domingo, dezembro 28, 2008

::: Sentir-se Amado :::
Martha Medeiros


O cara diz que te ama, então tá. Ele te ama.

Sua mulher diz que te ama, então assunto encerrado.

Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas. Mas saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de milhas, um espaço enorme para a angústia instalar-se

A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e verbalização, apesar de não sonharmos com outra coisa: se o cara beija, transa e diz que me ama, tenha a santa paciência, vou querer que ele faça pacto de sangue também?

Pactos. Acho que é isso. Não de sangue nem de nada que se possa ver e tocar. É um pacto silencioso que tem a força de manter as coisas enraizadas, um pacto de eternidade, mesmo que o destino um dia venha a dividir o caminho dos dois.

Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que sugere caminhos para melhorar, que coloca-se a postos para ouvir suas dúvidas e que dá uma sacudida em você, caso você esteja delirando. "Não seja tão severa consigo mesma, relaxe um pouco. Vou te trazer um cálice de vinho".

Sentir-se amado é ver que ela lembra de coisas que você contou dois anos atrás, é vê-la tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d´água. "Lembra que quando eu passei por isso você disse que eu estava dramatizando? Então, chegou sua vez de simplificar as coisas. Vem aqui, tira este sapato."

Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão. Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente bem-vindo, que se sente inteiro.

Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que não existe assunto proibido, que tudo pode ser dito e compreendido. Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo.

Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta.

Agora sente-se e escute: eu te amo não diz tudo.

sexta-feira, dezembro 26, 2008

Depois de assistir ao especial do Roberto Carlos com a minha avó, tinha que colocar aqui a minha canção preferida dele, que eu já havia postado aqui, em janeiro de 2005.

::: Outra Vez :::
Roberto Carlos

Você foi o maior dos meus casos
De todos os abraços o que eu nunca esqueci
Você foi dos amores que eu tive
O mais complicado e o mais simples pra mim.
Você foi o melhor dos meus erros
A mais estranha história que alguém já escreveu
E é por essas e outras que a minha saudade
Faz lembrar de tudo outra vez.
Você foi a mentira sincera
Brincadeira mais séria que me aconteceu
Você foi o caso mais antigo
O amor mais amigo que me apareceu
Das lembranças que eu trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim outra vez.

Esqueci de tentar te esquecer
Resolvi te querer por querer
Decidi te lembrar quantas vezes eu tenha vontade
Sem nada perder.
Você foi toda a felicidade
Você foi a maldade que só me fez bem
Você foi o melhor dos meus planos
E o pior dos enganos que eu pude fazer
Das lembranças que eu trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim outra vez.

quinta-feira, dezembro 25, 2008

::: No Way Out :::
Detonautas

Já é tarde
Vou embora daqui
Tire as mãos de mim
Que direito você tem pra me impedir?
Já dei chances e chances, você nem ligou
Nosso fim é certo. ACABOU

Eu nem sei porque é que fui embora
O que eu sei é que chegou a hora
Já notei que te dei muita chance
Você não merece chance

quarta-feira, dezembro 24, 2008

::: Na fila do supermercado :::
Tati Bernardi

Quando ele colou meus livros na boca eu entendi que era uma maneira de encostar em mim sem encostar em mim. Ele tava de ressaca de pinga e eu de tudo. Não era pra gente se beijar. Apesar de eu estar fazendo bico sem parar, uma mistura de vontade de chegar mais perto com vontade de me proteger.

Ele se desculpava pelo cheiro e pela cara feia. E eu não desculpava nada. Era tudo tão bom. O cheiro e a cara feia. Tudo tão bom e nada feio. Seu nariz ganhou o prêmio de melhor coisa de 2008. Eu disse e ele riu. E já que ele não trouxe a gaita, que pelo menos fizesse a dancinha pra mim. E ele quase fez mas foi mexer nos meus livros e eu tive a idéia de emprestar meu amado Martin Page só pra depois ter desculpa de pegar de volta. E ele topou. É um livro sobre como tudo é insuportável e a gente quer morrer mas de repente tudo fica incrível e a gente quer viver. E ele entendeu. E melhor uma das primeiras visitas pra minha casa nova não podia ter. Mas já? Já? E então ele tomou minha água de coco e foi ficando melhor. E eu fui ficando melhor. Ressaca passa. É isso, simples. Você pensa que vai morrer, mas passa.

As mulheres não me aguentam porque sou muito desligado. Ele disse. Os homens não me aguentam porque sou ligada demais. Coisas soltas ditas enquanto ele me contava que tinha o pôster do “Homem que amava as mulheres” igual ao meu e gostava de House. Você vai na minha casa um dia? Claro. Você vem na minha de novo? Claro. A gente vai se ver o ano que vem? Claro. Adoro coisas claras. Mas já?

E então ele pediu dedicatória e eu comecei a chupar a caneta. E ele continuava encostando meu livro na boca. Até que a gente percebeu e deu risada. Essa coisa é mesmo absurda. Mas já? Tô achando minha dor duvidosa, porque agora, por exemplo, não tenho dor nenhuma. E ele riu e disse que também não tinha dor nenhuma naquele momento. E quando ele riu, eu percebi. Eu percebi que eu estava na merda. Porque adoro esses caras que dão risada com a cara inteira mas continuam com os olhos um pouco tristes e parados. E adoro que a ressaca dele não permitia muita emoção e por isso ele fechava um pouco os olhos e ficava quietinho. É impressionante como eu não gosto de ninguém mas, de vez em quando, escapa um momento, um gesto, uma pessoa perdida e linda e única. E eu fico nessa felicidade de ser uma pessoa boa e capaz dessas coisas boas.

E então eu contei pra ele que não fumava e ele que já tinha tomado drogas pesadas com aquele cantor fodão que faz as mulheres ajoelharem. E dos amigos que morreram e tudo muito rock and roll e achei divertido se é que se pode achar isso. Eu nunca namorei escritoras. E eu que nunca namorei. Acho. E então falamos do melhor japonês do bairro e do melhor livro do Philip Roth e ele confundiu Quarto do Filho com filho do quarto e quase falou mal do John Fante e de repente tudo ficou tão bem, tão bem. Mas já?

Todo mundo é um pouco triste e um pouco louco e já estava muito tarde. E na televisão tava passando um filme brasileiro idiota. E ele imitou viado pra mim, porque achei o fim do mundo ele ser um comunista rock and roll que fala francês e gosta de coelhinhos. E tudo era legal, tudo, qualquer coisa nele é tão legal. Vai da camisa até o nariz. E do jeito dele falar até o tempo todo que ele fica quieto. É tudo tão legal. E a força que saia de dentro dele aquele dia e agora ele sem forças. E tudo forte e ao mesmo tempo eu quase com sono e calma. E de como ele fala de coisas terríveis quase sorrindo. E de como ele diz que me liga em meses e liga no dia seguinte. E de como ele chegou até aqui completamente bêbado e completamente bom moço. E de como ele disse, da maneira mais sensual do mundo, que queria, um dia, fazer sacanagens meigas comigo. E eu perguntei se eram bregas, os textos. E ele disse que eram no limite, porque ninguém diz verdades sem ser. E nada disso me descontrolou porque a voz dele é quase uma meditação. E ele disse que precisava me contar uma coisa que ia me deixar triste. E eu disse vai com tudo. E ele disse que não tinha nenhuma música falando “na fila do supermercado”. Eu tinha imaginado tudo. Era outra frase, era outra coisa, eu tinha imaginado tudo. É isso que eu faço, baby. Eu imagino tudo. A sua profissão é escrever para os outros imaginarem, a minha é imaginar para eu escrever. E ele me achou inteligente e eu adoro isso porque é um tipo de sexo que se faz que não enlouquece e nunca sacia. E ele ficou melhor e foi embora. E eu fiquei melhor e voltei. Não quero mais morrer, eu só quero meu livro de volta. Viver é bom demais.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

::: Questões Cronólogicas :::
Ana Paula Mangeon

Eu posso ignorar o dia nascendo.
Eu posso fechar as cortinas.
Eu posso desligar o despertador
para pedir mais cinco minutos.

Às vezes posso perder a hora.
Sim, eu posso.
O que eu não posso mais
é perder tempo.

sábado, dezembro 20, 2008

::: Câmara Escura :::
Ana Paula Mangeon

Do filme velado
Revela-se, tranqüila,
a constatação:

Serei sempre aquela
Que tu desejas
jamais querendo.

Serás sempre aquilo
que não quero mais,
mas continuo desejando ao extremo
::: Oito, um, onze :::
Tati Bernardi

Ligo pra ele, meu melhor amigo de falar besteiras. Ficamos horas rindo porque o meu marceneiro queria selar a rosca com o sifão na mão. Não tem a menor graça. Mas é bom rir. Desligo. Ligo pra ele, meu melhor amigo para eu me sentir especial. Ele vai passar na minha casa hoje, trazer um presentinho, essas coisas. É bom. Vem mais tarde, depois da novela. É bom. Ligo pra ele, meu melhor amigo pra fazer drama. Ele fala que não é bem assim, Tati. Claro que vai dar tudo certo. E sim, vamos sair num horário sem trânsito e sim você vai pagar todas as contas e sim, eles vão nascer. Um dia eles nascem. E mais tarde ele passa aqui, depois do amigo que vem depois da novela. E ligo pra ele, meu mais novo amigo. Ele chega com seu carro enorme e me ajuda a subir. Vamos sempre jantar em lugares chiques e bregas e divertidos. E me dá preguiça mas é melhor do que ficar em casa ou no telefone. E ele me elogia, diz que branquinha assim, eu sou tão diferente de tudo. E eu quero explicar que sou sim diferente de tudo, mas nada tem a ver com a epiderme. E ligo pra ele, o homem que sempre quer me ver mas nunca diz diretamente e acabamos não marcando. E moramos tão perto. E ele me explica que é complicado, se eu soubesse. E eu finjo não saber. E eu só viajo naquela voz, naqueles silêncios, em como ele nunca sabe o que me dizer e fica pensando e pensando. Em como eu, tão boba, deixo ele bobo. E gosto um pouco desse meu poder solitário. E eu nem lembro dele, mas lembro o que eu senti quando o vi pela primeira e única vez. Da força que saia de dentro dele. E agora isso, esses vários silêncios e lacunas. E gosto ainda mais dele. Mesmo sem saber quem ele é e mesmo sabendo que é só pra distrair os dias. E ligo pra ele, meu amigo querido, meu amigo desesperado de amor e ao mesmo tempo só querendo sentir alguma coisa que não seja o domingo acabando de novo. E rimos, tomamos nosso café, e choramos. E o papo é profundo e tal e de repente é só pra gente se achar muito em Paris ou Buenos Aires. E não de novo com o domingo acabando no mesmo lugar de sempre. E ligo pro meu amigo “posudo”. E ele vem cheio de cigarros, músicas, doenças e interpretações perfeitas a respeito da minha maluquice. E se esforça pra focar em mim, porque, assim como eu, ele gosta mesmo é de falar de si. E ligo pro velho amigo de sempre. E ele vem correndo, segurar meu coração, aliviar meu pescoço e dizer que nada mudou, foram 56 mil anos mas nada mudou. Ele ainda está aqui pra mim.

