sexta-feira, novembro 28, 2008

::: Não é feito para dar certo :::
Tati Bernardi

Ele me pegou em casa a contragosto. Esbravejando. Xingando. Eu ri. Achei graça. Mudei de estação na rádio. O teu amor é uma mentira, que a minha vaidade quer. Tava tocando isso. E eu nem aí.

No banco de trás um casaquinho verde musgo tamanho PP. De alguma garota da noite anterior. Ou da semana passada. Ele é cheio de garotas e pela primeira vez na vida sorri ao pensar isso. Tá certo ele. Bonitão, rico, engraçado e safado. Que mulher não se apaixona por ele?

Eu. Eu não me apaixono mais por ele. O que significa que agora podemos nos relacionar. O que significa que agora, posso ficar tranquilamente ao lado dele sem odiar meu cabelo e minha bunda e minha loucura. E posso vê-lo literalmente duas vezes ao ano, sem achar que duas vezes na semana são duas vezes ao ano. E posso vê-lo ir embora, sem me desmanchar ou querer abraçar meu porteiro e chorar. Consigo até dar tchauzinho do portão. Tchau, vou comer um pedaço de torta de nozes e assoviar. Tchau, querido mais um ser humano do planeta.

Passamos no CEASA pra comprar caixotes podres de feira. Última moda em decoração de bibliotecas. Ele briga comigo, que pobre que você é, Tati. Mau gosto da porra. E diz que eu não sei tratar gente simples, que chego falando difícil de propósito. Eu não fiz nada disso, mas tô nem aí de me explicar ou convencê-lo do contrário. Morro de rir. Se eu o amasse, sentaria no chão e começaria a chorar. Por favor! Goste de mim! Por favor! Como assim eu não sei tratar gente simples? Eu ia ficar com isso na cabeça um mês. Ia aumentar a terapia em três vezes por semana. Ia fazer um curso na Casa do Saber de como falar com feirantes em final de expediente. Ia querer morrer. Mas apenas ri e continuei na minha missão de tomar garapa. Se eu o amasse, ia morrer de medo de passar mal de dor de barriga por causa da garapa. Ou dele me achar brega por causa da garapa. Mas como não tô nem aí, nem lembro que tenho barriga. E o feirante tentando entender o que era fashion. E eu arrotando internamente, sabor garapa.

Depois fomos à Bienal. Eu fiquei com nojo de colocar as luvinhas para ver as fotos. Porque o mundo todo usou aquelas luvinhas não descartáveis. E ele me olhando com preguiça. Ai, Tati, como você é fresca. E eu assumi minha frescura e o larguei falando sozinho. Se eu estivesse apaixonada, ia bolar milhares de motivos mirabolantes para lhe explicar meus motivos em não querer usar a luvinha. Ia entrar na lenga lenga insuportável de pedir desculpas por ser como sou, como se isso tivesse explicação ou desculpas ou salvação. Teria morrido, ou melhor, o matado, porque não suporto olhares de preguiça e reprovação. Teria perguntando, ainda que inconscientemente, o que fazer, naquele fim de tarde, para ser absolutamente perfeita. Me odiando e odiando ele por me sentir assim, uma imbecil. Mas não, apenas fui ver as fotos. Ele me achar fresca e uma barrinha de cereal sabor artificial de banana tem o mesmo poder sobre mim. Nenhum.

No final do dia fomos até a casa de uns amigos dele. E eu lá, pela primeira vez na vida, gostando dos amigos dele, tratando todo mundo bem. Rindo pra caramba daquele monte de besteira. Ficando amiga das garotas de 20 anos com sombra roxa nos olhos. A galera que vai em peso para “a praia do momento para quem quer pertencer a algo que todos querem pertencer mas não sabem bem o que é”. E ele me olhando de longe. Ah, se ela tivesse agido assim. Tão normal, tão simpática, tão leve, tão boa companhia. Ao invés daqueles surtos de ciúme, daquelas cobranças por mais intensidade, daquela necessidade em acordar de madrugada com medo da vida, daquela arrogância pra cima de mim e dos meus amigos que não sabiam conversar de livros, filmes, músicas e dor na alma. Se ela tivesse confiado assim no taco dela. E sorrido mais. Se ela tivesse me amado sem amar. Ou como amam as pessoas que conseguem se relacionar. E eu lá, sendo adorada por ele, justamente porque não o adoro mais. Ô vidinha filha da puta.

