quarta-feira, outubro 28, 2009

::: Dia do Flamenguista :::
Desconheço o autor

Cada brasileiro, vivo ou morto já foi Flamengo por um instante, por um dia., disse Nelson Rodrigues, fanático tricolor desprovido de vaidades clubísticas na hora de analisar futebol.

Hoje, 28 de outubro, é o dia do flamenguista. Hoje, 28 de outubro de 2009, é o dia que o Flamengo pode se tornar líder do campeonato Brasileiro. Hoje, como quase toda quarta-feira, é dia de 35 milhões de pessoas viverem por um só objetivo e outras 150 milhões torcerem contra.

Amanhã, como sempre, líder ou fora da briga, a capa dos jornais terá o tal do Flamengo.

Decidindo título, lá estarão milhares de torcedores, em outro estado, fazendo com que o tal do Flamengo jogue em casa quando deveria atuar fora. No sábado, onde todos brigam pela liderança, lá estará ele, de novo, jogando com 12, burlando o regulamento básico do futebol.

E se o time pipocar e perder o titulo novamente, não muda nada. Vão se revoltar, xingar, protestar e, daqui 3 meses, lá estarão eles fazendo juras de amor ao time num clássico qualquer pelo campeonato estadual, aquele que nem eles agüentam mais vencer.

O time mais inexplicável do planeta Terra, sem dúvida.

Não ganha o principal título nacional desde 1992. Lá se vão mais de 17 anos e a torcida diminui? Não, ela aumenta. Segundo pesquisa, a maior entre as crianças do país.

Quando ninguém dá nada pra eles, chegam e surpreendem a todos. Quando todos esperam muito, ele perde e decepciona sua nação.

Favorito em tudo que disputa, simplesmente pelo citado acima. Ninguém é capaz de saber o que esperar do Flamengo, nunca.

E quando eventualmente não tem um time capaz de ser campeão, a cobrança é como se tivesse. Ou seja, não existem jogadores no Flamengo. Existe o Flamengo e ponto final.

Única torcida do planeta que paga ingresso por 2 espetáculos. Um no campo, como todas elas, e outro que ela mesmo proporciona. O flamenguista vai ao Maracanã pra curtir o time, o jogo, o clima e a própria torcida. É único.

Talvez uma das raras torcidas do mundo que tenha dezenas de ídolos, mas que não há discussão sobre o maior. Existe o Zico e o resto. E o "resto" inclui, talvez, os dois melhores laterais que o mundo já viu em cores. Leandro e Junior.

A Nação rubro-negra não tem esse nome à toa. São 35 milhões de torcedores, e vejamos: A cidade mais populosa do mundo é Tóquio. E tem 34 milhões de pessoas. A maior do Brasil é são Paulo, com 19. O Flamengo, sozinho, tem 35. Se cobrasse impostos seria trilhardário. Não cobra, e vive devendo. Deve milhões, e isso não faz a menor diferença.

Ao contrário do amor que tanto exaltamos, este não vai embora quando o amado fica pobre. É amor de verdade, o mais puro que existe. Incondicional, este sim. Aquele que não analisa, que não raciocina, que não condiciona a nada. A nação poderia dizer, sem culpa: "Eu te amo, e pronto". Não interessa porque, como, quando e nem sob quais condições. É maior, é inexplicável.

Ser Flamengo é algo que não tem comparação. Eu não nasci assim, e nem ouso dizer se felizmente ou infelizmente.

Flamenguista é aquele sujeito que ama futebol acima do que ele o proporciona. Aquele que não troca amor por resultados, e que não condiciona sua preferência por um ou outro jogador. Por aí existe o Santos de Pelé, o São Paulo de Rogério Ceni, o Palmeiras de Ademir. Lá existe o Zico do Flamengo. A ordem é sempre inversa. Os valores são sempre diferentes.

Ser flamenguista não torna ninguém melhor do que os outros, nem pior. Diferente, sem dúvida. Ser maioria é algo que fortalece. É infinito, porque a nação não tem fim, e nem deixará de ser a maior torcida do país nos próximos 200 anos.

Odiar o Flamengo é absolutamente justificável. Qualquer um fica irritado em ganhar títulos e mais títulos e ver que a capa do jornal não muda de foto. É sempre a do Flamengo. Qualquer um se incomoda em saber que títulos e dívidas menores não conseguem sobrepor a importância de um clube que tem sua grandeza baseada em nada atual e concreto. É grande. Por quê? Porque é.

