estou longe de me dar o suficiente.
-Então eu não sei.
-Eu quero tratar mal. Eu quero tratar mal. Eu quero tratar mal. Eu quero tratar maaaaaaaaaal !!!!!!!!!!!
-Esse é o problema das mulheres.
-Querer tratar vocês mal?
-É, só querer. A gente vai lá e trata. Fim da obsessão.

sábado, março 21, 2009

::: Frase do Dia ::
Desconheço o autor.

"Não trate como prioridade quem te trata como opção."

sexta-feira, março 20, 2009

::: O Amor É Uma Doença :::
Tati Bernardi

Eu não sei guardar coisas. Se eu compro chocolates, como todos no mesmo dia. Se eu compro balas, chicletes, devoro todos em minutos, compulsivamente. Detesto saber que algo me espera, quero acabar logo com aquilo.

Não sei lidar com a responsabilidade da felicidade. A felicidade guardada na bolsa ou na vida. Eu tenho um homem lindo me esperando essa hora, e eu quero com todas as células do meu corpo ir ao encontro dele. Mas eu não sei lidar com tanta felicidade, por isso estou planejando a morte dele.

Estou planejando matá-lo com minha estupidez, quero que ele morra fulminado pelas minhas armas de boicote. Quero que ele perceba o quanto sou chata, ciumenta, louca e doente. E que ele enjoe logo da minha cara abatida de intensidade. Que ele pegue logo bode do meu cansaço em viver tanto, porque vivo muito mesmo quando estou deitada olhando para um ponto fixo.

É tão cansativo ser eu mesma com todos os meus medos e neuroses, e quero que ele sinta o fardo do meu peso. Morra e me liberte dessa alegria incontrolável. Passe desta para uma melhor, porque eu sou um lixo.

Eu lembro daquele conto da Clarice em que a garotinha ruiva guardava os contos para ler depois, porque queria prolongar o mistério da felicidade. Pois eu quero mais é botar fogo em todos os contos de felicidade que a vida escreve para mim, porque por alguma razão maluca a felicidade me escraviza, me paralisa, me faz ficar triste. Eu olho para você e tenho tanta, mas tanta alegria em saber que você existe, que sinto ódio. Ódio de eu não mais esperar por você.

O sentido da minha vida era encontrar você. O motivo para eu seguir adiante nos corredores escuros e bater em portas obscuras, era a sua busca. Agora que você está sentado numa sala clara e óbvia, não preciso mais me enfiar em buracos. Mas os buracos eram a única trilha que eu conhecia.

Você me soltou na atmosfera e eu estou voando. E eu sinto saudades do buraco, da espera, da angústia. Eu sinto falta de olhar triste para o espelho e me sentir metade. Agora que eu tenho você, nem perco mais meu tempo olhando para o espelho, porque só tenho olhos para você. Você me roubou de mim mesma. E eu sou tão ciumenta que estou com ciumes de mim. Você me tirou da minha vida incompleta. E me transformou numa completa idiota. O amor é uma doença. Eu sinto náuseas, febres, dores musculares. Eu acordo assustada no meio da noite. Eu choro à toa.

Eu estava do lado da sujeira, eu era a outra, eu estava por dentro do crime. Você me fez sentir um mundo limpo, verdadeiro e eterno. E esse mundo é tão novo pra mim, que eu te odeio. Que eu estou pequena nele, e preciso de você o tempo todo para me abraçar e dizer que está tudo bem. E quando você não está por perto, eu caio. Porque não sei nada desse mundo de alegrias e coisas bonitas. Você não me deu saída. Você transformou todas as vozes que me davam escapatórias para outros corredores, em sons sem lábia. Minhas saídas perderam as escadas escuras e charmosas, porque você lavou meu chão de imundícies com amaciante Fofo.

Se eu tentar fugir, escorrego no perfume da minha nova vida. A nova vida que não sei viver. A nova vida que quero viver ao seu lado. Ao lado do homem que eu odeio porque nunca amei tanto.
Ao lado da felicidade que eu odeio porque se ela acabar, não sei mais se consigo voltar pra casa. E nem se quero.

Era eu, entende? Era eu que me atracava com o lado errado da vida para estar sempre certa. Era eu a resposta para todas as perguntas que ninguém tem coragem de perguntar. Sim, o mundo é imperfeito, as pessoas traem, o amor não existe, seu marido me come, seu namorado me come, o mundo quer me comer enquanto você borda seu laço cor-de-rosa.

Agora eu estou aqui, inconformada com o seu passado, querendo matar suas lembranças. Com ciumes do seu silêncio porque ele está com você há mais tempo do que eu e eu tenho medo do quanto ele te consome, com ciúmes do seu sono porque ele te leva do meu foco.

Com raiva da sua importância porque ela me congela, com raiva do tempo que não dura para sempre quando você me olha sabendo das minhas loucuras e ainda assim me amando. Agora eu estou aqui, querendo que todos os amores do mundo durem para sempre, e que nenês nasçam, e que árvores cresçam e que garotas vagabundas não nos invejem e que os desejos das nossas sombras não nos traia.