No final do dia, a frase que eu temia. “Quer fazer alguma coisa amanhã?”. Eu sabia. Toda mulher feliz e equilibrada deixa saudades. Mas eu não queria. Eu só queria amar alguém, com toda a tristeza e desequilíbrio que vem junto com isso, e continuar deixando saudades.

Quando dizem que namoro ou casamento ou qualquer relacionamento mais sério não pode dar certo, eu discordo. O que definitivamente não dá certo, ao menos para mim, é se apaixonar. Agora, que graça tem fazer qualquer coisa da vida sem estar apaixonada? Ô vidinha filha da puta.

domingo, novembro 23, 2008

::: Superwoman :::
Alicia Keyes

Everywhere I'm turning
Nothing seems complete
I stand up and I'm searching
For the better part of me
I hang my head from sorrow
State of humanity
I wear it on my shoulders
Gotta find the strength in me

Cause I am a Superwoman
Yes I am
Yes she is
Still when I'm a mess
I still put on a vest
With an S on my chest
Oh yes
I'm a Superwoman

For all the mothers fighting
For better days to come
And all my women, all my women sitting here trying
To come home before the sun
And all my sisters
Coming together
Say yes I will
Yes I can
Cause I am a Superwoman
Yes I am
Yes she is
Even when I'm a mess
I still put on a vest
With an S on my chest
Oh yes
I'm a Superwoman

When I'm breaking down
And I can't be found
And I start to get weak
Cause no one knows
Me underneath these clothes
But I can fly
We can fly, Oooohh

Let e tell you I am a Superwoman
Yes I am
Yes she is
Even when I'm a mess
I still put on a vest
With an S on my chest
Oh yes
I'm a Superwoman

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Tradução (do site do Terra, não me dei ao trabalho...)

Super-Mulher

Pra onde quer que eu olhe
Nada parece estar completo
Eu me levanto e continuo procurando,
Pelo melhor pedaço de mim
De cabeça baixa por esse peso
Escrava da humanidade
Eu levo isso em meus ombros
Tenho que encontrar a minha força interior

Porque eu sou uma Super-Mulher
Sim eu sou,
Sim ela é.
Mesmo quando eu estou confusa
Eu ainda coloco uma roupa
Com um "S” que trago no peito
Sou uma Super-Mulher

Por todas as mães que lutam
Por dias melhores que virão
Por todas as mulheres sentadas aqui agora
Que tem que voltar para casa antes do sol se por
Para todas as minhas irmãs
Cantando juntas
Dizendo:
Sim eu vou,
Sim eu posso.

Porque eu sou uma Super-Mulher
Sim eu sou,
Sim ela é.
Mesmo quando eu estou confusa
Eu ainda coloco uma roupa
Com um "S” que trago no peito
Sou uma Super-Mulher

Quando eu estou em crise
E não posso ser compreendida
Eu começo a enfraquecer
Porque ninguém sabe
Mas por debaixo desse disfarce
Eu sei voar...
Nós sabemos voar...

Deixe-me contar um segredo,
Eu sou uma Super-Mulher
Sim eu sou.
Porque mesmo quando estou confusa
Eu ainda coloco uma roupa
Com um "S” que trago no peito
Sou uma Super-Mulher, sim eu sou
Eu disse que sou uma Super-Mulher...
E você também é.
::: Boa Sorte / Good Luck :::
Vanessa da Mata e Ben Harper

É só isso
Não tem mais jeito
Acabou, boa sorte

Não tenho o que dizer
São só palavras
E o que eu sinto
Não mudará

Tudo o que quer me dar
É demais
É pesado
Não há paz

Tudo o que quer de mim
Irreais
Expectativas
Desleais

That's it
There's no way
It's over, good luck

I've nothing left to say
It's only words
And what l feel
Won't change

Tudo o que quer me dar / Everything you want to give me
É demais / It's too much
É pesado / It's heavy
Não há paz / There is no peace

Tudo o que quer de mim / All you want from me
Irreais / Isn't real
Expectativas / Expectations
Desleais

Mesmo se segure
Quero que se cure
Dessa pessoa
Que o aconselha

Há um desencontro
Veja por esse ponto
Há tantas pessoas especiais

Now even if you hold yourself
I want you to get cured
From this person
Who advises you