E assim consigo dormir mais um dia, passar mais um dia, viver mais algumas horas, sem ligar pra única pessoa que eu queria ligar. Consigo seguir em frente mais um dia sem ligar pra ele. Consigo distrair meus dedos, minha mente, meu peito, minha violência, meu buraco, minha vertigem, meu soco no estômago, meu desespero, meu automático, meu extinto contrário, minha curiosidade infantil mas sempre com resultados duros demais para uma criança, minha vontade de enfiar o dedo na tomada só pra sentir a descarga mortal que tanto parece com impulso de vida. Consigo distrair os batimentos cardíacos que sinto em lugares do meu corpo que ainda queriam mais um toque dele. E partes da minha pele que saem buscando porque ainda não receberam a informação do fim, o sangue ainda não levou a má notícia para meu corpo todo. E consigo distrair minhas roupas, que querem se mostrar, cada dia uma diferente, para ele. Só para ele. E distrair meus ouvidos loucos pela sua voz. E distrair meus pés loucos pra encaixar atrás da sua batata da perna. E distrair minha língua, querendo decodificar e marcar cada centímetro das suas estranhezas. E distrair a crença cansada, a saudade renegada. Distrair essa sobrinha de você que continua enorme, mesmo sendo, agora, uma sobrinha.

A conta vem cara, os amigos são muitos, as risadas invadem, o sofrimento dissipa. Eu sigo. Eu sigo sem ligar. A mão captura rápido o celular, eu começo a colocar o número dele. Mas passa. Ligo pra outro. E outro. E outro. E passo mais um dia sem fazer o que eu sei que não devo. Tudo o que ainda pensa e se preserva em mim grita e eu escuto. Sem cabimento, sem história, sem motivo, sem eco, sem colo, sem cumplicidade, sem acolhimento, sem nada. O que mais eu quero ouvir? O que falta para eu entender que acabou? Que dor falta sentir? Que parte do meu conformismo estava de férias essas semanas? O que falta viver em cemitérios abandonados? O que falta sentir em peitos esfaqueados? O que falta amarrar nesse emaranhado de fios dilacerados que eu virei? O que falta amar em olhares escondidos? O que falta acreditar quando a verdade é tão absurda que ocupa tudo? Não passo de uma força descontrolada que vai dar com a cara na parede branca, dura e incorruptível. Não ligue, Tati. Ligue para o mundo inteiro, encha o mundo inteiro, canse o mundo inteiro, ame o mundo inteiro. Vamos, mais um dia. Tente mais um pouco o resto. Daqui a pouco, esse resto vira rotina. Esse resto vira tudo. E ele será resto. Mais um pouco. Vamos, se esforce. Use essa violência para construir uma parede e não mais para sair esmurrando outras paredes por aí. Vamos, não ligue. Daqui a pouco isso se perde, como tudo. Como todas as pessoas fazem. As pessoas fazem isso, e seguem, equilibradas, frias, certas, velhas, assustadoras. Você pode ser como elas. Você é como elas. Não, você não é. Mas foda-se. Mesmo assim, não ligue. Nunca mais.
::: Mulheres são chatas :::
Tati Bernardi

Certa vez um diretor de teatro cismou comigo. Ah, seus textos isso, seus textos aquilo. Sua foto isso. Você, Tati. Ah, que mulher. E durante quatro meses ele me mandou e-mails quase diários a respeito dessa adoração.

Aí ele finalmente veio estrear sua peça em São Paulo. E quero te ver daqui, preciso te conhecer dali. Você, Tati. Ah, que mulher.

E o cara me mandava e-mails nos intervalos da peça, pouquinho antes de começar, pouquinho depois de terminar. Durante os ensaios. Uma obsessão que nunca vi. E me mandava senhas de ingressos com cadeiras na primeira fileira. E traga quem você quiser, mas melhor que venha só. Preciso te conhecer, preciso. Você, que mulher.

E eu fui. Ah, eu fui. Quatro meses no meu pé, tamanha obsessão. Eu fui. E achei ele gato e interessante. E confesso que ele foi, nessa minha vida bem aproveitada, o melhor beijo na boca que já dei.

E a coisa crescia. Seu cheiro, seu cabelo, seu sorriso, sua cintura. O cara, se pudesse, me enquadrava e me colocava na sala. Se pudesse, me fazia virar uma estátua na entrada do apartamento. Nunca ninguém ficou tão encantado por mim. Ele chegou ao ponto de, no último dia da peça em cartaz em São Paulo, agradecer a Deus olhando pra mim, que estava que nem besta, de novo, na primeira fileira. Tipo: eu era Deus!

E então, transamos, e a coisa só piorou. Porque seus olhos fechados, porque você dormindo, porque você acordando, porque tomar banho com você, porque eu sei, mulher da minha vida, primor intelectual, sensibilidade absurda, humor genial, maldade charmosa, que mulher, que mulher, que mulher, eu nunca mais viverei sem você, não agüento ficar longe, você pode tudo, é você, é você. E me apresentava pros amigos “se preparem pra amar essa mulher pra sempre, porque é o que eu vou fazer”. E não existia quarta, nem quinta e nem terça. Todo dia era sábado. Todo dia era dia de namorar e ouvir aquelas coisas todas. E ele me mostrava sua foto criança “olha a cara do seu filho”. E ai de mim se topasse sair com alguma amiga ao invés de ir naquele flat onde ele quase me embalsamava de tanto amor e sexo e planos.

E eu quieta, vendo aquilo tudo. Querendo acreditar aos poucos mas acreditando rápido porque, afinal, a vida é um saco e eu deveria mesmo merecer tudo aquilo. Por que não? Sim, sim, eu merecia! Claro.

E então, numa tarde, depois de tantos elogios e melhores beijos do mundo e carinhos na nuca para eu dormir mais rápido e um anel de ouro branco que ele mandou fazer escrito “I Love you” na parte de dentro, eu resolvi que gostava do cara. É, acho que eu curto esse cara. Olha, tô achando que eu amo esse cara.

E porque resolvi que então eu estava naquela relação e qualquer mulher que resolve isso precisa de algumas garantias e conversas que vão além da ostentação teatral e da euforia sexual, achei que não teria problema nenhum em dizer pra ele, o quanto eu estava sofrendo com o final da peça, se ele ia mesmo vir pra São Paulo me ver toda semana, se ele ia se comportar no Rio, longe de mim, com aquelas vadias bundudas querendo uma chance na TV. Se ele me amava mesmo. Como seria com ele longe. Se ele achava que aquilo tinha futuro mesmo. Aquela ladainha normal de qualquer mulher que se sente à vontade pra ser chata depois do cara ter ganho o cartão “sou insuportavelmente louco, apaixonado e obcecado por você, fucking woman of my life”.
E ele coçou a batata da perna. Espreguiçou. Fungou fundo a respiração. Foi tomar banho sem falar nada. Ficou dois longos dias sem me ligar. E depois, porque eu fiquei sem entender nada e fui pro Rio, desesperada, ver o que estava acontecendo, ele me disse, com uma frieza e um distanciamento que até hoje me dilaceram e me fazem temer a vida: “ah, Tati, você é chata”.

É, mulheres são chatas mesmo. O que é melhor, muito melhor, infinitamente melhor, do que ser você.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

::: 1x0 Eu :::
Dibob

Você me perdeu, não percebeu, que não deu valor pra mim
Agora é tarde demais, já não te quero mais
Vai ter que aprender a viver assim


Pois quando me tinha não soube cuidar
Ganhava sempre no seu jogo de amar
E agora vem correndo pedindo pra voltar;
Não vai dar

O jogo inverteu, você se perdeu e o seu filme queimou
Mas vai ser bom pra você, você vai aprender a dar mais valor pra quem te deu

Você abusou do meu amor e tá pedindo pra voltar, e eu to dizendo não vai dar

quarta-feira, dezembro 10, 2008

::: Tears Dry On Their Own :::
Amy Winehouse

All I can ever be to you,
Is a darkness that we knew,
And this regret I've got accustomed to,
Once it was so right,
When we were at our high,
Waiting for you in the hotel at night,
I knew I hadn't met my match,
But every moment we could snatch,
I don't know why I got so attached,
It's my responsibility,
And you don't owe nothing to me,

But to walk away I have no capacity

He walks away,
The sun goes down,
He takes the day but I'm grown,
And in your way, in this blue shade
My tears dry on their own,

I don't understand,
Why do I stress A man,
When there's so many bigger things at hand,
We could a never had it all,
We had to hit a wall,
So this is inevitable withdrawal,
Even if I stop wanting you,
A Perspective pushes through,
I'll be some next man's other woman soon,

I shouldn't play myself again,
I should just be my own best friend,
Not fuck myself in the head with stupid men,

So we are history,
YOUR shadow covers me
The sky above,
A blaze only that lovers see

I wish I could say no regrets,
And no emotional debts,
Cause that kiss goodbye the sun sets,
So we are history,
The shadow covers me,
The sky above a blaze that only lovers see,

He walks away,
The sun goes down,
He takes the day but I'm grown,
And in you way,
My deep shade,
My tears dry

sábado, dezembro 06, 2008

::: If I Were a Boy :::
Beyoncé

If I were a boy
Even just for a day
I'd roll outta bed in the morning
And throw on what i wanted then go
Drink beer with the guys
And chase after girls
I'd kick it with who I wanted
And I'd never get confronted for it
Cause they'd stick up for me

If I were a boyI think i could understand
How it feels to love a girl
I swear i'd be a better man
I'd listen to her
Cause I Know how it hurts
When you lose the one you wanted
Cause he's taken you for granted
And everything you had got destroyed

If were a boy
I would turn off my phone
Tell everyone it's broken
So they'd think that i was sleepin alone
I'd put myself first
And make the rules as a goal
Cause I know that she'd be faithful
Waitin' for me to come home
To come home

If I were a boy
I think i could understand
How it feels to love a girl
I swear i'd be a better man
I'd listen to her
Cause I Know how it hurts
When you lose the one you wanted
Cause he's taken you for granted
And everything you had got destroyed

It's a little too late for you to come back
Say its just a mistake
Think i'd forgive you like that
If you thought i would wait for you
You thought wrong

But you're just a boy
You don't understand
Yeah you don't understand
How it feels to love a girl someday
You wish you were a better man
You don't listen to her
You don't care how it hurts
Until you lose the one you wanted
Cause you've taken her for granted
And everything you have got destroyed
But you're just a boy

quinta-feira, dezembro 04, 2008

::: Correspondência Velada :::
Ana Paula Mangeon

O espaço ficou distante demais
e eu já não conto estrelas.
Crescemos e nos tornamos
descuidados conosco.