Agora eu estou aqui, de quatro, de língua no chão, te odiando muito, virando a cara, socando você, cuspindo em você, te tratando mal, tudo isso porque não sei lidar com o mundo girando na minha barriga, a tontura do amor, o enjôo do vício em você, a dor do músculo quando me separo. Pode parecer maluco, mas todas as minhas súplicas para que você desista de mim, é um jeito maluco de pedir que você não desista nunca, pelo amor de Deus.

terça-feira, março 17, 2009

::: Quem Quer Pôr Terno No Macaco? :::
Tati Bernardi

Semana passada ouvi de um grande amigo uma grande verdade: “Chega uma hora na vida que você tem que abrir mão do selvagem dentro de você para manter amigos, empregos e constituir família. Ou você pode escolher ser um louco e viver sozinho.”

No meu último emprego, quando pedi demissão, ouvi do meu chefe, também um grande homem em raras ocasiões: “Toda essa sua mania de ser louquinha e falar o que pensa, só vai te garantir um emprego fixo: banda de rock.”

Acho que todos têm razão. E venho tentando, com orações dadas pela minha mãe desesperada com meu jeitinho nada meigo, yoga, terapia, sexo, pilates, mantras e muita conversa com amigos em geral, ser uma pessoa mais equilibrada.

Uma amiga me disse: “Quem briga por tudo e quer medir poder com todo mundo, na verdade está tentando provar que não é um bosta, tá brigando consigo mesmo”.

Pura verdade, quando minha auto-estima está em suas piores fases, é aí que a coisa pega: fico com mania de perseguição, acho que tá todo mundo querendo foder comigo, que existe um complô universal contra a minha frágil pessoa. Meu ataque nada mais é do que a defesa amedrontada de uma menina boba.

Mas a verdade é que eu odeio o equilíbrio. Porra, se eu tô puta, eu tô puta! Se eu tô com ciúme, não vou sorrir amarelo e mostrar controle porque preciso parecer forte e bem resolvida. Se o filho da puta que senta do meu lado é um filho da puta, eu não vou fazer política da boa vizinhança, eu vou mais é berrar e libertar essa verdade de dentro do meu fígado: você é um grandessíssimo filho de uma puta! Se a vaca da catraca do teatro me tratou mal, eu vou mais é falar mesmo que ela é uma horrorosa que não vê pica há anos, ou melhor, que a última pica que viu foi do padrasto que a estuprou!

O sangue ferve aqui dentro, e eu não tô a fim de transformá-lo num falso líquido rosa que um dia vai me dar um câncer. Eu não tô a fim de contar até 100, eu quero espancar a porta do elevador se ele demorar mais dois segundos, quero morder o puto do meu namorado que apenas sorri seguro enquanto eu me desfaço em desesperos porque amar dói pra caralho, quero colocar TODAS as pessoas do meu trabalho que falam “Fala, floRRRR!” ou “Precisamos disso ASAP” numa câmera de gás peristáltico.

Eu sou antipática mesmo, o mundo tá cheio de gente brega e limitada e é um direito meu não querer olhar na cara delas, não tô fazendo mal a ninguém, só tô fazendo bem a mim. Minha terapeuta fala que eu preciso descobrir as outras Tatis: a Tati amiga, a Tati simpática, a Tati meiga, a Tati que respira, a Tati que pensa, a Tati que não caga em tudo porque deixou a imbecil da Tati de cinco anos tomar as rédeas da situação.

Ela tem razão, mas é tão difícil ver todos vocês acordando de manhã sem nada na alma, é tão difícil ver todos os casais que só sobrevivem na cola de outros casais que só sobrevivem na cola de outros casais, é praticamente impossível aceitar que as contas do final do mês valham a minha bunda sentada mais de 8 horas por dia pensando o quanto eu odeio essa gente que se acha “super” mas não passa de vendedor de sabonete ambulante.

É tão difícil ser mocinha maquiada em vestido novo e sapato bico fino quando tudo o que eu queria era rasgar todos os enfeites e cagar de quatro no meio da pista enquanto as tias chifrudas bebem para esquecer as dúvidas ao som de “Love is in the air”.

Parem de sorrir automaticamente para tudo, humanos filhos da puta, admitam que vocês não fazem a menor idéia do que fazem aqui. Admitam a dor de estar feio, e admitam que estar bonito não adianta porra nenhuma.

Eu já me senti um lixo de pijama com remela nos olhos, mas nunca foi um lixo maior do que me senti gastando meu dinheiro numa bosta de salão de beleza enquanto crianças são jogadas em latas de lixo porque a total miséria transforma qualquer filho de Deus em algo abaixo do animal.
Mas eu não faço nada, eu continuo querendo usar uma merda de roupinha da moda numa merda de festinha da moda no meio de um monte de merdas que se parecem comigo. Eu quero feder tanto quanto eles para ser bem aceita porque, quando você faz parte de um grupo, a dor se equilibra porque se nivela.

E eu continua perdida, sozinha, achando tudo falso e banal. Acordando com ressaca de vida medíocre todos os dias da minha vida.

Grande merda de vida, você muda a estação do rádio para não reparar que a menina de dez anos parada ao lado do seu carro, já tem malícia, mas não tem sapatos. Você dá mais um gole no frisante para não reparar que a moça da mesa ao lado gostou do seu namorado, e ele, como qualquer imperfeito ser humano normal, gostou dela ter gostado.

Você disfarça, a vida toda você disfarça. Para não parecer fraco, para não parecer louco, para não aparecer demais e poder ser alvo de crítica, para ter com quem comer pizza no domingo, para ter com quem trepar na sexta à noite, para ter quem te pague a roupa nova e te faça sentir um bosta e para quem te pede socorro, você disfarça cegueira.