There is a disconnection
See through this point of view
There are so many special
People in the world
So many special
People in the world
In the world
All you want
All you want

Tudo o que quer me dar / Everything you want to give me
É demais / It's too much
É pesado / It's heavy
Não há paz / There's no peace

Tudo o que quer de mim / All you want from me
Irreais / Isn't real
Expectativas / That expectations
Desleais

Now we're falling
Falling, falling
Falling into the night
Into the night
Falling, falling, falling
Falling into the night

sábado, novembro 22, 2008

::: Hot N Cold Lyrics :::
Kate Perry


You change your mind
Like a girl changes clothes
Yeah you, PMS
Like a bitch
I would know

And you over think
Always speak
Critically

I should know
That you’re no good for me

Cause you’re hot then you’re cold
You’re yes then you’re no
You’re in then you’re out
You’re up then you’re down
You’re wrong when it’s right
It’s black and it’s white
We fight, we break up
We kiss, we make up
You don’t really want to stay, no
But you don’t really want to go-o

We used to be
Just like twins
So in sync
The same energy
Now’s a dead battery
Used to laugh 'bout nothing
Now your plain boring

I should know that
you’re not gonna change

Someone call the doctor
Got a case of a love bi-polar
Stuck on a roller coaster
Can’t get off this ride

quinta-feira, novembro 20, 2008

::: Unha roxa :::
Tati Bernardi

-Com licença, tudo bem?
-Oi. Você...
-Eu sou a Tati, prazer. Moro naquele prédio ali do outro lado da rua. Tá vendo?
-Tô...
-Então. Eu tava em casa, na dúvida entre a água sanitária e o veneno de rato, e olhei pras minhas unhas e pensei que não posso ser velada com essas unhas descascadas, e desci pra fazer as unhas. Depois vou me matar.
-Sei. Vai pintar de que cor?
-Não sei. Que cor você acha? Roxo combina com quem vai morrer, não?
-Não sei. Qual dura mais? Afinal, estamos falando de eternidade, não?
-Menino, sabe que eu sempre quis falar de eternidade com um homem? Que bonito!
-Você é bem louca, né?
-É.
-Bom, vou indo.
-Tá, mas antes, faz um favor pra mim?
-Mas eu nem te conheço...
-Eu vou me jogar no chão, você me segura?
-Oi?
-É que eu não posso morrer sem realizar o meu sonho. Me ajuda?
-O seu sonho é se jogar no meio da rua?
-O meu sonho é que um homem me segure.
-Só isso?
-Acha pouco?
-Tá, vai, se joga.
-Então... lá vai!
-Espera!
-O quê?
-Se é pra se jogar, se joga de frente! Coragem, mulher!
-Tá! Então... lá vai...
...
- Pronto! Já posso ir embora?
-Não! Deixa eu me jogar de novo? E de novo? E de novo? E de novo? E de novo?
-Mas eu preciso mesmo ir.
-Tá.
-Ah, não faz bico. Olha, eu sou um estranho. Por que você não pede isso pra alguém que se importe com você?
-Porque é só eu pedir que eles viram estranhos, achei que se eu pedisse a um estranho, talvez ele se importasse.
-Sinto muito, querida. Tô indo nessa.
-Beleza. Vou pintar minhas unhas e depois me matar.
-Eu te ajudei um pouco, pelo menos?
-Pouco não serve pra nada, desculpa.
-Lembre-se disso quando tomar a água sanitária.
-Não sei...acho que eu vou de veneno de rato mesmo.
-Belê, tchau aí.
-Tchau. Trouxa.
-Por que, trouxa? Enquanto você esteve aqui, eu não deixei você cair!
-Eu sei, mas foi só pra pegar nos meus peitos.

terça-feira, novembro 18, 2008

::: Deus (Apareça na Televisão) :::
Kid Abelha

Sim, ele é Deus
E eu sou louca
Mas ninguém desconfia
Pois disfarçamos muito bem
Somos imortais, somos imortais
Eu vou rezar, ligar o rádio, ficar invisível
Pois nada vai te atrapalhar
Nada vai te atrapalhar

Deus, por favor,
Apareça na televisão
Deus, por favor,
Apareça na televisão

Sim, ele é Deus
E eu sou louca
Mas ninguém desconfia
Pois disfarçamos muito bem
Somos imortais, a morte não existe
Eu vou rezar, ligar o rádio, ficar invisível
Pois nada vai te atrapalhar
Prá me seduzir, quero te encontrar

Deus, por favor,
Apareça na televisão
Deus, por favor,
Apareça na televisão

Sim, ele é Deus!

domingo, novembro 16, 2008

::: Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças :::
Chega de tentar decifrar as pessoas. Quero apagá-las da minha cabeça, cansei dos joguinhos.