(Eu sempre muito mais atabalhoada que você).

Os pés no chão não parecem âncoras,
mas são.
E as naus vagam feito
barquinhos de papel
passeando numa sarjeta qualquer
num dia, assim, mais pluvial.

Eu tenho sede de outras coisas
Aquele arrepio do vento,
de tesão em ir, é só um suspiro frio.

As hibernações viraram
conseqüências simples
das coisas mundanas e tangíveis
que nos tornam os egoísmos aceitáveis
e nos fazem pedir desculpas pelas ausências
prometendo presenças sem círculos vermelhos na agenda.

(Pena que meu umbigo não me dê seus bons conselhos.
Acho que eu me preocupo mais com ele
que ele comigo no final das contas.)

Um dia os bilhetinhos iam rarear
Eu sabia.
Você também.
E haveria outros destinatários
Para tentar roubar, sem sucesso,
Este algo que é só meu e seu.

Talvez seja por isso que hoje
os carteiros não mais se anunciem:
Eles apenas enfiam suas palavras
por debaixo de minha porta,
sem procurar saber
quando eu estou em casa
dormindo comigo.
Sem o cuidado que merecem
essas cartas silenciosas
que chegam mesmo sem que você indique o endereço.

Essas cartas
que você me escreve com caneta permanente
em folhas de papel-espelho.
::: Musa :::
Ana Paula Mangeon

Ela é feliz.
Ela lhe ama.
Ela vem de trem.

Vem sem bagagem,
não traz tristezas.

Seu nome é Dulce.
E ela é um verso de amor.

sexta-feira, novembro 28, 2008

::: Não é feito para dar certo :::
Tati Bernardi

Ele me pegou em casa a contragosto. Esbravejando. Xingando. Eu ri. Achei graça. Mudei de estação na rádio. O teu amor é uma mentira, que a minha vaidade quer. Tava tocando isso. E eu nem aí.

No banco de trás um casaquinho verde musgo tamanho PP. De alguma garota da noite anterior. Ou da semana passada. Ele é cheio de garotas e pela primeira vez na vida sorri ao pensar isso. Tá certo ele. Bonitão, rico, engraçado e safado. Que mulher não se apaixona por ele?

Eu. Eu não me apaixono mais por ele. O que significa que agora podemos nos relacionar. O que significa que agora, posso ficar tranquilamente ao lado dele sem odiar meu cabelo e minha bunda e minha loucura. E posso vê-lo literalmente duas vezes ao ano, sem achar que duas vezes na semana são duas vezes ao ano. E posso vê-lo ir embora, sem me desmanchar ou querer abraçar meu porteiro e chorar. Consigo até dar tchauzinho do portão. Tchau, vou comer um pedaço de torta de nozes e assoviar. Tchau, querido mais um ser humano do planeta.

Passamos no CEASA pra comprar caixotes podres de feira. Última moda em decoração de bibliotecas. Ele briga comigo, que pobre que você é, Tati. Mau gosto da porra. E diz que eu não sei tratar gente simples, que chego falando difícil de propósito. Eu não fiz nada disso, mas tô nem aí de me explicar ou convencê-lo do contrário. Morro de rir. Se eu o amasse, sentaria no chão e começaria a chorar. Por favor! Goste de mim! Por favor! Como assim eu não sei tratar gente simples? Eu ia ficar com isso na cabeça um mês. Ia aumentar a terapia em três vezes por semana. Ia fazer um curso na Casa do Saber de como falar com feirantes em final de expediente. Ia querer morrer. Mas apenas ri e continuei na minha missão de tomar garapa. Se eu o amasse, ia morrer de medo de passar mal de dor de barriga por causa da garapa. Ou dele me achar brega por causa da garapa. Mas como não tô nem aí, nem lembro que tenho barriga. E o feirante tentando entender o que era fashion. E eu arrotando internamente, sabor garapa.

Depois fomos à Bienal. Eu fiquei com nojo de colocar as luvinhas para ver as fotos. Porque o mundo todo usou aquelas luvinhas não descartáveis. E ele me olhando com preguiça. Ai, Tati, como você é fresca. E eu assumi minha frescura e o larguei falando sozinho. Se eu estivesse apaixonada, ia bolar milhares de motivos mirabolantes para lhe explicar meus motivos em não querer usar a luvinha. Ia entrar na lenga lenga insuportável de pedir desculpas por ser como sou, como se isso tivesse explicação ou desculpas ou salvação. Teria morrido, ou melhor, o matado, porque não suporto olhares de preguiça e reprovação. Teria perguntando, ainda que inconscientemente, o que fazer, naquele fim de tarde, para ser absolutamente perfeita. Me odiando e odiando ele por me sentir assim, uma imbecil. Mas não, apenas fui ver as fotos. Ele me achar fresca e uma barrinha de cereal sabor artificial de banana tem o mesmo poder sobre mim. Nenhum.

No final do dia fomos até a casa de uns amigos dele. E eu lá, pela primeira vez na vida, gostando dos amigos dele, tratando todo mundo bem. Rindo pra caramba daquele monte de besteira. Ficando amiga das garotas de 20 anos com sombra roxa nos olhos. A galera que vai em peso para “a praia do momento para quem quer pertencer a algo que todos querem pertencer mas não sabem bem o que é”. E ele me olhando de longe. Ah, se ela tivesse agido assim. Tão normal, tão simpática, tão leve, tão boa companhia. Ao invés daqueles surtos de ciúme, daquelas cobranças por mais intensidade, daquela necessidade em acordar de madrugada com medo da vida, daquela arrogância pra cima de mim e dos meus amigos que não sabiam conversar de livros, filmes, músicas e dor na alma. Se ela tivesse confiado assim no taco dela. E sorrido mais. Se ela tivesse me amado sem amar. Ou como amam as pessoas que conseguem se relacionar. E eu lá, sendo adorada por ele, justamente porque não o adoro mais. Ô vidinha filha da puta.

No final do dia, a frase que eu temia. “Quer fazer alguma coisa amanhã?”. Eu sabia. Toda mulher feliz e equilibrada deixa saudades. Mas eu não queria. Eu só queria amar alguém, com toda a tristeza e desequilíbrio que vem junto com isso, e continuar deixando saudades.

Quando dizem que namoro ou casamento ou qualquer relacionamento mais sério não pode dar certo, eu discordo. O que definitivamente não dá certo, ao menos para mim, é se apaixonar. Agora, que graça tem fazer qualquer coisa da vida sem estar apaixonada? Ô vidinha filha da puta.

domingo, novembro 23, 2008

::: Superwoman :::
Alicia Keyes

Everywhere I'm turning
Nothing seems complete
I stand up and I'm searching
For the better part of me
I hang my head from sorrow
State of humanity
I wear it on my shoulders
Gotta find the strength in me

Cause I am a Superwoman
Yes I am
Yes she is
Still when I'm a mess
I still put on a vest
With an S on my chest
Oh yes
I'm a Superwoman

For all the mothers fighting
For better days to come
And all my women, all my women sitting here trying
To come home before the sun
And all my sisters
Coming together
Say yes I will
Yes I can
Cause I am a Superwoman
Yes I am
Yes she is
Even when I'm a mess
I still put on a vest
With an S on my chest
Oh yes
I'm a Superwoman

When I'm breaking down
And I can't be found
And I start to get weak
Cause no one knows
Me underneath these clothes
But I can fly
We can fly, Oooohh

Let e tell you I am a Superwoman
Yes I am
Yes she is
Even when I'm a mess
I still put on a vest
With an S on my chest
Oh yes
I'm a Superwoman

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Tradução (do site do Terra, não me dei ao trabalho...)

Super-Mulher

Pra onde quer que eu olhe
Nada parece estar completo
Eu me levanto e continuo procurando,
Pelo melhor pedaço de mim
De cabeça baixa por esse peso
Escrava da humanidade
Eu levo isso em meus ombros
Tenho que encontrar a minha força interior

Porque eu sou uma Super-Mulher
Sim eu sou,
Sim ela é.
Mesmo quando eu estou confusa
Eu ainda coloco uma roupa
Com um "S” que trago no peito
Sou uma Super-Mulher

Por todas as mães que lutam
Por dias melhores que virão
Por todas as mulheres sentadas aqui agora
Que tem que voltar para casa antes do sol se por
Para todas as minhas irmãs
Cantando juntas
Dizendo:
Sim eu vou,
Sim eu posso.

Porque eu sou uma Super-Mulher
Sim eu sou,
Sim ela é.
Mesmo quando eu estou confusa
Eu ainda coloco uma roupa
Com um "S” que trago no peito
Sou uma Super-Mulher

Quando eu estou em crise
E não posso ser compreendida
Eu começo a enfraquecer
Porque ninguém sabe
Mas por debaixo desse disfarce
Eu sei voar...
Nós sabemos voar...