Você passa a vida cego para poder viver. Porque enxergar tudo de verdade dói demais e enlouquece, e louco acaba sozinho. Vão querer te encarcerar numa sala escura e vazia, ninguém quer ter um conhecido maluco que lembra você o tempo todo da angústia da verdade e de ter nascido. Você passa a vida cego, mentindo, fingindo, teatralizando o personagem que sempre vence, que sempre controla, que sempre se resguarda e nunca abre a portinha da alma para o mundo. Só que a sua portinha um dia vira pó, e você morre sem nunca ter vivido, e você deixa de existir sem nunca ter sido notado. Você é mais uma cara produzida na foto de mais uma festa produzida, é um coadjuvante feliz dessa palhaçada de teatro que é a vida.

Você aceitou tudo, você trocou as incertezas da sua alma pelas incertezas da moça da novela, porque ver os problemas em outros seres irreais é muito mais fácil e leve, além do que, novela dá sono e você não morre de insônia antes de dormir (porque antes de dormir é a hora perfeita para sentir o soco no estômago).

Você aceita a vida, porque é o que a gente acaba fazendo para não se matar ou não matar todos os imbecis que escutam você reclamar horas sem fim das incertezas do mundo e respondem sem maiores profundidades: relaaaaaaaaaaaaaxa!

Eu não vou fumar, eu não vou cheirar, eu não vou beber, eu não vou engolir, eu não vou fugir de querer me encontrar, de saber que merda é essa que me entristece tanto, de achar um sentido para eu não ser parte desse rebanho podre que se auto-protege e não sabe nem ao certo do quê. Eu não vou relaxaaaaaaaaaaaaaaaaaar.

A única verdade que me cala um pouco e, vez ou outra, me transforma em alguém estupidamente normal é que virar um louco selvagem que fala o que pensa, sem amigos e sem namorados, só é legal se você tiver alguém pra contar o quanto você é foda no final do dia.
::: 'VAMOS JANTAR AMANHÃ?' :::
Desconheço o autor

Quando um homem chama uma mulher para sair, não sabe o grau de estresse que desencadeia em nossas vidas.
Durante muito tempo, fiquei achando que eu era uma estressada maluca que não sabia lidar com isso, mas conversando com diversas pessoas, cheguei à conclusão de que esse estresse é um denominador comum a quase todas as mulheres, ainda que em graus diferentes (ou será que sou eu que só ando com gente estressada?).

O que venho contar aqui hoje é mais dedicado aos homens do que às mulheres. Acho importante que eles saibam o que se passa nos bastidores.

Você, mulher, está flertando um Zé Ruela qualquer. Com sorte, ele acaba te chamando para sair. Vamos supor, um jantar. Pronto, acabou seu último minuto de paz.
Ele diz, como se fosse a coisa mais simples do mundo 'Vamos jantar amanhã?'.
Você sorri e responde, como se fosse a coisa mais simples do mundo: 'Claro, vamos sim'.

Começou o inferno na Terra. Foi dada a largada. Você começa a se reprogramar mentalmente e pensar em tudo que tem que fazer para estar apresentável até lá.

Cancela todos os seus compromissos canceláveis e começa a odisséia. Evidentemente, você também pára de comer, afinal, quer estar em forma no dia do jantar e mulher sempre se acha gorda. Daqui pra frente, você começa a fazer a dieta do queijo: fica sem comer nada o dia inteiro e quando sente que vai desmaiar come uma fatia de queijo. Muito saudável.

Primeira coisa: fazer mãos e pés.
Quem se importa se é inverno e você provavelmente vai usar uma bota de cano alto?
Mãos e pés têm que estar feitos – e lá se vai uma hora do seu dia. Vocês (homens) devem estar se perguntando:- 'Mão tudo bem, mas porque pé, se ela vai de botas?'
Lei de Murphy. Sempre dá merda. Uma vez pensei assim... e o infeliz me levou para comer em um restaurante japonês daqueles em que se tem de tirar o sapato para sentar naqueles tatames. Tomei no cu bonito! Tive que tirar o sapato com aquela sola do pé cracuda, com o esmalte semi-descascado e cutícula do tamanho de um champignon! Vai que ele te coloca em alguma outra situação impossível de prever que te obriga a tirar o sapato?...
Para nossa paz de espírito, melhor fazer mão e pé, até porque boa parte dessa raça tem uma tara bizarra por pé feminino.
OBS: Isso me emputece!... Passo horas na academia malhando minha bunda e o desgraçado vai reparar justamente onde? Na porra do pé! Isso é coisa de... Melhor mudar de assunto...

As mais caprichosas, além de fazer mão e pé, ainda fazem algum tratamento capilar no salão do tipo: hidratação, escova, corte, tintura, retoque de raiz, etc.
Eu não faço, mas conheço quem faça. E nessa se vão mais de duas horas do seu dia.

Dependendo do grau de importância que se dá ao Zé Ruela em questão, pode ser que a mulher queira comprar uma roupa especial para sair com ele. Mais horas do seu dia. Ou ainda uma lingerie especial, dependendo da ocasião. Pronto, mais horas do dia.
Se você trabalha, provavelmente vai ter que fazer as unhas na hora do almoço e correr para comprar roupa no final do dia em um shopping.