"I'm not a concept. I'm just a fucked-up girl who's looking for my own peace of mind. I´m not perfect."

"Can you hear me????!!!! I don't want this anymore! I wanna take off!"


"How happy is the blameless vestal's lot!
The world forgetting, but the world forgot:
Eternal sunshine of the spoless mind!
Each prayer accepted and each wish resign'd."
(Alexander Pope)

"Abençoados sejam os esquecidos, pois tiram o melhor proveito de seus esquecimentos" Nietzsche

"Os adultos são essa mistura de tristezas e fobias"

"Joel: I don't see anything I don't like about you.
Clementine: But you will! But you will, and I'll get bored with you and feel trapped, because that's what happens with me.
Joel: Okay.
Clementine: Okay."


Joel: - Não vejo nada que não goste em você...
Clementine: - Mas verá!
Joel: - Agora eu não vejo!
Clementine: - Eu vou ficar entediada e me sentir presa... Pois é isso que acontece comigo...
Joel: - Ok
Clementine: - Ok."

segunda-feira, novembro 10, 2008

::: Perfect :::
Simple Plan

Hey dad look at me
Think back and talk to me
Did I grow up according to plan?
And do you think I'm wasting my time doing things I wanna do?
But it hurts when you disapprove all along

And now I try hard to make it
I just want to make you proud
I'm never gonna be good enough for you
I can't pretend that
I'm alright
And you can't change me

'Cuz we lost it all
Nothing lasts forever
I'm sorry
I can't be perfect
Now it's just too late and
We can't go back
I'm sorry
I can't be perfect

I try not to think
About the pain I feel inside
Did you know you used to be my hero?
All the days you spent with me
Now seem so far away
And it feels like you don't care anymore

And now I try hard to make it
I just want to make you proud
I'm never gonna be good enough for you
I can't stand another fight
And nothing's alright

Nothing's gonna change the things that you said
Nothing's gonna make this right again
Please don't turn your back
I can't believe it's hard
Just to talk to you
But you don't understand

sábado, novembro 08, 2008

::: Olheiras, ossos e escárnio :::
Tati Bernardi

Já que você me viu dormir, acordar, tomar banho, gozar e ter medo de requeijão vencido, acho que posso te dizer mais algumas coisas. Até porque não preciso ter medo de espantar o que já está tão longe de mim.


Eu vou embora porque tenho pavor de você querer que eu vá embora. Não ser mais desejada por você é como ser convidada pelo super homem para sobrevoar minhas dores e, de repente, só porque o super homem não existe e eu deveria saber disso, ser lançada lá de cima, de encontro aos meus mundinhos antes tão grandes, depois tão pequenos. Agora enormes. Se aproximando. Se aproximando. E cair de cara em mim mesma. E me quebrar e quebrar tudo de novo. Eu não faço questão que ninguém goste de mim, mas fico completamente louca quando alguém gosta. Porque descubro que cada segundo da minha vida foi pra sentir isso. E o que será dos próximos segundos? Não me tire da minha merda pra depois me lembrar que tudo é uma merda. Sem fim, sem fim.

Eu só queria voltar a ter aquele cabelo curto e loiro e ter o braço inchado de puxar ferro. E comer que nem uma vaca enquanto seduzo idiotas em almoços idiotas. E comer os idiotas enquanto seduzo eu mesma achando que talvez o segredo seja fugir do fato de que sou uma mulher. Eu era feliz. Na verdade eu não era nem um pouco feliz, mas pelo menos eu sabia o motivo.

Eu quero aquelas ligações superficiais e descartáveis no meio da tarde, que me enchem de irresponsabilidade e morte. Depois a despedida doída, mais uma vez servir ao amor sem saber amar nem um pouquinho, mas pelo menos, nesse caso, ser exatamente o esperado, o correto, o forte, o jeito de se viver como tantos vivem. E me sentir desesperada por estar levando uma vida normal e ter a opção a qualquer momento para enlouquecer e chutar tudo. Mas quando se está louca e chutando tudo e ainda assim se sente desespero, o que resta?