Deixe-me contar um segredo,
Eu sou uma Super-Mulher
Sim eu sou.
Porque mesmo quando estou confusa
Eu ainda coloco uma roupa
Com um "S” que trago no peito
Sou uma Super-Mulher, sim eu sou
Eu disse que sou uma Super-Mulher...
E você também é.
::: Boa Sorte / Good Luck :::
Vanessa da Mata e Ben Harper

É só isso
Não tem mais jeito
Acabou, boa sorte

Não tenho o que dizer
São só palavras
E o que eu sinto
Não mudará

Tudo o que quer me dar
É demais
É pesado
Não há paz

Tudo o que quer de mim
Irreais
Expectativas
Desleais

That's it
There's no way
It's over, good luck

I've nothing left to say
It's only words
And what l feel
Won't change

Tudo o que quer me dar / Everything you want to give me
É demais / It's too much
É pesado / It's heavy
Não há paz / There is no peace

Tudo o que quer de mim / All you want from me
Irreais / Isn't real
Expectativas / Expectations
Desleais

Mesmo se segure
Quero que se cure
Dessa pessoa
Que o aconselha

Há um desencontro
Veja por esse ponto
Há tantas pessoas especiais

Now even if you hold yourself
I want you to get cured
From this person
Who advises you

There is a disconnection
See through this point of view
There are so many special
People in the world
So many special
People in the world
In the world
All you want
All you want

Tudo o que quer me dar / Everything you want to give me
É demais / It's too much
É pesado / It's heavy
Não há paz / There's no peace

Tudo o que quer de mim / All you want from me
Irreais / Isn't real
Expectativas / That expectations
Desleais

Now we're falling
Falling, falling
Falling into the night
Into the night
Falling, falling, falling
Falling into the night

sábado, novembro 22, 2008

::: Hot N Cold Lyrics :::
Kate Perry


You change your mind
Like a girl changes clothes
Yeah you, PMS
Like a bitch
I would know

And you over think
Always speak
Critically

I should know
That you’re no good for me

Cause you’re hot then you’re cold
You’re yes then you’re no
You’re in then you’re out
You’re up then you’re down
You’re wrong when it’s right
It’s black and it’s white
We fight, we break up
We kiss, we make up
You don’t really want to stay, no
But you don’t really want to go-o

We used to be
Just like twins
So in sync
The same energy
Now’s a dead battery
Used to laugh 'bout nothing
Now your plain boring

I should know that
you’re not gonna change

Someone call the doctor
Got a case of a love bi-polar
Stuck on a roller coaster
Can’t get off this ride

quinta-feira, novembro 20, 2008

::: Unha roxa :::
Tati Bernardi

-Com licença, tudo bem?
-Oi. Você...
-Eu sou a Tati, prazer. Moro naquele prédio ali do outro lado da rua. Tá vendo?
-Tô...
-Então. Eu tava em casa, na dúvida entre a água sanitária e o veneno de rato, e olhei pras minhas unhas e pensei que não posso ser velada com essas unhas descascadas, e desci pra fazer as unhas. Depois vou me matar.
-Sei. Vai pintar de que cor?
-Não sei. Que cor você acha? Roxo combina com quem vai morrer, não?
-Não sei. Qual dura mais? Afinal, estamos falando de eternidade, não?
-Menino, sabe que eu sempre quis falar de eternidade com um homem? Que bonito!
-Você é bem louca, né?
-É.
-Bom, vou indo.
-Tá, mas antes, faz um favor pra mim?
-Mas eu nem te conheço...
-Eu vou me jogar no chão, você me segura?
-Oi?
-É que eu não posso morrer sem realizar o meu sonho. Me ajuda?
-O seu sonho é se jogar no meio da rua?
-O meu sonho é que um homem me segure.
-Só isso?
-Acha pouco?
-Tá, vai, se joga.
-Então... lá vai!
-Espera!
-O quê?
-Se é pra se jogar, se joga de frente! Coragem, mulher!
-Tá! Então... lá vai...
...
- Pronto! Já posso ir embora?
-Não! Deixa eu me jogar de novo? E de novo? E de novo? E de novo? E de novo?
-Mas eu preciso mesmo ir.
-Tá.
-Ah, não faz bico. Olha, eu sou um estranho. Por que você não pede isso pra alguém que se importe com você?
-Porque é só eu pedir que eles viram estranhos, achei que se eu pedisse a um estranho, talvez ele se importasse.
-Sinto muito, querida. Tô indo nessa.
-Beleza. Vou pintar minhas unhas e depois me matar.
-Eu te ajudei um pouco, pelo menos?
-Pouco não serve pra nada, desculpa.
-Lembre-se disso quando tomar a água sanitária.
-Não sei...acho que eu vou de veneno de rato mesmo.
-Belê, tchau aí.
-Tchau. Trouxa.
-Por que, trouxa? Enquanto você esteve aqui, eu não deixei você cair!
-Eu sei, mas foi só pra pegar nos meus peitos.

terça-feira, novembro 18, 2008

::: Deus (Apareça na Televisão) :::
Kid Abelha

Sim, ele é Deus
E eu sou louca
Mas ninguém desconfia
Pois disfarçamos muito bem
Somos imortais, somos imortais
Eu vou rezar, ligar o rádio, ficar invisível
Pois nada vai te atrapalhar
Nada vai te atrapalhar

Deus, por favor,
Apareça na televisão
Deus, por favor,
Apareça na televisão

Sim, ele é Deus
E eu sou louca
Mas ninguém desconfia
Pois disfarçamos muito bem
Somos imortais, a morte não existe
Eu vou rezar, ligar o rádio, ficar invisível
Pois nada vai te atrapalhar
Prá me seduzir, quero te encontrar

Deus, por favor,
Apareça na televisão
Deus, por favor,
Apareça na televisão

Sim, ele é Deus!

domingo, novembro 16, 2008

::: Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças :::
Chega de tentar decifrar as pessoas. Quero apagá-las da minha cabeça, cansei dos joguinhos.

"I'm not a concept. I'm just a fucked-up girl who's looking for my own peace of mind. I´m not perfect."

"Can you hear me????!!!! I don't want this anymore! I wanna take off!"


"How happy is the blameless vestal's lot!
The world forgetting, but the world forgot:
Eternal sunshine of the spoless mind!
Each prayer accepted and each wish resign'd."
(Alexander Pope)

"Abençoados sejam os esquecidos, pois tiram o melhor proveito de seus esquecimentos" Nietzsche

"Os adultos são essa mistura de tristezas e fobias"

"Joel: I don't see anything I don't like about you.
Clementine: But you will! But you will, and I'll get bored with you and feel trapped, because that's what happens with me.
Joel: Okay.
Clementine: Okay."


Joel: - Não vejo nada que não goste em você...
Clementine: - Mas verá!
Joel: - Agora eu não vejo!
Clementine: - Eu vou ficar entediada e me sentir presa... Pois é isso que acontece comigo...
Joel: - Ok
Clementine: - Ok."

segunda-feira, novembro 10, 2008

::: Perfect :::
Simple Plan

Hey dad look at me
Think back and talk to me
Did I grow up according to plan?
And do you think I'm wasting my time doing things I wanna do?
But it hurts when you disapprove all along

And now I try hard to make it
I just want to make you proud
I'm never gonna be good enough for you
I can't pretend that
I'm alright
And you can't change me

'Cuz we lost it all
Nothing lasts forever
I'm sorry
I can't be perfect
Now it's just too late and
We can't go back
I'm sorry
I can't be perfect

I try not to think
About the pain I feel inside
Did you know you used to be my hero?
All the days you spent with me
Now seem so far away
And it feels like you don't care anymore

And now I try hard to make it
I just want to make you proud
I'm never gonna be good enough for you
I can't stand another fight
And nothing's alright

Nothing's gonna change the things that you said
Nothing's gonna make this right again
Please don't turn your back
I can't believe it's hard
Just to talk to you
But you don't understand

sábado, novembro 08, 2008

::: Olheiras, ossos e escárnio :::
Tati Bernardi

Já que você me viu dormir, acordar, tomar banho, gozar e ter medo de requeijão vencido, acho que posso te dizer mais algumas coisas. Até porque não preciso ter medo de espantar o que já está tão longe de mim.


Eu vou embora porque tenho pavor de você querer que eu vá embora. Não ser mais desejada por você é como ser convidada pelo super homem para sobrevoar minhas dores e, de repente, só porque o super homem não existe e eu deveria saber disso, ser lançada lá de cima, de encontro aos meus mundinhos antes tão grandes, depois tão pequenos. Agora enormes. Se aproximando. Se aproximando. E cair de cara em mim mesma. E me quebrar e quebrar tudo de novo. Eu não faço questão que ninguém goste de mim, mas fico completamente louca quando alguém gosta. Porque descubro que cada segundo da minha vida foi pra sentir isso. E o que será dos próximos segundos? Não me tire da minha merda pra depois me lembrar que tudo é uma merda. Sem fim, sem fim.

Eu só queria voltar a ter aquele cabelo curto e loiro e ter o braço inchado de puxar ferro. E comer que nem uma vaca enquanto seduzo idiotas em almoços idiotas. E comer os idiotas enquanto seduzo eu mesma achando que talvez o segredo seja fugir do fato de que sou uma mulher. Eu era feliz. Na verdade eu não era nem um pouco feliz, mas pelo menos eu sabia o motivo.

Eu quero aquelas ligações superficiais e descartáveis no meio da tarde, que me enchem de irresponsabilidade e morte. Depois a despedida doída, mais uma vez servir ao amor sem saber amar nem um pouquinho, mas pelo menos, nesse caso, ser exatamente o esperado, o correto, o forte, o jeito de se viver como tantos vivem. E me sentir desesperada por estar levando uma vida normal e ter a opção a qualquer momento para enlouquecer e chutar tudo. Mas quando se está louca e chutando tudo e ainda assim se sente desespero, o que resta?

Com você e todo esse amor, eu consigo apenas me largar pelos cantos assustada. Isso é vida? Eu não quero andar duas quadras no sol com você. Porque te amar assim, me dá medo de enfartar ou da minha pressão cair. Não sei. Eu quero deitar e esperar passar tudo. Eu quero te olhar deitada enquanto seguro um copo com água de coco geladinha. Porque você não sabe, mas tenho corrido maratonas e vencido monstros gigantescos para conseguir sentir tudo isso sem arrancar minha cabeça fora. E quando você, ao invés de me esperar no pódio de chegada com pomadas e isotônicos, me olha desconfiado ou entediado de tudo, eu quase desejo que dessa vez eu morra no meio da corrida. Porque é ridículo achar que você faz tudo valer a pena, mas, no fundo, acabo achando que você faz tudo valer a pena. Isso é vida?