Ah sim, já ia esquecendo. Tem a depilação. Essa os homens não podem nem contestar.
Quem quer sair com uma mulher não depilada, mesmo que seja apenas para um inocente jantar? Lá vai você depilar perna, axila, buço, virilha, sobrancelha, etc, etc. Tem mulher que depila até o cu!... Mulher sofre! E lá se vai mais uma hora do seu dia. E uma hora bem dolorida, diga-se de passagem.

Parabéns, você conseguiu montar o alicerce básico para sair com alguém. Pode ir para a cama e tentar dormir, se conseguir.
Eu não consigo, fico nervosa. Se prepare, o dia seguinte vai ser tumultuado. Ah, sim, você vai dormir COM FOME. A dieta do queijo continua.

Dia seguinte. É hoje seu grande dia.
Quando vou sair com alguém, faço questão da dar uma passada na academia no dia, para malhar desumanamente até quase cuspir o pulmão. Não, não é para emagrecer, é para deixar minha bunda e minhas pernas enormes e durinhas (elas ficam inchadas depois de malhar).
Mas supondo que você seja uma pessoa normal, vai usar esse tempo para algo mais proveitoso.

Geralmente, o Zé Ruela não comunica onde vai levar a gente. Surge aquele dilema da roupa. Com certeza você vai errar, resta escolher se quer errar para mais ou para menos.
Se te serve de consolo, ele não vai perceber. Alias, ele não vai perceber nada.
Você pode aparecer de Armani ou enrolada em um saco de batatas, tanto faz. Eles não reparam em detalhe nenhum, mas sabem dizer quando estamos bonitas (só não sabem o porquê).
Mas, é como dizia Angie Dickinson: - 'Eu me visto para as mulheres e me dispo para os homens'. Não tem como, a gente se arruma, mesmo que eles não reparem.

E não adianta pedir indicação de roupa para eles, os malditos não dão sequer uma pista!
Claro, para eles é muito simples, os 'Madames' só precisam tomar uma chuveirada, vestir uma Camisa Pólo e uma calça e estão prontos, seja para o show de rock, seja para um fondue.
Nesse pequeno cérebro do tamanho de um caroço de uva só existem três graduações de roupa: Bermuda + Chinelo, Jeans + Pólo, Calça Social + Camisa Social.
Quando você pergunta se tem que ir arrumada é quase certo que o 'Madame' abra a boca e diga:- 'sei lá, normal, roupa normal'. Eles não sabem que isso não ajuda em nada.

Escolhida a roupa, com a resignação de que se vai errar, para mais ou para menos, vem a etapa do banho. Para mim é uma coisa simples: shampoo + sabonete. Mas para muitas não é.
Óleos, sabonetes aromáticos, esfoliação (horrível que seja com 's', né? Deveria ser com 'x'), etc.
E o cabelo? Bom, por sorte meu cabelo é bonzinho, não faz a menor diferença se eu lavar com um shampoo caro ou se lavar com Omo, fica a mesma coisa.
Mas tem gente que tem que fazer uma lavagem especial, com cremes e etc. E depois ainda vem a chapinha, prancha e/ou secador.

Depois do banho e do cabelo, vem a maquiagem. Nessa etapa eu perco muito tempo.
Lá vai a babaca separar cílio por cílio com palito de dente depois de passar rímel.
Melhor nem contar tudo que eu faço em matéria de maquiagem, se não vocês vão achar que sou maluca, digo, mais maluca.
Como dizia Napoleão Bonaparte, 'Mulheres tem duas grandes armas: lágrimas e maquiagem'. Considerando que não faço uso das primeiras, me permito abusar da segunda.
Se você for uma pessoa normal, não perde nem vinte minutos passando maquiagem.

Depois vem a hora de se vestir. Homens não entendem, mas tem dias que a gente acorda gorda.
É sério, no dia anterior o corpo estava lindo e no dia seguinte... PORCA! Não sei o que é (talvez seja nossa imaginação...), mas eu juro que acontece. Muitas vezes você compra uma roupa para um evento que, na loja, é linda e lhe cai bem, mas, na hora de sair, fica um CU.
Se for um desses dias em que seu corpo está um cu e o espelho está de sacanagem com sua cara, é provável que você acabe com uma pilha de roupas recusadas em cima da cama, chorando, com um armário cheio de roupa e gritando 'EU NÃO TENHO ROOOOOUUUUUPAAAA'.
O chato é ter que refazer a maquiagem. E quando você inventa de colocar aquela calça apertada e tem que deitar na cama e pedir para outro ser humano enfiar ela em você?
Uma gracinha, você já vai para o jantar lacrada a vácuo. Se espirrar a calça perfura o pâncreas.

Ok, você achou uma roupa que ficou boa. Vem o dilema da lingerie. Salvo raras exceções, roupa feminina (incluindo lingerie) ou é bonita, ou é confortável. Você olha para aquela sua calcinha de algodão do tamanho de uma lona de circo. Ela é confortável. E cor de pele. É praticamente um método anticoncepcional.
Você pensa:- 'Eu não vou dar para ele hoje mesmo... Que se foda...'. Você veste a calcinha.
Aí bate a culpa. Eu sinto culpa se ando com roupa confortável, meu inconsciente já associou estar
bem vestida com sofrimento.
Aí você começa a pensar:- 'E se mesmo sem dar para ele, ele acaba vendo a minha calcinha... Vai que no restaurante tem uma escada e eu tenho que subir na frente dele... Se ele olhar para essa calcinha, broxará para todo o sempre comigo...'
Muito puta da vida, você tira a sua calcinha amiga e coloca uma outra; uma daquelas porras mínimas e rendadas, que com certeza vão ficar entrando na sua bunda a noite toda.
Melhor prevenir. Nessas horas a gente emburrece e acha que qualquer deslize seu vai espantar o sujeito de forma irreversível.