Pode existir algo maior do que o que não se explica? Entrar num Maracanã lotado e olhar pra aquela torcida é algo que apenas eles sabem o que é, o que significa e o quanto importa. "Torcida não ganha jogo", dizem. "Só se for a sua", eles dirão. Hoje é dia do flamenguista. Você não é Flamenguista? Que pena.

terça-feira, outubro 27, 2009

::: CUIDADO COM OS BURROS MOTIVADOS :::
(Entrevista com Roberto Shinyashiki)

A revista ISTO É publicou esta entrevista de Camilo Vannuchi. O entrevistado é Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome nacional e internacional. Em 'Heróis de Verdade', o escritor combate a supervalorização das aparências, diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima.

ISTO É - Quem são os heróis de verdade?

Roberto Shinyashiki -- Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes.E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu à pena, porque não conseguiu ter o carro, nem a casa maravilhosa. Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa, possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros.São pessoas que sabem pedir desculpas e admitiram que erraram.

ISTO É -O Sr. citaria exemplos?

Shinyashiki -- Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia. Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem. Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito '100% Jardim Irene'.É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes. O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana. Em países como o Japão, a Suécia e a Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata? Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher, que embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego, que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.

ISTO É -- Qual o resultado disso?

Shinyashiki -- Paranóia e depressão cada vez mais precoce. O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece. A única coisa que prepara uma criança para o futuro, é ela poder ser criança. Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos.. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas. Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.

ISTO É - Por quê?

Shinyashiki -- O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência. Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras. Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei-a na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.

ISTO É - Há um script estabelecido?

Shinyashiki -- Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um presidente de multinacional no programa 'O Aprendiz'? - Qual é seu defeito?
Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal:- Eu mergulho de cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar.
É exatamente o que o Chefe quer escutar. Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido? É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder. O vice-presidente de uma as maiores empresas do planeta me disse: 'Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir'. Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor!

ISTO É - Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?

Shinyashiki -Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência. Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função, para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão. Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso, para o qual eu não estava preparado. Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.

ISTO É - Está sobrando auto-estima?

Shinyashiki - Falta às pessoas a verdadeira auto-estima. Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa. Antes, o ter conseguia substituir o ser. O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom. Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser, nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer. As pessoas parecem que sabem, parece que fazem, parece que acreditam. E poucos são humildes para confessar que não sabem. Há muitas mulheres solitárias no Brasil, que preferem dizer que é melhor assim. Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.

ISTO É -Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?

Shinyashiki -Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis. Quem vai salvar o Brasil? O Lula. Quem vai salvar o time? O técnico. Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta.O problema é que eles não vão salvar nada! Tive um professor de filosofia que dizia: 'Quando você quiser entender a essência do serhumano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham'. Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo.A gente tem de parar de procurar super-heróis, porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.

ISTO É - O conceito muda quando a expectativa não se comprova?

Shinyashiki - Exatamente. A gente não é super-herói nem superfracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso. Hoje, as pessoas estão questionando o Lula, em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram. A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.

ISTO É - Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?

Shinyashiki -Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente. Há várias coisas que eu queria e não consegui.Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos. Com uma criança especial, eu aprendi que, ou eu a amo do jeito que ela é, ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse. Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo. O resto foram apostas e erros. Dia desses apostei na edição de um livro, que não deu certo. Um amigão me perguntou: 'Quem decidiu publicar esse livro?' Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.

ISTO É - Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?

Shinyashiki - O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três fraquezas: A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança. Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram. Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno. Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards. Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates. O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.

ISTO É - Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?

Shinyashiki - A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade... A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se eles não tivessem significados individuais. A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias. A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo. Por fim, a quarta loucura:Você tem de fazer as coisas do jeito certo. Jeito certo não existe.Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz, enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo à praia ou ao cinema.. Quando era recém-formado em São Paulo , trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz:'Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei à vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz'. Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.

quarta-feira, outubro 14, 2009

::: 60 DICAS DE UM RED-ATOR :::
Tenório Cavalcanti (escritor e trabalha como redator na Art Office/Curitiba)

1. Antes de pensar propaganda, entenda marketing. Antes de pensar marketing, entenda gestão empresarial, antes de pensar gestão empresarial, estude muito sobre gestão empresarial.

2. Quando você estiver achando que é muito bom, não peça aumento, peça demissão.

3. Antes de reclamar do salário, reclame de você para você.

4. Se você faz freelance enquanto trabalha numa agência é porque não ganha bem. Se você não ganha bem, faça por merecer ganhar mais.

