quinta-feira, janeiro 20, 2011

::: About You Now :::
Sugarbabes

It was so easy that night
Should've been strong
Yeah I lied
Nobody gets me like you

Could I keep hold of you then
How could I know what you meant
It was not meant to compare to

I know everything changes
For the cities and faces
But I know how I feel
About you

Can we bring yesterday
Back around
Cause I know how I feel
About you now

I was dumb I was wrong
I let you down
But I know how I feel
About you now

All that it takes
One more chance
Don't let our last kiss
Be our last

Give me tonight and I'll show you

I know everything changes
I don't care where it takes us
Cause I know how I feel
About you

Not a day passed me by
Not a day passed me by
When I don't think about you
And there's no moving on
Cause I know you're the one
And I can't be without you


segunda-feira, janeiro 17, 2011

::: Quanto Vale Um Sim :::
Martha Medeiros

Você consegue um bom emprego na hora que bem entender?
Você descola um amor do dia para a noite?
Se entrar num banco, sai de lá com um empréstimo sem burocracia?
Se você respondeu sim para todas estas perguntas, parabéns. E fique atento para o horário de partida do seu disco voador, pois a qualquer momento você terá que voltar para o seu planeta.
Entre nós, terrestres, o sim é uma resposta rara. Na maioria das vezes, não há vagas, não querem editar nossos poemas, não temos fiador, a garota não quer ouvir uns discos na sua casa, o garoto não quer usar camisinha e o guarda de trânsito não foi com sua cara e vai multá-lo, sim senhor. Não está fácil pra ninguém.
Ao contrário do que possa parecer, esta não é uma visão pessimista da vida. As coisas são assim, dão certo e dão errado.
Pessimismo é acreditar que ouvir um não seja uma barreira para realizar nossos planos.
Tem gente que fica paralisado diante de um não. Nunca mais vai à luta.
Já o otimista resmunga um pouco e em seguida respira fundo e segue em frente.
Quando eu tinha 17 anos, mandei uns versos para um concurso de poesia. Não ganhei nem menção honrosa. Daí entreguei meus versos para o Mário Quintana avaliar. Ele não respondeu.
Neste meio tempo eu estava apaixonada por um cara que ignorava a minha existência.
Quando eu não estava pensando nele, fazia planos de morar sozinha, mas o meu estágio não era remunerado. Aí quis viajar para a Europa, mas não consegui entrar num programa de intercâmbio.
Surpreendentemente, não passou pela cabeça a idéia de me atirar embaixo de um caminhão.
Hoje tenho nove livros publicados (cinco deles de poesia), sou casada com o homem que amo, tenho a profissão dos sonhos e viajo uma vez por ano, e tudo isso sem ganhar na megasena, sem cirurgia plástica, sem pistolão ou  pacto com o demônio.
O segredo: cada não que eu recebi na vida entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Não os colecionei. Não foram sobrevalorizados.
Esperei, sem pressa, a hora do sim. O não é tão freqüente que chega a ser banal.
O não é inútil, serve só para fragilizar nossa auto-estima.
Já o sim é transformador.
O sim muda a sua vida
. Sim, aceito casar com você. Sim, você foi
selecionado.
Sim, vamos patrocinar sua peça.
Quando não há o que detenha você, as coisas começam a acontecer, sim.

quinta-feira, janeiro 06, 2011

::: As Esposinhas :::
Tati Bernardi


Sentadas no sofá, sorrindo amarelo. Na rodinha em frente, os maridos, porque eles precisam disso, falam atrocidades. Deixa, vai. Deixa. Afinal, ele é uma besta na jaula. Finalmente. Na jaula. As esposinhas. Um deles pediu: promete estar sempre bem cuidada e maquiada e linda e cheirosa? Então ela está. Uma até queria ir lá na rodinha, tem uma piada melhor pra cu ou peido. Mas ela é esposinha. Imagina que cena? Pode não. Cada uma levou um prato. A que não sabe cozinhar se gaba da empregada. Porque ela não sabe cozinhar mas sabe ensinar. Elas são engenheiras, advogadas, médicas e, as mais ousadas, atendimentos de agência. Elas não vêem a hora de não ser mais nada disso. De se dedicar a pesquisar o preço do piso. Ah, as esposinhas. Ele comeu meia cidade e não casou com a mais bonita ou a mais gostosa ou a mais inteligente. Ele casou com a melhor esposinha. O outro, doido de tudo, tinha muito medo. Adivinha do quê? De mulher doida. Porque homem pode tudo. Te ligar bêbado, insistir pra comer seu rabo quando nem beijo na boca você liberou, surtar na porta do restaurante porque o carro atrasou um minuto, falar de amor no segundo encontro. Agora tente, tente, ter um segundo sequer de desequilíbrio hormonal. Espere, esposinha. Não ligue. Não queira. Não pergunte. Mulher não manda no ritmo de nada. E elas, como mortas vivas, como passivas que pagam alguma penitência para pertencer ao mundo das mulheres que conseguem casar, sorriem amarelo. Desde que o dinheiro continue entrando. Desde que no elevador as pessoas saibam que ela merece respeito, afinal, tem um macho dentro daquela casa. A esposinha não vê que ele flerta de leve, apenas pra alisar o ego do seu pau meia bomba, com todas as outras esposinhas. O outro importou do interior. Tão fofa. Tão, tão. Ce acredita que até barra de calça ela sabe fazer? Elas te olham instigando. É inveja minha o que você tem, não é? Porque eu tenho marido, certo? Porque domingo, enquanto o Faustão berra, enquanto ele dorme roncando, eu bordo almofadas. É inveja, não é? O que é? Porque você me olha? Sentadas retinhas. Ah, a mais ousada, cochicha: ele não sabe que eu tinha um casinho com um cara do trabalho antes de conhecer ele e tal. Puxa! Que ousada! As esposinhas e os jantares para os casais de amigos e as viagens com os casais de amigos. A sociedade que se junta como num suicídio em massa: os casais de amigos! As esposinhas e tudo que engolem e tudo que sufocam e tudo que não suportam. As esposinhas e o segundo antes de dormir, no espelho, tirando a maquiagem, o silêncio, sorriem amarelo: aquelas putas, aquelas, que eles não tiram da cabeça, podem até..podem até...mas quem casou fui eu!