Os sapatos. Vale o mesmo que eu disse sobre roupas: ou é bonito, ou é confortável.
Geralmente, quando tenho um encontro importante, opto por UMA PEÇA de roupa bem bonita e desconfortável, e o resto menos bonito, mas confortável. FATO: Lei de Murphy impera.
Com certeza a parte comprometida pelo desconforto vai me exigir esforço enorme.
Ex: Vou com roupa confortável e sapato assassino. É certo que no meio da noite o animal vai soltar um:- 'Sei que você adora dançar, vamos sair para dançar?'
Eu tento fazer parecer que as lágrimas são de emoção!...
Uma vez um sapato me machucou tanto, mas tanto, que fiz um bilhete para mim mesma e colei no sapato, para lembrar de nunca mais usar!
Porque eu não dei o sapato? Porra... Me custou muito caro! Posso não usá-lo, mas quero tê-lo. Eu sei, eu sei, sou uma materialista do caralho!... Vou voltar como besouro de esterco na próxima encarnação e comer muito cocô para ver se evoluo espiritualmente! Mas, por hora, o sapato fica.

Enfim, eu sei que existem problemas mais sérios na vida e o texto é em tom de brincadeira.
Só quero que os homens saibam que é um momento tenso para nós e que ralamos bastante para que tudo dê certo. O ar de tranqüilidade que passamos é pura cena...
Sejam delicados e compareçam aos encontros que marcarem, ok? E, se possível, marquem com antecedência, para a gente ter tempo de fazer nosso ritual preparatório com calma...

Apesar do texto enorme, quero deixar claro que o que eu coloquei aqui é o mínimo do mínimo. Existem milhões de outras providências que mulheres tomam antes de encontros importantes: clarear pêlos (vulgo 'banho de lua'), fazer drenagem linfática, baby liss... Enfim, uma infinidade de nomes que homem não tem a menor idéia do que se trata.

Depois que você está toda montadinha, começa a lutar mentalmente com dilemas que são tipo:- 'será que dou para ele?'... 'É o terceiro encontro, talvez eu deva dar...'
Começa a bater a ansiedade. Cada uma de nós lida de um jeito.
Eu, como boa 'loser' que sou, lido do pior jeito possível.
Tenho um faniquito e começo a dizer que não quero ir. Não para ele, é claro!...
Ligo para a infeliz da minha melhor amiga e digo que não quero mais ir... Que sair para conhecer pessoas é muito estressante... Que se um dia eu tiver um AVC é culpa dessa tensão toda que eu venho passando na vida em todos os primeiros encontros... Que quero voltar tartaruga na próxima encarnação. Ela, coitada, escuta pacientemente e tenta me acalmar.

Agora imaginem vocês, se depois de tudo isso, o filho da puta liga e cancela o encontro?
'Surgiu um imprevisto, podemos deixar para semana que vem?'.
Gente!... Não é má vontade ou intransigência, mas eu acho inadmissível uma coisa dessas!...
A menos que seja algo MUUUUIIIIIIITO grave!... Mesmo assim, eu fico puta, puta, PUTA da vida!

Claro que na cabeça deles não custa nada mesmo!... Eles acham que é simples... Que a gente do jeito que levanta da cama vai direto pro carro deles!... Se eles soubessem o trabalho que dá, o estresse, o tempo perdido... Nunca ousariam remarcar nada.
Sabe o que mais?!... Se fode aí!... Vem me buscar de maca e no soro, mas não desmarque comigo! Até porque, a essa altura, a dieta radical do queijo está quase me fazendo desmaiar de fome e é questão de vida ou morte a porra do jantar!
NÃO CANCELEM ENCONTROS A MENOS QUE TENHA ACONTECIDO ALGO MUITO, MUITO, MUITO GRAVE! GRAVÍSSIMO!... A GENTE SE MOBILIZA DEMAIS DA CONTA POR CAUSA DELES!...

Supondo que ele venha. Ele liga e diz que está chegando.
Você passa perfume, escova os dentes e vai. Quando entra no carro já toma um eufemismo na lata:- 'HUMMM... Tá cheirosa!' (tecla sap: 'Passou muito perfume, porra'). Ele nem sequer olha para a sua roupa... Ele não repara em nada... Ele acha que você é assim ao natural... Eu não ligo, acho até, que homem que repara muito é meio viado... Mas isso frustra algumas mulheres. E se ele for tirar a sua roupa, grandes chances dele tirar a calça junto com a calcinha e nem ver.
Pois é!... Minha Amiga... Você passou a noite toda com a rendinha (que, por sinal, custou caro, pra caramba) atochada no rego para nada!...
Homens, vocês sabiam que uma boa calcinha, de marca, pode custar o mesmo que um MP4?... Favor tirar sem rasgar.