Com você e todo esse amor, eu consigo apenas me largar pelos cantos assustada. Isso é vida? Eu não quero andar duas quadras no sol com você. Porque te amar assim, me dá medo de enfartar ou da minha pressão cair. Não sei. Eu quero deitar e esperar passar tudo. Eu quero te olhar deitada enquanto seguro um copo com água de coco geladinha. Porque você não sabe, mas tenho corrido maratonas e vencido monstros gigantescos para conseguir sentir tudo isso sem arrancar minha cabeça fora. E quando você, ao invés de me esperar no pódio de chegada com pomadas e isotônicos, me olha desconfiado ou entediado de tudo, eu quase desejo que dessa vez eu morra no meio da corrida. Porque é ridículo achar que você faz tudo valer a pena, mas, no fundo, acabo achando que você faz tudo valer a pena. Isso é vida?

Eu queria cutucar as pessoas na rua e perguntar como elas fazem pra ter pernas grossas e filhos pendurados nas pernas grossas. Eu não faço a menor idéia de como se vive, se cresce, se multiplica. Eu só me como por dentro, me corrôo de ciúmes, fico tentando segurar tudo com medo que eu comece a despedaçar no meio da rua. Eu me maquio pouco, como pouco, transo, digo e amo pelas beiradas. Tudo pra eu me arrepender menos na hora de limpar a sujeira. Tudo pra, arrogantemente, não sentir a vida como bicho. Quando tudo o que eu queria era andar de quatro pela casa e mijar nos cantos. E olho pra você, meu amor, como eu amo você, e tenho vontade de enfiar o garfo no seu braço branquelo. E não me pergunte como é que nascem pessoas assim, como eu, que amam com tanta necessidade de machucar. Como é que tem gente, como eu, que acha que sentir amor é uma gripe forte, uma célula mutante, um motivo pra chorar muito como se a vida fosse demais pra gente simplesmente viver sem prestar atenção nela.

Não me pergunte de quem é a culpa e não me pergunte se tenho consciência disso e não me pergunte nada. Eu sei de tudo, eu sei muito de absolutamente tudo. E por isso mesmo é que fico catatônica vendo minha incapacidade de amar ou ter pernas grossas.

Como é que se vive? Eu queria cutucar as pessoas. E se você não suportar mais? Como é que faz? Como eu faço pra disfarçar a solidão profunda que sinto no meio de reuniões, no meio de papos leves, fins de sexo e começos de relacionamento? Como eu faço pra ficar perfeita o tempo todo ou virar um bicho estranho e não precisar mais de ninguém? Eu jamais serei o que eu quero e jamais serei o que eu sou sem precisar disfarçar que quase sou o que eu quero. E cada hora eu quero uma coisa. E no fundo eu não quero porra nenhuma. Talvez só encher um pouco o saco, provocar, ser expulsa do peito de todo mundo porque não agüento morar nesses lugares obscuros que são os outros e suas más intenções disfarçadas. Tudo é uma jaula, até minha fuga. Principalmente minha fuga. E eu estou cansada demais. É só olhar pra mim. Olheiras, ossos e escárnio.

Gosto das pessoas fortes e burras. Gosto porque jamais vou odiar o que não amo. Como é bom cagar pro mundo e andar de cu ereto. Basta amar alguma coisa para eu enfiar o rabo entre as pernas. Para eu arquear os ombros pra frente. Porque quero proteger tanto você dentro do meu peito que acabo andando como se eu tivesse grávida na garganta. Cada vez que eu quero falar ou comer ou gritar ou viver. Vem o medo de que você me saia pelos buracos da cara. Medo de vomitar você.

Como é que se vive? Como é que se ama em meio aos fedores e sujeiras e desistências da sua casa? Como é que se espera alguém voltar do seu mundo particular se eu acabo, por conta de um medo absurdo, indo para o meu para não ter que ver você longe? Esperar o quê? A vida secar tudo, murchar tudo.