Eu queria cutucar as pessoas na rua e perguntar como elas fazem pra ter pernas grossas e filhos pendurados nas pernas grossas. Eu não faço a menor idéia de como se vive, se cresce, se multiplica. Eu só me como por dentro, me corrôo de ciúmes, fico tentando segurar tudo com medo que eu comece a despedaçar no meio da rua. Eu me maquio pouco, como pouco, transo, digo e amo pelas beiradas. Tudo pra eu me arrepender menos na hora de limpar a sujeira. Tudo pra, arrogantemente, não sentir a vida como bicho. Quando tudo o que eu queria era andar de quatro pela casa e mijar nos cantos. E olho pra você, meu amor, como eu amo você, e tenho vontade de enfiar o garfo no seu braço branquelo. E não me pergunte como é que nascem pessoas assim, como eu, que amam com tanta necessidade de machucar. Como é que tem gente, como eu, que acha que sentir amor é uma gripe forte, uma célula mutante, um motivo pra chorar muito como se a vida fosse demais pra gente simplesmente viver sem prestar atenção nela.

Não me pergunte de quem é a culpa e não me pergunte se tenho consciência disso e não me pergunte nada. Eu sei de tudo, eu sei muito de absolutamente tudo. E por isso mesmo é que fico catatônica vendo minha incapacidade de amar ou ter pernas grossas.

Como é que se vive? Eu queria cutucar as pessoas. E se você não suportar mais? Como é que faz? Como eu faço pra disfarçar a solidão profunda que sinto no meio de reuniões, no meio de papos leves, fins de sexo e começos de relacionamento? Como eu faço pra ficar perfeita o tempo todo ou virar um bicho estranho e não precisar mais de ninguém? Eu jamais serei o que eu quero e jamais serei o que eu sou sem precisar disfarçar que quase sou o que eu quero. E cada hora eu quero uma coisa. E no fundo eu não quero porra nenhuma. Talvez só encher um pouco o saco, provocar, ser expulsa do peito de todo mundo porque não agüento morar nesses lugares obscuros que são os outros e suas más intenções disfarçadas. Tudo é uma jaula, até minha fuga. Principalmente minha fuga. E eu estou cansada demais. É só olhar pra mim. Olheiras, ossos e escárnio.

Gosto das pessoas fortes e burras. Gosto porque jamais vou odiar o que não amo. Como é bom cagar pro mundo e andar de cu ereto. Basta amar alguma coisa para eu enfiar o rabo entre as pernas. Para eu arquear os ombros pra frente. Porque quero proteger tanto você dentro do meu peito que acabo andando como se eu tivesse grávida na garganta. Cada vez que eu quero falar ou comer ou gritar ou viver. Vem o medo de que você me saia pelos buracos da cara. Medo de vomitar você.

Como é que se vive? Como é que se ama em meio aos fedores e sujeiras e desistências da sua casa? Como é que se espera alguém voltar do seu mundo particular se eu acabo, por conta de um medo absurdo, indo para o meu para não ter que ver você longe? Esperar o quê? A vida secar tudo, murchar tudo.

Não quero viver a porra do momento como dizem. Me sinto o tempo todo uma inocente me debatendo nas paredes de uma piada de mau gosto. Só queria achar a saída e rir por último. Como se eu tivesse tamanho ou força pra peitar assim as coisas como elas são. Ser humano é constatar nosso tamanho ridículo perto das coisas como elas são. Ser humano é a coisa mais linda e sábia a se fazer. Mas ser humano dói em mim de uma maneira tão especial e absurda e assustadora que, em meio a toda essa auto-estima de merda, ganho certo arrogância. Não tenho mais bunda, nem dinheiro, nem peitos, nem sorrisos, nem amigos, nem viagens, nem línguas, nem nada do que os outros..mas tenho meu jeito de bloquear a vida fora e mergulhar aqui nessa coisa horrorosa. Nessa lista VIP da pior festa do ano só tem o meu nome. E lá vou eu voltar pra mim e esperar algum saudosismo escondida atrás da minha porta, com a arma na mão. A porta com todos os trinquinhos.
O olho mágico vendo o escuro eterno das pessoas que desistem porque até eu mesma sempre desisto.

(...)

domingo, novembro 02, 2008

::: Quinto dia :::
Ana Paula Mangeon

Caiu a ficha. Voltamos à programação normal.

sábado, novembro 01, 2008

::: AS ETAPAS DO (DES) AMOR :::
(desconheço o autor)

Dizem por aí que após terminar um relacionamento é preciso passar um tempo sozinho, consigo mesmo. Reza a lenda que emendar um namoro atrás do outro pode ser prejudicial à busca do próprio eu e que, pessoas que não seguem esta cartilha, estão fadadas a frustrações de ordem amorosa, por transferir os problemas não resolvidos do caso anterior para o atual.

Segundo especialistas, a melhor coisa a fazer após um chute na bunda, é passar por 3 importantes etapas: Auto-Destruição, Balada Frenética e Reencontro.

Auto-Destruição
Aqui você precisa ir até o fundo do poço. Vale tomar um porre, ligar bêbado, chorar em público, invadir o email da pessoa amada, deletá-la do seu orkut, lista de spam, msn. Tudo isso na consciente (ou não) tentativa de extinguir qualquer possibilidade de retorno. Depois da fúria, você vai passar dias e noites chorando na cama, sem trabalhar, sem trocar o pijama, sem tomar banho. Vai se olhar no espelho com desgosto, recusar qualquer convite para sair e mudar de canal sempre que uma cena de sexo invadir sua televisão. Na rua, vai cuspir nos casais felizes.

Balada Frenética
Passada a fúria e a depressão, você aceita convites para sair. Melhor, você enche o saco de deus e o mundo para sair com você durante toda a semana, de segunda a segunda. Aqui nesse estágio você vai se ver numa mesa de bar com aquele conhecido distante que você nem ia muito com a cara, mas foi a única pessoa que topou tomar todas em plena segunda-feira chuvosa. Vai se ver dançando com estranhos e vai acordar ao lado de alguém que mal lembra o nome. Na rua, continua amaldiçoando os patéticos e inconvenientes casais felizes. Nesta fase existe um esforço sobre-humano para ser feliz. E se na auto-destruição você se afundava no chocolate, aqui você se matricula na academia. Está chegando a hora de voltar para o mercado de trabalho... mas não antes de passar pelo Reencontro.

Reencontro
Uma onda de calmaria invade o seu quarto junto com incensos e livros sobre espiritualidade. Aqui você tenta buscar o equilíbrio: pode ser que se matricule numa aula de yoga ou pare de fumar. Talvez você opte por cortar carne vermelha e comece a estudar sexo tântrico. O reencontro, portanto, é consigo mesmo. Chegou a hora de avaliar tudo o que viveu e se abrir para o novo. Na rua, na fila do cinema e no trânsito, continua xingando os casais felizes, porque casais felizes são sempre chatos, né?

Passadas as etapas, uma a uma, você procura e não encontra nenhum especialista. Por que o filho sem mãe que inventou estas regras casou e foi passar a lua de mel em Bora Bora. Ele também não te avisou que só as mulheres passam por tais etapas. E você nem de longe desconfiou, porque enquanto passava noites e mais noites desabafando com as amigas na mesa do bar, remoendo e remoendo o que passou vestida de luto, o seu ex já estava na cama com outra. É bem capaz dele já ter partido para a segunda aventura enquanto você mal entrava na terceira etapa.

sexta-feira, outubro 31, 2008

::: Você me faz tão bem :::
Detonautas

Quando eu me perco é quando eu te encontro
Quando eu me solto seus olhos me vêem
Quando eu me iludo é quando eu te esqueço
Quando eu te tenho eu me sinto tão bem

Você me fez sentir de novo o que eu
Já não me importava mais
Você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem

Quando eu te invado de silêncio
Você conforta a minha dor com atenção
E quando eu durmo no seu colo
Você me faz sentir de novo
O que eu já não sentia mais

Você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem

Não tenha medo
Não tenha medo desse amor
Não faz sentido
Não faz sentido não mudar
Esse amor

Você me faz, você me faz tão bem
::: Segredos Para Emagrecer (???) :::
Leoni

Faz tempo que eu não me peso
Mas de que vale a certeza
Da soma exata dos pesos
De olho, músculo, pêlo
Osso, vísceras, cabelo?

Me vejo nu no espelho
E visto assim por inteiro
Sei que sou muito mais
Que a soma de cada parte
De mim no chão do banheiro

terça-feira, outubro 28, 2008

::: So Unsexy :::
Alanis Morissette

Oh these little rejections how they add up quickly
One small sideways look and I feel so ungood
Somewhere along the way I think I gave you the power to make
Me feel the way I thought only my father could

Oh these little rejections how they seem so real to me
One forgotten birthday I'm all but cooked
How these little abandonments seem to sting so easily
I'm 13 again am I 13 for good?

I can feel so unsexy for someone so beautiful
So unloved for someone so fine
I can feel so boring for someone so interesting
So ignorant for someone of sound mind

Oh these little protections how they fail to serve me
One forgotten phone call and I'm deflated
Oh these little defenses how they fail to comfort me
Your hand pulling away and I'm devastated

When will you stop leaving baby?
When will I stop deserting baby?
When will I start staying with myself?

Oh these little projections how they keep springing from me
I jump my ship as I take it personally
Oh these little rejections how they disappear quickly
The moment I decide not to abandon me
::: On My Own :::
Alanis Morissette

Why do I feel it's all up to me to see that
everything's right and it's how it should be
Why don't they just leave me alone
I've got to prove I can
Little girl with stars in her eyes they've
got her all figured out and there's nowhere
to hide why can't they all see who I am
when will they understand

It may take some time they don't know how
it feels because they can't read my mind
They always say I'm too young and they
feel they should help me
But I can make it all alone out here on my own
Every day I feel so in demand and all I
wish I could find is a place I can land
One day I'll feel comfort inside cause I'll
know who I am

I can hold the line if I know in the end
that I won't be left behind I don't regret
what I've done I don't think you can blame me
Now I'm standin' all alone out here on my own

I'm not thinking 'bout leavin' home
But I need to be on my own
Doesn't mean I have a heart of stone
I won't even ask them why
I can't ever let them see me cry
Here I'm standing all alone out here on my own...
out here on my own

Feeling lost in a world full of lies
I can't help thinkin' that love is just
passin' me by
Hold on to what I believe
and keep an open hand

Can I have it all if there's no one to
turn to when I stumble and fall
Is there a secret I need because no one
has told me - all alone

It may take some time cause I know
how it feels to have a lot on your mind
I'll never feel all alone cause I
Know that I have me
Now I can make it all alone out here on my own