Quando é comigo, passo tanto estresse que chego no jantar com um pouco de raiva do cidadão. No meio da noite, já não sinto mais meus dedos do pé, devido ao princípio de gangrena causado pelo sapato de bico fino...
Quando ele conta piadas e ri, eu penso:- 'É, eu também estaria de bom humor, contando piada, se não fosse essa calcinha intra-uterina raspando no colo do meu útero'.
A culpa não é deles, é minha, por ser surtada com a estética.
Sinto o estômago roendo meu fígado, mas apenas belisco a comida de leve. Fico constrangida de mostrar toda a potência do meu estômago... Assim, de primeira!...

Para finalizar, quero ressaltar que eu falei aqui do desgaste emocional e da disponibilidade de tempo que um encontro nos provoca.
Nem sequer entrei no mérito do DINHEIRO. Pois é, tudo isso custa caro.
Vou fazer uma estimativa POR BAIXO, muito por baixo mesmo, porque geralmente pagamos bem mais do que isso e fazemos mais tratamentos estéticos:

Roupa...................................... R$ 250,00
Ligerie..................................... R$ 50,00
Maquiagem............................. R$ 50,00
Sapato..................................... R$ 250,00
Depilação................................ R$ 50,00
Mão e pé.................................. R$ 20,00
Perfume.................................. R$ 160,00
Pílula anticoncepcional........... R$ 20,00

Ou seja, JOGANDO O VALOR BEM PARA BAIXO, gastamos, no barato, uns R$ 800 para sair com um Zé Ruela. Entendem porque eu bato o pé e digo que homem TEM QUE PAGAR O MOTEL?
A gente gasta muito mais para sair com eles do que eles com a gente!

domingo, março 15, 2009


::: O SABOR DOS HOMENS:::
Recebi por e-mail, mas não sei quem escreveu


ATUALMENTE TEMOS MULHER MELANCIA, MULHER JACA, MULHER MORANGUINHO E TANTOS OUTROS ADJETIVOS DESAGRADÁVEIS A NOSSA CLASSE... DIANTE DESTA NOVA MODA, SEGUEM ALGUMAS DEFINIÇÕES DO QUE DIRÍAMOS ASSIM: REPRESENTASSEM AS IGUARIAS MASCULINAS...


HOMEM Camarão : só tem merda na cabeça, mas é gostoso e você come assim mesmo.

HOMEM Caranguejo: é feio e peludo, mas você bate nele, limpa direitinho e come.

HOMEM Pão : tem sempre o mesmo gosto, mas você come todo dia.

HOMEM Aperitivo : acompanhado de uma bebida você come e ainda acha bom.

HOMEM Maracujá : é todo enrugado, você come e depois sente vontade de dormir...

HOMEM Lagosta : só come quem tem dinheiro.

HOMEM Caviar : você sabe que alguém está comendo, mas não é ninguém que você conheça.

HOMEM Bacalhau : você só come uma vez por ano.

HOMEM Maionese de Fim de Festa : todo mundo te avisa pra não comer, mas você come porque está desesperada; arrepende-se e depois passa mal.

HOMEM Rã : todo mundo já comeu, menos você.

HOMEM Salada : é bonito, mas quando você come descobre que não é tão gostoso assim.

HOMEM Marmita : não é lá essas coisas, mas você come rapidinho.

HOMEM Cafezinho de Supermercado : você nem faz questão, mas como é de graça, você come.

HOMEM Jiló : é horrível, mas você conhece alguém que come.

HOMEM Docinho de Festa : você fica com vergonha de chegar junto, então vem outra, come e deixa você chupando dedo..

HOMEM Cogumelo Venenoso : comeu, tá fudido.

HOMEM Feijoada : você come e ele fica te enchendo o dia todinho.

HOMEM Coqueiro : pode trepar que não tem galho.

HOMEM Miojo
: em um minuto ta pronto pra comer.

HOMEM Coca 2 litros : dá pra seis

HOMEM pé de chuchu:
Você é obrigado a comer senão a vizinha vai e come...

E o melhor de TODOS...

HOMEM BIS : Você come, repete... e nem se lembra das calorias !!!

quinta-feira, março 05, 2009

::: O Pequeno PrÍncipe - Capítulo IV :::
Antoine de Saint Exupéry

Eu aprendera, pois, uma segunda coisa, importantíssima: o seu planeta de origem era pouco maior que uma casa!
Não era surpresa para mim. Sabia que além dos grandes planetas - Terra, Júpiter, Marte ou Vênus, aos quais se deram nome - há centenas e centenas de outros, por vezes tão pequenos que mal se vêem no telescópio. Quando o astrônomo descobre um deles, dá-lhe por nome um número. Chama-o, por exemplo: “asteróide 3251″.
Tenho sérias razões para supor que o planeta de onde vinha o príncipe era o asteróide B 612. Esse asteróide só foi visto uma vez ao telescópio, em 1909, por um astrônomo turco.
Ele fizera na época uma grande demonstração da sua descoberta num Congresso Internacional de Astronomia. Mas ninguém lhe dera crédito, por causa das roupas que usava. As pessoas grandes são assim.
Felizmente para a reputação do asteróide B 612, um ditador turco obrigou o povo, sob pena de morte, a vestir-se à moda européia. O astrônomo repetiu sua demonstração em 1920, numa elegante casaca. Então, dessa vez, todo o mundo se convenceu.
Se lhes dou esses detalhes sobre o asteróide B 612 e lhes confio o seu número, é por causa das pessoas grandes. As pessoas grandes adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, elas jamais se informam do essencial. Não perguntam nunca: “Qual é o som da sua voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que coleciona borboletas?” Mas perguntam: “Qual é sua idade? Quantos irmãos ele tem? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai?” Somente então é que elas julgam conhecê-lo. Se dizemos às pessoas grandes: “Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânios na janela, pombas no telhado…” elas não conseguem, de modo nenhum, fazer uma idéia da casa. É preciso dizer-lhes: “Vi uma casa de seiscentos contos”. Então elas exclamam: “Que beleza!”
Assim, se a gente lhes disser: “A prova de que o principezinho existia é que ele era encantador, que ele ria, e que ele queria um carneiro. Quando alguém quer um carneiro, é porque existe” elas darão de ombros e nos chamarão de criança! Mas se dissermos: “O planeta de onde ele vinha é o asteróide B 612″ ficarão inteiramente convencidas, e não amolarão com perguntas. Elas são assim mesmo. É preciso não lhes querer mal por isso. As crianças devem ser muito indulgentes com as pessoas grandes.
Mas nós, nós que compreendemos a vida, nós não ligamos aos números! Gostaria de ter começado esta história à moda dos contos de fada. Teria gostado de dizer:

“Era uma vez um pequeno príncipe que habitava um planeta pouco maior que ele, e que tinha necessidade de um amigo…” Para aqueles que compreendem a vida, isto pareceria sem dúvida muito mais verdadeiro.

Porque eu não gosto que leiam meu livro levianamente. Dá-me tristeza narrar essas lembranças! Faz já seis anos que meu amigo se foi com seu carneiro. Se tento descrevê-lo aqui, é justamente porque não o quero esquecer. É triste esquecer um amigo. Nem todo o mundo tem amigo. E eu corro o risco de ficar como as pessoas grandes, que só se interessam por números. Foi por causa disso que comprei uma caixa de tintas e alguns lápis também. É duro pôr-se a desenhar na minha idade, quando nunca se fez outra tentativa além das jibóias fechadas e abertas dos longínquos seis anos! Experimentarei, é claro, fazer os retratos mais parecidos que puder. Mas não tenho muita esperança de conseguir. Um desenho parece passável; outro, já é inteiramente diverso. Engano-me também no tamanho. Ora o principezinho está muito grande, ora pequeno demais. Hesito também quanto à cor do seu traje. Vou arriscando então, aqui e ali. Enganar-me-ei provavelmente em detalhes dos mais importantes. Mas é preciso desculpar. Meu amigo nunca dava explicações. Julgava-me talvez semelhante a ele. Mas, infelizmente, não sei ver carneiro através de caixa. Sou um pouco como as pessoas grandes. Acho que envelheci.
::: O Pequeno Príncipe - Capítulo II :::
Antoine de Saint Exupéry

Vivi portanto só, sem amigo com quem pudesse realmente conversar, até o dia, cerca de seis anos atrás, em que tive uma pane no deserto do Saara. Alguma coisa se quebrara no motor. E como não tinha comigo mecânico ou passageiro, preparei-me para empreender sozinho o difícil conserto. Era, para mim, questão de vida ou de morte. Só dava para oito dias a água que eu tinha.
Na primeira noite adormeci pois sobre a areia, a milhas e milhas de qualquer terra habitada. Estava mais isolado que o náufrago numa tábua, perdido no meio do mar. Imaginem então a minha surpresa, quando, ao despertar do dia, uma vozinha estranha me acordou. Dizia:
- Por favor… desenha-me um carneiro!
- Hem!
- Desenha-me um carneiro…
Pus-me de pé, como atingido por um raio. Esfreguei os olhos. Olhei bem. E vi um pedacinho de gente inteiramente extraordinário, que me considerava com gravidade. Eis o melhor retrato que, mais tarde, consegui fazer dele.
Meu desenho é, seguramente, muito menos sedutor que o modelo. Não tenho culpa. Fora desencorajado, aos seis anos, da minha carreira de pintor, e só aprendera a desenhar jibóias abertas e fechadas.
Olhava pois essa aparição com olhos redondos de espanto. Não esqueçam que eu me achava a mil milhas de qualquer terra habitada. Ora, o meu homenzinho não me parecia nem perdido, nem morto de fadiga, nem morto de fome, de sede ou de medo. Não tinha absolutamente a aparência de uma criança perdida no deserto, a mil milhas da região habitada. Quando pude enfim articular palavra, perguntei-lhe:
- Mas … que fazes aqui?
E ele repetiu-me então, brandamente, como uma coisa muito séria:
- Por favor … desenha-me um carneiro …
Quando o mistério é muito impressionante, a gente não ousa desobedecer. Por mais absurdo que aquilo me parecesse a mil milhas de todos os lugares habitados e em perigo de morte, tirei do bolso uma folha de papel e uma caneta. Mas lembrei-me, então, que eu havia estudado de preferência geografia, história, cálculo e gramática, e disse ao garoto (com um pouco de mau humor) que eu não sabia desenhar. Respondeu-me:
- Não tem importância. Desenha-me um carneiro.
Como jamais houvesse desenhado um carneiro, refiz para ele um dos dois únicos desenhos que sabia. O da jibóia fechada. E fiquei estupefato de ouvir o garoto replicar:
- Não! Não! Eu não quero um elefante numa jibóia. A jibóia é perigosa e o elefante toma muito espaço. Tudo é pequeno onde eu moro. Preciso é dum carneiro. Desenha-me um carneiro.
Então eu desenhei.
Olhou atentamente, e disse:
- Não! Esse já está muito doente. Desenha outro.
Desenhei de novo.
Meu amigo sorriu com indulgência:
- Bem vês que isto não é um carneiro. É um bode… Olha os chifres…
Fiz mais uma vez o desenho.
Mas ele foi recusado como os precedentes:
- Este aí é muito velho. Quero um carneiro que viva muito.
Então, perdendo a paciência, como tinha pressa de desmontar o motor, rabisquei o desenho ao lado.
E arrisquei:
- Esta é a caixa. O carneiro está dentro.
Mas fiquei surpreso de ver iluminar-se a face do meu pequeno juiz:
- Era assim mesmo que eu queria! Será preciso muito capim para esse carneiro?
- Por quê?
- Porque é muito pequeno onde eu moro…
- Qualquer coisa chega. Eu te dei um carneirinho de nada!
Inclinou a cabeça sobre o desenho:
- Não é tão pequeno assim… Olha! Adormeceu…
E foi desse modo que eu travei conhecimento, um dia, com o pequeno príncipe.