Não quero viver a porra do momento como dizem. Me sinto o tempo todo uma inocente me debatendo nas paredes de uma piada de mau gosto. Só queria achar a saída e rir por último. Como se eu tivesse tamanho ou força pra peitar assim as coisas como elas são. Ser humano é constatar nosso tamanho ridículo perto das coisas como elas são. Ser humano é a coisa mais linda e sábia a se fazer. Mas ser humano dói em mim de uma maneira tão especial e absurda e assustadora que, em meio a toda essa auto-estima de merda, ganho certo arrogância. Não tenho mais bunda, nem dinheiro, nem peitos, nem sorrisos, nem amigos, nem viagens, nem línguas, nem nada do que os outros..mas tenho meu jeito de bloquear a vida fora e mergulhar aqui nessa coisa horrorosa. Nessa lista VIP da pior festa do ano só tem o meu nome. E lá vou eu voltar pra mim e esperar algum saudosismo escondida atrás da minha porta, com a arma na mão. A porta com todos os trinquinhos.
O olho mágico vendo o escuro eterno das pessoas que desistem porque até eu mesma sempre desisto.

(...)

domingo, novembro 02, 2008

::: Quinto dia :::
Ana Paula Mangeon

Caiu a ficha. Voltamos à programação normal.

sábado, novembro 01, 2008

::: AS ETAPAS DO (DES) AMOR :::
(desconheço o autor)

Dizem por aí que após terminar um relacionamento é preciso passar um tempo sozinho, consigo mesmo. Reza a lenda que emendar um namoro atrás do outro pode ser prejudicial à busca do próprio eu e que, pessoas que não seguem esta cartilha, estão fadadas a frustrações de ordem amorosa, por transferir os problemas não resolvidos do caso anterior para o atual.

Segundo especialistas, a melhor coisa a fazer após um chute na bunda, é passar por 3 importantes etapas: Auto-Destruição, Balada Frenética e Reencontro.

Auto-Destruição
Aqui você precisa ir até o fundo do poço. Vale tomar um porre, ligar bêbado, chorar em público, invadir o email da pessoa amada, deletá-la do seu orkut, lista de spam, msn. Tudo isso na consciente (ou não) tentativa de extinguir qualquer possibilidade de retorno. Depois da fúria, você vai passar dias e noites chorando na cama, sem trabalhar, sem trocar o pijama, sem tomar banho. Vai se olhar no espelho com desgosto, recusar qualquer convite para sair e mudar de canal sempre que uma cena de sexo invadir sua televisão. Na rua, vai cuspir nos casais felizes.

Balada Frenética
Passada a fúria e a depressão, você aceita convites para sair. Melhor, você enche o saco de deus e o mundo para sair com você durante toda a semana, de segunda a segunda. Aqui nesse estágio você vai se ver numa mesa de bar com aquele conhecido distante que você nem ia muito com a cara, mas foi a única pessoa que topou tomar todas em plena segunda-feira chuvosa. Vai se ver dançando com estranhos e vai acordar ao lado de alguém que mal lembra o nome. Na rua, continua amaldiçoando os patéticos e inconvenientes casais felizes. Nesta fase existe um esforço sobre-humano para ser feliz. E se na auto-destruição você se afundava no chocolate, aqui você se matricula na academia. Está chegando a hora de voltar para o mercado de trabalho... mas não antes de passar pelo Reencontro.

Reencontro
Uma onda de calmaria invade o seu quarto junto com incensos e livros sobre espiritualidade. Aqui você tenta buscar o equilíbrio: pode ser que se matricule numa aula de yoga ou pare de fumar. Talvez você opte por cortar carne vermelha e comece a estudar sexo tântrico. O reencontro, portanto, é consigo mesmo. Chegou a hora de avaliar tudo o que viveu e se abrir para o novo. Na rua, na fila do cinema e no trânsito, continua xingando os casais felizes, porque casais felizes são sempre chatos, né?

Passadas as etapas, uma a uma, você procura e não encontra nenhum especialista. Por que o filho sem mãe que inventou estas regras casou e foi passar a lua de mel em Bora Bora. Ele também não te avisou que só as mulheres passam por tais etapas. E você nem de longe desconfiou, porque enquanto passava noites e mais noites desabafando com as amigas na mesa do bar, remoendo e remoendo o que passou vestida de luto, o seu ex já estava na cama com outra. É bem capaz dele já ter partido para a segunda aventura enquanto você mal entrava na terceira etapa.