::: Find The Right Man :::
Alanis Morissette

You found the right man in the right place
Once in a while you meet him face to face
It was love at first sight
Honey you've gotta fight
For his love, for his love
He feels the same way, I think you know it
You can't be afraid to show it
When will this hidden emotion
Give you the notion
To make the first move, make the first move
You gotta get it straight
Oh dear don't wait
This might be your lucky day
Don't say that there's no way
Darling you just can't let him go
Deep down in your heart you can't feel it all
I'll be calling all there is
For his love, for his love
You know you can take his heart away
Just look straight in his eyes
And then you say
Hey can't you just see
We'll be great you and me
Oh yeah, oh yeah
You gotta get it straight
Oh dear don't wait
This might be your lucky day
Don't say that there's no way

domingo, outubro 26, 2008

::: Meu namorado o doctor House :::
Tati Bernardi

Eu decidi que tô namorando o doutor Greg House, aquele com cara de “adoro sexo mas sou arrogante demais pra fazê-lo” que passa todo dia as oito da noite no canal 43. Menos as sextas. E sábados. E domingos. Como todo péssimo namorado, ele tem mais o que fazer da vida nesses dias.
Já que a vida inteira namorei rapazes que não me namoravam e fui namorada de rapazes que jamais namorei, resolvi namorar o House e fim de papo. Comprei um estoque de Vicodim e um apartamento em andar baixo. Tudo pensando nele.
O House pode tudo. Ele pode me dizer que meu cabelo era infinitamente melhor mais curto e mais claro. Ele pode me dizer que eu fico infinitamente mais bonita com uns cinco quilos a mais. Ele pode reclamar que eu cortei a malhação por falta de grana e paciência. Ele pode reclamar da queda hormonal e da minha mania de viver caindo. Ele pode rir da minha vontade de escrever novela ou qualquer outra coisa popular que me encha de dinheiro para eu poder escrever livros quieta ouvindo Nina Simone, da minha mania de cantar Maroon 5 e do fato de eu escrever tudo em primeira pessoa porque, de verdade, acho um saco qualquer outra coisa do planeta que não passe aqui por dentro. E o House super passa, em meus sonhos.
Quando vai dando sete e meia da noite (ahhh, a falta do que fazer, já tem uma semana que não aparece um bom freela ou um bom sei lá o quê) tomo meu banho. Passo meus cremes. Coloco uma roupinha pra ele. Me tranco no quarto, no escuro. Vou passar os próximos sessenta minutos vendo vômitos, sangue, paradas cardíacas, berebas purulentas e a famosa “lombar punction”. Mas meu coração não entende nada como desgraça, a não ser a óbvia desgraça do amor.
Todos os dias eu acho que vou morrer. E todos os dias ele descobre mil coisas pra não deixar. Porque quase nunca se morre nas mãos dele. E todos os dias ele me magoa terrivelmente com sua amargura e inteligência. E eu deixo porque não tem nada mais sexy do que gente que te odeia. Namorar quem tá cagando pra você, então, é o auge do sexy. Por isso eu namoro o House.
Nós nunca vamos casar, ele nunca vai conhecer meus pais e eu sei que divido o seu amor com as garotas pagas. Não tem ilusão, não tem meiguices, não tem roupinha rosa com babados. É preto no branco. É sofrimento puro. É o pior namoro do mundo. Mas como diria minha mãe “quando essa menina decide uma coisa...”.
::: Deserto :::
Ana Paula Mangeon

Do horizonte me assombrava a luz laranja
Já não avistava da longa via reta, a morte
Mas me dizias: meu bem nós temos sorte!
Nessa vida tendo fé tudo se arranja.

Vi do calor, das sombras, muitas fugas
D’alma fundida, fustigada pelo sol apino
Surgiu-me doce a miragem de você menino
E no espelho meu rosto coberto pelas rugas.

Como pudeste agir assim, homem mesquinho,
De me fazer seguir sem conhecer bem o caminho,
De me guiar contigo num mundo onde eu não quero estar?

Onde mesmo vai chegar a nossa estrada?
Conduzirá ela ao amor? Me mostrará o mar?
Ou como nós ela também vai dar em nada?

sábado, outubro 25, 2008

::: Crushcrushcrush :::
Paramore

I got a lot to say to you
Yeah, I got a lot to say
I noticed your eyes are always glued to me
Keeping them here
And it makes no sense at all

They taped over your mouth
Scribbled out the truth with their lies
You little spies
They taped over your mouth
Scribbled out the truth with their lies
You little spies

Crush
Crush
Crush
Crush, crush
(Two, three, four!)

Nothing compares to a quiet evening alone
Just the one, two I was just counting on
That never happens
I guess I'm dreaming again
Let's be more than this

If you want to play it like a game
Well, come on, come on, let's play
Cause I'd rather waste my life pretending
Than have to forget you for one whole minute

Rock and roll, baby
Don't you know that we're all alone now?
I need something to sing about
Rock and roll, honey (Hey!)
Don't you know, baby, we're all alone now?
I need something to sing about
Rock and roll, honey (Hey!)
Don't you know, baby, we're all alone now?
Give me something to sing about

quarta-feira, outubro 22, 2008

::: Devolva-me :::
Adriana Calcanhoto

Rasgue as minhas cartas
E não me procure mais
Assim será melhor
Meu bem!

O retrato que eu te dei
Se ainda tens
Não sei!
Mas se tiver
Devolva-me!

Deixe-me sozinho
Porque assim
Eu viverei em paz
Quero que sejas bem feliz
Junto do seu novo rapaz...

quarta-feira, outubro 15, 2008

::: Verdades do Mundo :::
Detonautas

Te encontro nas ruas até de olhos fechados
Sinto tua presença e a lembrança que eu tenho de você
Me faz querer te abraçar
Querer te encontrar

Das coisas que digo sobre a gente ter coragem
Às vezes me esqueço e quando vejo um outro dia clareou
E eu fiquei aqui

É difícil viver as verdades do mundo
Quando o seu coração não se sente à vontade

Sigo seus passos, invento certezas
É certo que fracasso algum será capaz de me fazer desistir
Porque eu não vou me entregar
Eu não vou desistir

E se eu puder fazer por ti o que ninguém jamais fez por mim
Eu faço, eu faço
::: Soldado de Chumbo :::
Detonautas
Quando penso que encontrei o meu lugar,
não me encontro dentro dele.
Um soldado que vive no inferno,
quando a guerra acaba não consegue descansar.

Você já se pegou vivendo um personagem,
que não era bem o seu papel.
Pois na teoria onde tudo é tão perfeito,
mas basta abrir a porta pra gente complicar.

Tínhamos soluções pra tudo,
tudo era tanto que parecia pouco.
Diante dessa eternidade,
do eterno e pra sempre e hoje, vamos navegar.

Já não temos mais outra saída
Eu não sinto mais vontade de te amar

segunda-feira, outubro 06, 2008

::: Your House :::
Alanis Morissette

I went to your house
Walked up the stairs
Opened the door without ringing the bell
Walked down the hall
Into your room where I could smell you

And I shouldn't be here
Without permission
Shouldn't be here...

Would you forgive me love, if I danced in your shower?
Would you forgive me love, if I laid in your bed?
Would you forgive me love, if I stay all afternoon?

I took off my clothes
Put on your robe
Went through your drawers
And I found your cologne
Went down to the den
Found your cd's
And I played your Joni

And I shouldn't stay long
You might be home soon
Shouldn't stay long

Would you forgive me love, if I danced in your shower?
Would you forgive me love, if I laid in your bed?
Would you forgive me love, if I stay all afternoon?

I burned your incense
I ran a bath
I noticed a letter that sat on your desk
It said:
"Hello, love.
I love you so, love.
Meet me at midnight."

And no, it wasn't my writing
I'd better go soon
It wasn't my writing

So forgive me love If I cry in your shower
So forgive me love for the salt in your bed
So forgive me love If I cry all afternoon

domingo, outubro 05, 2008

::: Uninvited :::
Alanis Morissette

Like anyone would be
I am flattered by your fascination with me
Like any hot blooded woman
I have simply wanted an object to crave

But you
You're not allowed
You're uninvited
An unfortunate slide

Must be strangely exciting
To watch the stoic squirm
Must be somewhat hard-telling
To watch shepard meet shepard

Like any unchartered territory
I must seem greatly intriguing
You speak of my love
Like you have experienced love like mine before

I don't think you unworthy
But I need a moment to deliberate

quarta-feira, outubro 01, 2008

::: Tô Aprendendo a Viver Sem Você :::
Detonautas - (Rodrigo Netto)

Venha pra perto de mim e veja como eu estou só
Senta, não olha pro chão
A culpa não foi de ninguém , não não
Tô aprendendo a viver sem você
Sei que o dia raiou para mim
Mas pra você tanto fez
Sei que não vou mudar sou assim
Para você sou mais um

Ah, tô aprendendo a viver sem você

Tô voltando pro meu recanto
Lá é bem melhor
Não não sei quem vai estar me esperando
Eu nunca vou estar só

Tô aprendendo a viver sem você
Tô aprendendo e não quero aprender
Tô aprendendo a viver sem você

domingo, setembro 28, 2008

::: Angel :::
Jon Secada

I, I can't read the future
But I still wanna hold you close
Right now, I need that from you
So give me the morning
Sharing another day with you
Is all I want to know

And baby I, I've tried to forget you
But the light of your eyes
Still shines, you shine like an angel
A spirit that won't let me go

And I, I didn't wanna tell you
Things I didn't wanna know myself
I was afraid to show
But you, you gave me a reason
A reason to face the truth, oh yes you did
To face the truth, face the truth
Face the truth

sexta-feira, setembro 26, 2008

::: Das escolhas ... :::
Camilinha

Vejo que morre de fome,
Meu corpo do teu.
Transpiram de saudade,
Meus olhos dos teus.
Seca de tristeza,
Minha boca da tua.