terça-feira, março 03, 2009

::: The Right Kind Of Wrong :::
Show Bar

I know all about,
Yea about your reputation
And now it's bound to be a heartbreak situation
But i can't help it if i'm helpless
Every time that i'm where you are
You walk in and my strength walks out the door
Say my name and i can't fight it any more
Oh i know, i should go
But i need your touch just too damn much

Lovin you, that isn't really something i should do
I shouldn't wanna spend my time with you ya
Well i should try to be strong
But baby you're the right kind of wrong
Ya, baby you're the right kind of wrong

It might be a mistake
A mistake i'm makin'
But what your givin i am happy to be takin
Cause no one's ever made me feel
The way when i'm in your arms

They say your somethin i should do without
They don't know what goes on
When the lights go out
There's no way to explain
All the pleasure is worth all the pain

I should try to run but i just can't seem to
'cause every time i run your the one i run to
Can't do without what you do to me,
I don't care if i'm in to deep yeah

domingo, março 01, 2009

::: Simplesmente :::
Tati Bernardi

Uma semana antes do meu ex namorado se casar eu fiquei sabendo que ele iria se casar. Já fazia uns quatro anos que a gente não se falava mas eu não aguentei e liguei pra ele. Eu não queria voltar, não gostava mais dele, não queria estragar nada. Eu só queria saber “como”. Fui tomada por uma curiosidade tão absurda que não poderia viver mais um dia sem saber “como”. Como? Eu perguntei, torcendo pra que o absurdo fizesse sentido a ele, que me conhecia tão bem. Porque a mim não fazia o menor sentido. E ele respondeu, me dando de presente, de novo, uma intimidade de compreensão que eu já nem lembrava mais que existia: simplesmente rolou. É isso? Então era só isso? Simplesmente rolou. Então é simples? Aquilo sim me fez sofrer. Era simples. Amar era simples. Eu nunca tinha parado pra pensar nisso. Sequer tinha passado pela minha cabeça. Amar pra mim sempre foi o torpor, a berlinda, a coisa mais insuportável do mundo, a catapulta pra me lançar pra longe do próprio sentimento. Mas amar era simples. Imaginei sua mulher, que era linda e agradável de imaginar, lendo um livro com fones de ouvido enquanto ele e seus amigos animalescos destruíam a sala vendo o jogo do Flamengo. Amar era simples. Por que raios aquilo me irritava tanto? Por que raios eu não pegava um livro, botava o fone, e era feliz? Era só um jogo, eram só alguns amigos meio bobos que daqui a pouco iriam embora. Era só uma corneta com auto-falante, maconha e cigarro brigando pra ver quem fazia meu nariz cair primeiro. Fora um ou outro som de pum. Imaginei sua mulher quieta num jantar chato, daqueles que ele começava a discursar sobre propaganda com uma lembrança invejável de datas e nomes de pessoas. E ela orgulhosa. Meu amor ama o que faz. Ele é um pouco mala, mas tudo bem. Feliz. Mudando delicadamente de assunto. Essa manteiga com ervas é incrível, amor, experimenta. Leve. Calando a boca dele com classe. Simplesmente rolou. O amor era simples. Para ele e para uma meia dúzia de ex namorados meus que sempre encontro por aí, envoltos pela energia da simplicidade do amor. Suas mulheres grávidas. O cuidado pra atravessar a rua. Os almoços em paz. Um acordo qualquer que não me parece em nada deprimente ou sofrido quando os vejo por aí, exibindo a vida que acontece simplesmente. Simplesmente rolando pra todo mundo. Mas escuta, dá pra aturar um cara que nunca fala sério e faz piada de tudo? Mas escuta, dá pra aturar aquele outro que não lia nada desde o último sucesso do Harry Potter? E o mister agora tô no meu planetinha e você pode morrer se bater na porta? Dá pra aturar? Fora tudo aquilo que vem junto. Ciúme, saudade, raiva, dor, preguiça, bode e por aí vai. Alguém aturou. Todos eles. Todos vivendo suas histórias. E eu escrevendo textos as cinco da manhã. Porque a palavra “como” não me deixa nem dormir, o que dirá ser simples.