5. Nunca abandone os clichês. Eles são um eterno material de pesquisa.

6. Toda ideia original é resultado da mistura ou transformação dos clichês.

7. Se sua maior qualidade é ser criativo, mude de ramo.

8. Recuse-se ir a reuniões quando não está preparado.

9. Nada que te deixa dopado acelera o processo criativo.

10. Fazer serão não é regra, é imposição da conveniência.

11. Quem sabe usar o tempo, faz menos serão.

12. Atendimento despreparado é sinônimo de pressão. Sinônimo de pressão é desespero. Sinônimo de desespero é prejuízo. Fim do ciclo.

13. Seu patrão é seu talento.

14. Seu ídolo é seu ideal.

15. Só baixe a cabeça pra fazer rough.

16. No varejo, tenha paciência. Na paz, passe para outro job.

17. Redator: quando estiver depressivo, escreva títulos sobre você.

18. Dir. de arte: quando estiver depressivo, faça um desenho sobre você.

19. Planejamento: quando estiver depressivo, planeje um amanhã melhor pra você.

20. Atendimento: quando estiver depressivo, suicide-se.

21. Você trabalha marcas. Pense em você como marca.

22. Para se conhecer melhor como publicitário, faça uma campanha sobre você mesmo.

23. A melhor defesa é uma boa defesa.

24. A melhor ideia não é a sua, é aquela da qual você se apropria.

25. Fofoca em agência é nova mídia.

26. Briga em agência é ação de guerrilha.

27. Criatividade não é virtude, é obrigação.

28. Não busque prêmio. Busque excelência. Excelência ganha prêmio.

29. Leve para a agência: um lápis e os valores da sua família.

30. Guarde o ego no coldre.

31. Pouca verba tem justificativa. Pouca criatividade não.

32. Quando sair de uma agência para outra, fale bem da anterior. Antes de sair da nova, fale a verdade para justificar a sua última saída.

33. Viaje além do baseado. Se você não fuma, gaste seu dinheiro viajando.

34. Se dizem que suas ideias valem ouro, peça comissão.

35. Público-alvo não segue tendências de propaganda.

36. Quem cria para publicitário é agência de agência. E olhe lá!

37. Em criação publicitária só há um limite: a tênue linha entre o criativo e o ridículo.

38. Se “em casa de ferreiro”… A agência vai mal.

39. Em terra de cego quem tem um olho é publicitário.

40. Não perca tempo buscando referências. Ganhe tempo buscando ser referência.

41. A propaganda que você vê na TV é um refluxo de mil ideias: ou reprovadas, ou empurradas na pressa, ou matematicamente calculadas para virar prêmio.

42. Faltou idéia? Pense ao contrário. Ainda falta? Saia da sala.

43. Compreenda as diversas filosofias e descubra que não vale a pena ter uma só.

44. Se só o Google te salva, mande seu currículo para lá.

45. Só tenha medo de riscos quando estiver desarmado.

46. O que diferencia uma pasta boa de uma ruim é o profissional que está segurando.

47. O melhor remédio para mau caráter é veneno.

48. Cem ideias e sem ideias é a mesma coisa quando não se tem uma solução para o problema.

49. Seja iconoclasta das suas próprias ideias.

50. Melhor que ter um perfil de publicitário, é ser um publicitário novo a cada trabalho.

51. Criação: entenda mais de atendimento que o atendimento.

52. Atendimento: entenda mais de criação que o pessoal da criação.

53. Melhor que ter mil ideias é ter uma solução.

54. Estude casos de sucesso e, principalmente, de insucesso, para saber como não agir.

55. Antes de jogar o briefing na criação, faça um briefing do briefing e jogue na criação.

56. Antes de exigir rapidez, explique devagar qualquer que seja o processo.

57. Melhor do que saber dar um não é saber para dar um sim.

58. Planeje suas folgas. Cultura de trabalho escravo é para quem gosta de ser escravo.

59. Vista a camisa da empresa – por baixo do seu blazer.

60. Vai chegar um momento em que você vai cansar e achar tudo isso muito patético. Parabéns, você é um publicitário de verdade.

terça-feira, outubro 13, 2009

::: Almost Lover :::
A Fine Frenzy

Your fingertips across my skin
The palm trees swaying in the wind
Images

You sang me Spanish lullabies
The sweetest sadness in your eyes
Clever trick

I never wanna see you unhappy
I thought you'd want the same for me

Goodbye, my almost lover
Goodbye, my hopeless dream
I'm trying not to think about you
Can't you just let me be?
So long, my luckless romance
My back is turned on you
Should I known you'd bring me heartache?
Almost lovers always do


We walked along a crowded street
You took my hand and danced with me
Images

And when you left you kissed my lips
You told me you'd never ever forget these images, no

I never wanna see you unhappy
I thought you'd want the same for me

Goodbye, my almost lover
Goodbye, my hopeless dream
I'm trying not to think about you
Can't you just let me be?
So long, my luckless romance
My back is turned on you
Should I known you'd bring me heartache?
Almost lovers always do

I cannot go to the ocean
I cannot drive the streets at night
I cannot wake up in the morning
Without you on my mind
So you're gone and I'm haunted
And I bet you're just fine
Did I make it that easy for you
To walk right in and out of my life?