E, vejo apenas
Duas saídas:
Ter-te ou Perder-me.
::: Gostoso Demais :::
Maria Bethânia

Tô com saudade de tu, meu desejo
Tô com saudade do beijo e do mel
Do teu olhar carinhoso
Do teu abraço gostoso
De passear no teu céu

É tão difícil ficar sem você
O teu amor é gostoso demais
Teu cheiro me dá prazer
Quando estou com você
Estou nos braços da paz

Pensamento viaja
E vai buscar meu bem-querer
Não posso ser feliz, assim
Tem dó de mim
O que é q eu posso fazer

quinta-feira, setembro 25, 2008

::: Vamos Viver :::
Herbert Vianna

Vamos consertar o mundo
Vamos começar lavando os pratos
Nos ajudar uns aos outros
Me deixe amarrar os seus sapatos
Vamos acabar com a dor
E arrumar os discos numa prateleira
Vamos viver só de amor
Que o aluguel venceu na terça-feira

O sonho agora é real
E a chuva cai por uma fresta no telhado
Por onde também passa o sol
Hoje é dia de supermercado

Vamos viver só de amor

E não ter que pensar, pensar
No que está faltando, no que sobra
Nunca mais ter que lembrar, lembrar
De pôr travas e trancas nas portas

quarta-feira, setembro 10, 2008

::: Já sei namorar :::
Tribalistas

Já sei namorar
Já sei beijar de língua
Agora só me resta sonhar
Já sei onde ir
Já sei onde ficar
Agora só me falta sair

Não tenho paciência pra televisão
Eu não sou audiência para a solidão
Eu sou de ninguém
Eu sou de todo mundo
E todo mundo me quer bem
Eu sou de ninguém
Eu sou de todo mundo
E todo mundo é meu também

Já sei namorar
Já sei chutar a bola
Agora só me falta ganhar
Não tenho juiz
Se você quer a vida em jogo
Eu quero é ser feliz

Tô te querendo
Como ninguém
Tô te querendo
Como Deus quiser
Tô te querendo
Como eu te quero
Tô te querendo
Como se quer

segunda-feira, setembro 08, 2008

::: O Pequeno Príncipe e o Rei :::
(Trecho do Livro O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry)

Ele se achava na região dos asteróides 325, 326, 327, 328, 329, 330. Começou, pois, a visitá-los, para procurar uma ocupação e se instruir.

O primeiro era habitado por um rei. O rei sentava-se, vestido de púrpura e arminho, num trono muito simples, posto que majestoso.

- Ah! Eis um súdito, exclamou o rei ao dar com o principezinho.

E o principezinho perguntou a si mesmo:

- Como pode ele reconhecer-me, se jamais me viu?

Ele não sabia que, para os reis, o mundo é muito simplificado. Todos os homens são súditos.

- Aproxima-te, para que eu te veja melhor, disse o rei, todo orgulhoso de poder ser rei para alguém.

O principezinho procurou com olhos onde sentar-se, mas o planeta estava todo atravancado pelo magnífico manto de arminho. Ficou, então, de pé. Mas, como estava cansado, bocejou.

- É contra a etiqueta bocejar na frente do rei, disse o monarca, Eu o proíbo.

- Não posso evitá-lo, disse o principezinho confuso. Fiz uma longa viagem e não dormi ainda…

- Então, disse o rei, eu te ordeno que bocejes. Há anos que não vejo ninguém bocejar! Os bocejos são uma raridade para mim. Vamos, boceja! É uma ordem!

- Isso me intimida… eu não posso mais… disse o principezinho todo vermelho.

- Hum! Hum! respondeu o rei. Então… então eu te ordeno ora bocejares e ora…

Ele gaguejava um pouco e parecia vexado.

Porque o rei fazia questão fechada que sua autoridade fosse respeitada. Não tolerava desobediência. Era um monarca absoluto. Mas, como era muito bom, dava ordens razoáveis.

“Se eu ordenasse, costumava dizer, que um general se transformasse em gaivota, e o general não me obedecesse, a culpa não seria do general, seria minha”.

- Posso sentar-me? interrogou timidamente o principezinho.

- Eu te ordeno que te sentes, respondeu-lhe o rei, que puxou majestosamente um pedaço do manto de arminho.

Mas o principezinho se espantava. O planeta era minúsculo. Sobre quem reinaria o rei?

- Majestade… eu vos peço perdão de ousar interrogar-vos…

- Eu te ordeno que me interrogues, apressou-se o rei a declarar.

- Majestade… sobre quem é que reinas?

- Sobre tudo, respondeu o rei, com uma grande simplicidade.

- Sobre tudo?

O rei, com um gesto discreto, designou seu planeta, os outros, e também as estrelas.

- Sobre tudo isso?

- Sobre tudo isso… respondeu o rei.

Pois ele não era apenas um monarca absoluto, era também um monarca universal.

- E as estrelas vos obedecem?

- Sem dúvida, disse o rei. Obedecem prontamente. Eu não tolero indisciplina.

Um tal poder maravilhou o principezinho. Se ele fosse detentor do mesmo, teria podido assistir, não a quarenta e quatro, mas a setenta e dois, ou mesmo a cem, ou mesmo a duzentos pores-do-sol no mesmo dia, sem precisar sequer afastar a cadeira! E como se sentisse um pouco triste à lembrança do seu pequeno planeta abandonado, ousou solicitar do rei uma graça:

- Eu desejava ver um pôr-do-sol… Fazei-me esse favor. Ordenai ao sol que se ponha…

- Se eu ordenasse a meu general voar de uma flor a outra como borboleta, ou escrever uma tragédia, ou transformar-se em gaivota, e o general não executasse a ordem recebida, quem - ele ou eu - estaria errado?

- Vós, respondeu com firmeza o principezinho.

- Exato. É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar, replicou o rei. A autoridade repousa sobre a razão. Se ordenares a teu povo que ele se lance ao mar, farão todos revolução. Eu tenho o direito de exigir obediência porque minhas ordens são razoáveis.

- E meu pôr-do-sol? lembrou o principezinho, que nunca esquecia a pergunta que houvesse formulado.

- Teu pôr-do-sol, tu o terás. Eu o exigirei. Mas eu esperarei, na minha ciência de governo, que as condições sejam favoráveis.

- Quando serão? indagou o principezinho.

- Hem? respondeu o rei, que consultou inicialmente um grosso calendário. Será lá por volta de… por volta de sete horas e quarenta, esta noite. E tu verás como sou bem obedecido.

O principezinho bocejou. Lamentava o pôr-do-sol que perdera. E depois, já estava se aborrecendo um pouco!

- Não tenho mais nada que fazer aqui, disse ao rei. Vou prosseguir minha viagem.

- Não partas, respondeu o rei, que estava orgulhoso de ter um súdito. Não partas: eu te faço ministro!

- Ministro de quê?

- Da… da justiça!

- Mas não há ninguém a julgar!

- Quem sabe? disse o rei. Ainda não dei a volta no meu reino. Estou muito velho, não tenho lugar para carruagem, e andar cansa-me muito.

- Oh! Mas eu já vi, disse o príncipe que se inclinou para dar ainda uma olhadela do outro lado do planeta. Não consigo ver ninguém…

- Tu julgarás a ti mesmo, respondeu-lhe o rei. É o mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues julgar-te bem, eis um verdadeiro sábio.

- Mas eu posso julgar-me a mim próprio em qualquer lugar, replicou o principezinho. Não preciso, para isso, ficar morando aqui.

- Ah! disse o rei, eu tenho quase certeza de que há um velho rato no meu planeta. Eu o escuto de noite. Tu poderás julgar esse rato. Tu o condenarás à morte d vez em quando: assim a sua vida dependerá da tua justiça. Mas tu o perdoarás cada vez, para economizá-lo. Pois só temos um.

- Eu, respondeu o principezinho, eu não gosto de condenar à morte, e acho que vou mesmo embora.

- Não, disse o rei.

Mas o principezinho, tendo acabado os preparativos, não quis afligir o velho monarca:

- Se Vossa Majestade deseja ser prontamente obedecido, poderá dar-me uma ordem razoável. Poderia ordenar-me, por exemplo, que partisse em menos de um minuto. Parece-me que as condições são favoráveis.

Como o rei não disse nada, o principezinho hesitou um pouco; depois suspirou e partiu.

- Eu te faço meu embaixador, apressou-se o rei em gritar.

Tinha um ar de grande autoridade.

As pessoas grandes são muito esquisitas, pensava, durante a viagem, o principezinho

quinta-feira, setembro 04, 2008

::: Nós odiamos a sua ex :::
Tati Bernardi


Fernanda estava inconformada com a beleza da desgraçada, soube até que a fulana já tinha pousado para umas revistas seminua e que era persona constante em catálogos de lingerie.


Tentava se dizer o tempo todo que tudo bem, o que importa mesmo é o cérebro, e o cérebro dela era muito mais lindo que o da loiraça, mesmo em meio àquelas celulites, estrias e flacidez, a massa cinzenta dela merecia sair numa foto de pernas abertas em capa de revista internacional.


Droga, tô deprimida, por que ele tem que ter aquela ex- namorada loira de dois metros de altura, com as pernas começando no queixo, os seios grandes e em formato de gota e o desenho da boca perfeito? A vaca tem olhos azuis acinzentados!


Clarice sorri superior, não por nunca ter sentido isso, mas por não estar sentindo naquele momento. É delicioso ver um ser humano perdido quando estamos achados:


Calma Fê, ele não está com você? Não diz que te ama? Não está bom? Então deixa a modelo holandesa para lá! Ela devia ter bafo, chulé ou não devia saber a tabuada do sete…ou às vezes era tão bonita que achava que não precisava ser boa de cama…


Ane suspira, balança a cabeça e parece não concordar nem com o desepero de Fernanda e nem com a solução otimista de Clarice:


Ah cansei desse papo, sempre essa mesma desculpa, de que as lindíssimas são burras e limitadas! Olha, eu tenho uma teoria boa a respeito de tudo isso…


Clarice e Fernanda aproximam a cadeira para ouvir mais de perto a grande revelação, o restaurante todo parece fazer silêncio para Ane: a música pára, até o garçom que ia colocar o resto da água com gás no copo de Clarice acha melhor voltar outra hora.
Ane respira e manda a ver:


Vai ter sempre uma mulher mais bonita, mais gostosa, mais inteligente e mais rica do que você! E pronto! Fazer o quê?


As amigas afastam a cadeira de volta à posição original e se olham decepcionadas, a música volta a tocar no mesmo momento em que o copo de Clarice se enche de borbulhas que quase derrubam o limão já na borda. O garçom sente a energia ruim da mesa e pergunta se estava tudo bem com a comida, Fernanda o fuzila com os olhos porque a palavra comida a fez lembrar pela milésima vez no dia que a vaca holandesa era muito gostosa.


Ane sente que pode ser vaiada a qualquer momento e continua:
É verdade, gente, deixa a ex dele ser bonita, fazer o quê? Você também é bonita, mas o mais importante é que você tem uma coisa que ela não tem.


Fernanda arregala os olhos curiosa, qualquer coisa para aliviar sua alma enciumada, diminuída e invejosa.
Ele!Você tem ele!