Goodbye, my almost lover
Goodbye, my hopeless dream
I'm trying not to think about you
Can't you just let me be?
So long, my luckless romance
My back is turned on you
Should I known you'd bring me heartache?
Almost lovers always do

sexta-feira, outubro 09, 2009

::: A escola dos meus sonhos :::
Denise Fraga

Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Orleans e Bragança. Não sei por que, mas nunca mais me esqueci do nome inteiro da princesa Isabel. Entra ano, sai ano, e ele continua na minha cabeça. Pra que serve saber o nome todo da princesa Isabel? Pra nada. A não ser para dizer aos seus amigos que você o sabe ainda aos 44 anos, mesmo o tendo decorado aos 11. E por que o decorei? Sei lá. Lembro do nome inteiro da princesa Isabel, mas sou incapaz de me lembrar por que o tenho na cabeça. Coisinha ainda desconhecida esse nosso cérebro, não? Mas me lembro que foi na escola. Também sei ainda de cor algumas datas da História do Brasil, algumas capitais, a tabuada e, curiosamente, algumas palavras ainda flutuam em minha mente, completamente desvinculadas do seu significado. Logaritmo, por exemplo. Não tenho mais a menor ideia do que seja logaritmo.

Quando vejo agora meus pequenos às voltas com suas intermináveis lições, nunca deixo de pensar, muito secretamente, qual será a exata serventia de todas essas coisas que ainda se ensinam nas escolas. Sei que lá também se aprende regras de convivência, raciocínio lógico etc. e tal, mas será que não existem coisas mais “inesquecíveis por natureza” para ocupar, por exemplo, o lugar das cadeias de carbono e hidrogênio? Nunca vi serventia pra tal quebra-cabeça, a não ser aumentar minha preguiça à aula de Química. E quebra-cabeça por quebra-cabeça, um jogo de xadrez talvez ensinasse tanto quanto. É provável que existam pessoas que adoravam as aulas de Química, independente de, como eu, terem seguido carreiras bem distantes dos laboratórios, mas não consigo deixar de pensar que, se ensinassem Investigação de Pequenas Alegrias no lugar de Química, e deixassem a Química pra quem quisesse trabalhar com ela algum dia, o mundo seria melhor até pros químicos. Em vez de Química 3, apenas um ano de Química para conhecimento geral e vários anos de Exercício do Diálogo, por exemplo. Utopia. Mas que gostaríamos mais de ir à escola se nos ensinassem coisas que pudéssemos aplicar imediatamente em nosso dia a dia e durante toda a vida, lá isso é verdade. Simplesmente por necessidade, não deletaríamos instantaneamente de nossa memória o que tínhamos acabado de estudar pra prova. Provavelmente, nem estudaríamos pra prova.

Na escola dos meus sonhos, teria matemática para o raciocínio lógico, xadrez para o raciocínio projetado, esgrima para a leveza e rapidez dos reflexos, história contada em histórias, línguas, interpretação de texto, esportes, muitas idas ao teatro, ao cinema, literatura e arte em geral para a compreensão poética do mundo. Apenas um ou dois professores, muito bem preparados e que ganhassem muito, muito bem para levar nossos filhos a andar pela cidade visitando bairros, fábricas, hospitais, conhecendo profissões, observando e apreendendo o mundo. Duas vezes por semana, aula de Compreensão da Imperfeição Humana. Total utopia. Nossa bandeira leva até hoje um “Ordem e Progresso” retirado da linda frase da doutrina positivista: “O amor por princípio, a ordem como meio e o progresso por fim”. Simplesmente, um dia, alguém achou que não teria problema tirar o amor e deixar só o ordem e progresso. Talvez tenha sido até por falta de espaço. Tiraram “só” o amor! A frase positivista eu não aprendi na escola, mas sei nosso imenso hino de cor, quantas estrelas temos na bandeira e o nome da princesa Isabel. Ah! Na escola dos meus sonhos, teria também uma matéria chamada Amor por Princípio. Perdoem-me. Só utopia.