Ah não, já era demais, nem suas amigas a entendiam mais! Não era o caso de ter ou não ele, ele que se danasse, ele tava fora do jogo. Era o caso de descobrir a mulher ao lado, de sair da bolha da vaidade absoluta e sentir na cara o gelado da realidade, era uma dor egoísta e solitária e nada tinha a ver com a possessão do amor. Era uma dor que tinha muito mais a ver com os traumas do colégio, aquela época desgraçada da vida de qualquer mulher que demora muito para ter bunda e peitos e ainda desfila um semblante infantil enquanto as amiguinhas do recreio já desenvolveram cara de sexo.


Dava no mesmo se Fernanda estivesse sentada num vagão do metrô, se achando a mulher mais linda do mundo subterrâneo, e uma tremenda gostosa entrasse na porra do vagão e a fizesse se sentir menos. Era a competição pura e simples.


Clarice tenta ajudar a amiga contanto uma história própria, nada melhor do que a desgraça alheia para a gente se sentir menos humilhado pela vida.


Olha, quer saber o que é muuuito pior do que uma vaca holandesa? Uma vaca pós- graduada em Londres, formada em cinema, premiada em Cannes, escritora e além de tudo com o péssimo hábito de ser humilde e simpática. A ex do meu ex era exatamente assim! A bunda cai minha filha, a mulher gostosa um dia acaba, envelhece. O que fica é uma mulher interessante para compartilhar o resto da vida. A ex do meu ex era uma puta mulher interessante.


Todas ficam em silêncio. Olhando para dentro de si e se perguntando o quanto eram bonitas, interessantes e o quanto poderiam incomodar as outras mulheres. Afinal, incomodar as outras mulheres era o que importava. Os homens eram meros coadjuvantes nessa competição.

segunda-feira, setembro 01, 2008

::: Amores Caetanos :::
Ana Paula Mangeon

Se quiser conversar, me liga
Se quiser me ver, me chama.
Não façamos do que aproxima, o que afasta.

Eu gosto é assim.
Aparições, desaparecimentos…
Essa incerteza, iminência da surpresa.

Há lugar no meu colo e no meu peito.
“Então tá combinado, é quase nada…”
A gente fica legal é desse jeito.

sexta-feira, agosto 29, 2008

::: Sem título :::
Ana Paula Mangeon

Faz tempo que me perdi de você, amor
Que esqueci seu nome, seu beijo
O tom agudo da sua voz.
Suas mazelas, suas canduras.
Fui ali e não voltei
Ou se voltei, não pude
Ficar.Não havemos de estar.
Abri uma janela e fugi,
Eu queria era morrer
Mas aconteceu: voei
.E fui voando, voando.
Viciei.

A casa que era nossa, só sua
O amor que era seu, só meu.
A porta da sala, a porta da rua.
Parti. Não resisti.
Não devia, mas eu disse até logo
Uma, duas, tantas vezes
Eu disse até logo.
Você entendeu adeus.

Dessa vez não vou voltar
Não vou lhe ver
Não vou me machucar.
O mundo é grande, eu sei
As paixões parcas
As desilusões doridas
Mas o que você evita por precaução
Eu busco. A dor é também vida.

Aqui, ali, acolá.No vôo, no mar.
Do outro lado da ponte,
Do outro lado do mundo.

Faz tempo que eu lhe perdi, amor
Mas eu tentei, não me arrependo.

Pobre de você que nunca me encontrou.
::: À desimportância do conteúdo :::
Ana Paula Mangeon

Nas entrelinhas ficou prometido
que não haveria mentiras.

Se eu tivesse mentido
prometer não mentir já teria sido a primeira.

Sim, beberam no teu copo.
Neste copo que já deu de beber a tantas bocas.

Mas ninguém nunca provou
do sentimento que eu te servi.
::: Mundo perfeito :::
Ana Paula Mangeon

Seria tudo justo e perfeito
Houvesse para todo fim, um principio
E um meio. Para todo prólogo
Um epílogo. Houvesse para toda
Mão uma luva, para todo som uma
Música. A todo bom dia se desse
Um sorriso. Para todo favor gratidão.
Para todo tropeço, perdão.

Seria tudo belo e magnífico
Houvesse para todo pôr-do-sol
Um expectador. Para todo poema
Uma musa e um leitor. Para toda saliva
Um beijo ou um sabor. Toda saudade, noticia.
E para todo desejo, malicia.

Para todo temporal, um banho
Ou uma fuga
Para todo sapato, um caminho.
Para todo caminho, uma direção.
Uma rota para todo vôo
E um avião.

Seria tudo doce e tranqüilo
Houvesse para toda escuridão
um farol. Para todo farol uma luz
Para toda luz uma estrela
E um pedido.

Para todo cansaço, um domingo.

Seria tudo outra coisa
Não houvesse tanto medo
Se ninguém se acostumasse
Se ninguém se acomodasse.

Seria tudo contente,
Tudo mais simples
Tudo folguedo
Se para toda pele
houvesse um zíper
E para toda alma,
um segredo.
.

quinta-feira, agosto 28, 2008

::: If I Loved You :::
Renato Russo
If I loved you
Time and again
I would try to say,
All I'd want you to know
If I loved you,
Words wouldn't come in an
Easy way
Round in circles I'd go
Longing to tell you
But afraid and shy
I'd let my golden chances
Pass me by
Soon you'd leave me
Off you would go
In the mist of day
Never never
To know
How I loved you
If I loved
You
::: Old Friend :::
Renato Russo

Everytime I've lost another lover
I call up my old friend
And say let's get together
I'm under the weather
Another love has suddenly come to an end

And he listens as I tell him my sad story
And wonders at my taste in men
And we wonder why I do it
And the pain of getting through it
And he laughs and says: "You'll do it again !"

And we sit in a bar and talk till two
'Bout life and love as old friends do
And tell each other what we've been through
How love is rare, life is strange
Nothing lasts, people change

And I ask him if his life is ever lonely
And if he ever feels despair
And he says he's learned to love it
'Cause that's really a part of it
And it helps him feel the good times when they're there

And we wonder if I'll live with any lover
Or spend my life alone
And the bartender is dozing
And it's getting time for closing
So we figure that I'll make it on my own

But we'll meet the year we're sixty-two
And travel the world as old friends do
And tell each other what we've been through
How love is rare, life is strange
Nothing lasts, people change

segunda-feira, agosto 25, 2008

::: 7 Things :::
Miley Cyrus

I probably shouldn't say this
But at times I get so scared
When I think about the previous
Relationship we've shared

It was awesome but we lost it
It's not possible for me not to care
Now we're standing in the rain
But nothin's ever gonna change until you hear, my dear

The 7 things I hate about you
You're vain, your games, you're insecure
You love me, you like her
You make me laugh, you make me cry
I don't know which side to buy
Your friends they're jerks
And when you act like them, just know it hurts
I wanna be with the one I know
And 7th thing I hate the most that you do
You make me love you

It's awkward and it's silent
As I wait for you to say
What I need to hear now
Your sincere apology
And when you mean it, I'll believe it
If you text it, I'll delete it
Let's be clear
I'm not coming back
You're taking 7 steps here

Compared to all the great things
That would take too long to write
I probably should mention
The 7 that I like

The 7 things I like about you
You hair, your eyes, your old levi's
And when we kiss, I'm hypnotized
You make me laugh, you make me cry
But I guess that's both I'll have to buy
Your hand in mine
When we're intertwined everything's alright
I wanna be with the one I know
And the 7th thing I like the most that you do
You make me love you

segunda-feira, agosto 18, 2008

::: Toda mulher tem um pouco :::
Tati Bernardi

De puta, de criança, de maluca. Toda mulher tem um pouco.
Falo por mim porque vivi pouco tempo para fazer afirmações maiores.
Falo por mim porque estou egoistamente presa na minha própria descoberta e existência.
Mas pelo que tenho visto por aí, toda mulher tem um pouco de tudo. E como é difícil ser feliz com tantos poucos para agradar. Fora os milhares de hormônios que tornam cada um desses poucos mais do que dá para aguentar.
E a cada suspiro, meus poucos se atrapalham: estou feliz ou com medo? Estou cansada ou excitada? Estou carente ou encantada? Estou fria ou fugidia?
Numa única noite eu fui um pouco tudo, eu quis um pouco de tudo. Quando alguém vai acompanhar meu ritmo?
Eu quis que ele não soubesse meu nome, depois quis ter o dele logo depois do meu. Eu quis que ninguém soubesse de tamanha traição. Depois quis gritar na janela como o proibido era sopro no meu coração.
Eu quis sentir o poder de abalar com a vida dele. Depois quis que ele voltasse direitinho pra casa e esquecesse que existe a fraqueza.
Eu quis ele por uma aventura, uma risada, uma distração. Depois quis o colo dele para sempre, mas fiquei com o meu pouco puta estampado na cara.
Como eu preciso ser amada meu Deus, pra parar de dar de bandeja o meu sorriso por aí. Eu tenho meu pouco criança estampado em cada linha que escrevo e em cada bobeira que falo na espera de atenção.
Maluca? Nas raras vezes que sou séria, me sinto tão maluca, que devo ser sempre maluca.
De pouco em pouco encho o papo de ansiedade. Quando o muito virá?
Eu nunca poderia ser feliz sem meu pouco trágica. Eu nunca posso estar satisfeita sem meu pouco idealista e eu nunca poderei ser mulher porque ainda falta pouco, muito pouco, mas eu sei que sempre faltará.
Me completo de poucos, mas sigo esperando demais de tudo. Comida para cada um desses poucos que são buracos na minha alma.
Meu pouco puta, safada, tarada, não tem um pingo de compostura. Meu pouco criança sofre e se diverte com o meu pouco louca. Meu pouco adulta perdoa tudo porque tem total consciência do meu pouco criança.
Mas cada pouco espera o grande momento. A grande virada. O longo suspiro de paz.
Cada pouco espera o colo, a excelente trepada, o beijo silenciador de neuroses, o abraço aquecedor de angústias.
Cada pouca criatividade espera o salário digno, o carro novo, o cheiro de cada coisa minha conquistada, o sono de quem não deve um centavo a ninguém.
Corro no desespero desses dias, da vida que virá, dos sonhos realizados, da felicidade, do sorriso banguelo da pureza infinita de um ser gerado por mim. Da luz.
Meu pouco pessimista sabe que nada disso pode acontecer. Mas sigo com meu pouco otimista, aprendendo que ele a cada dia aumenta um pouco.
Quem em cada pouco põe tudo que é merece ser feliz. E muito.