quarta-feira, setembro 28, 2016

::: Ela é taurina, rapaz :::
Mariana Purificação

Teimosa, mandona e orgulhosa ou você quis dizer, taurina? É ela mesmo, que chega devagarinho até conseguir dar o bote. Eita imaginação que vai longe, com um olhar já consegue desenhar um futuro a dois e todos os diálogos em ordem certa, até chegar a hora da ação que ela se bagunça no seu próprio script. Observadora de ficar tentando deduzir o que cada pessoa esconde com simples gestos e ao  mesmo tempo desligada e não reconhecer alguém com quem estudou a vida inteira porque olhava pela janela escutando uma música e fazendo mais mil planos na cabeça. Com tanta coisa na cabeça, tanta coisa pra lembrar, ela vive se esquecendo das coisas. Agradece aos amigos e redes sociais por lembra-la dos afazeres que não esquece de propósito, é que no caminho ela viu algo mais interessante que lembrou de um lugar em que ela foi e conheceu....e por aí vai.

Tão confusa e ao mesmo tempo tão decidida do que quer. É que ela tem medo de fazer as escolhas erradas e não conseguir voltar atrás. Porque orgulhosa do jeito que é, ela não aceita desistir. E quando ela acha que está certa, não adianta vir conversar que ela não vai dar o braço a torcer. Confia no próprio taco, simples assim e ganha as pessoas por essa personalidade forte. Quem a vê de longe já pensa que ela não é muito sociável, mas ache um assunto em comum que eu quero ver você faze-la parar de falar. A cara de séria se desfaz em dois segundos e eu te juro que enquanto você a acha durona pela aparência ela está se perguntando o que vai almoçar.

Adora fazer mil coisas ao mesmo tempo, se sentir atarefada mas não nega também o alívio que é ficar deitada com os pés pro alto sem precisar fazer nada. Odeia errar algo ou se sentir incapaz, por isso quando quer muito alguma coisa tem que ser perfeito. Gosta da clareza, não só nos relacionamentos, mas na vida. Não gosta de deixar tudo mais bagunçado do que ja é, então sempre mantém a sinceridade acima de qualquer coisa. Ela vai te ganhar no sorriso e na influência que causará na sua vida, porque ela tem repertório de livros, música e conhecimento que vai te deixar no chão. Não dispensa um frio na barriga, falou em aventura ela já coloca a mochila nas costas e vai sem medo, essa aí não tem medo de se arriscar. Vê o mundo como uma oportunidade gigante e abraça-o com a alma.

Ela é decidida e rápida, puxa logo o gatilho. Ela até vai querer fazer um joguinho aqui e outro ali no começo, até se cansar. Se ela estiver afim de verdade vai dizer com todas as palavras porque ela detesta enrolação. Mestre na arte de marcar as coisas com semanas de antecedência e quando chega o dia se sentir desanimada e se perguntar porque marcou tal compromisso e mesmo com toda a preguiça, ela vai. Vai, porque detesta em quem fala e não cumpre e segue a risca o modelo de não fazer com os outros o que não quer que seja feito consigo mesma. Então ela abre o coração. E se arrepende. Dá mais uma chance para você entrar nele e fecha com sete cadeados. Se você entrou, você vai desvendar a mulher incrível que ela é, sensata, humilde, engraçada nas horas vagas e vai sempre ter um assunto para puxar.


Ela é presa aos detalhes, a sua imaginação, aos seus planos e a ideia de ter o mundo na palma da mão. Ela gosta de acrescentar, de somar. Veste o traje desapegado, mas é tudo fachada, ela sente até demais. É que o orgulho dela sempre fala mais alto. Ela é taurina, rapaz quer ter o mundo, quer ter um pouco de tudo e se um dia ela te desejar, deixe-a ter. Uma garota dessas se você perde, não volta mais. 

domingo, agosto 28, 2016

::: A rejeição, suas marcas indeléveis e a absoluta necessidade de superá-las :::
Ana Macarini

Conexões afetivas são tão raras e belas, quanto inesquecíveis. Aquela sensação de pertencimento e liberdade ao mesmo tempo; aquela certeza de ter um colo para dar e receber no final do dia; aquele conforto de saber que haverá quem nos ouça, por mais silenciosos que estejamos; aquela situação mágica na qual se conversa por meio de olhares, sem emitir uma única palavra… isso é tão extraordinariamente perfeito que eu me arriscaria a dizer que quase não passa de um sonho bom.
Os amores e as relações da vida real são indiscutivelmente imperfeitos, cheios de desafios e reviravoltas. Some-se a essa instabilidade a nossa teimosia em projetar no outro nossas mais íntimas e secretas necessidades, acrescente-se a isso a nossa falta de repertório afetivo que nos faz facilmente reféns de armadilhas sedutoras, tecidas de fantasias de amor ideal, romântico e cinematográfico.
O resultado desse descompasso entre realidade possível e idealização maravilhosa é o desencontro. Vivemos nos desencontrando… de nós mesmos, de nossas missões, de nossas possibilidades e formas bonitas de nos conectar com o outro. Vivemos nos esbarrando em expectativas que nos levam ao chão com a facilidade de um piso liso e ensaboado. Vivemos andando em ruas paralelas aos caminhos necessários às nossas vivências com potencial para serem transformadas em bem querer, intimidade e entrega consciente.
Mergulhados em tolas ilusões, entregamos nas mãos alheias o nosso destino. E ficamos assim, quietinhos, silenciosos e omissos, esperando que o outro nos desembrulhe e nos apresente a uma vida cheia de felicidade. Fechamos os olhos, apaziguados numa permissividade infantil e ingênua, crentes de que a nossa realização afetiva depende de sermos aceitos, afagados, incluídos e protegidos por outros braços, espaços e abraços que não os nossos próprios.
Encharcados de uma chuvinha intermitente de gotas de alienação emocional, abrimos mão de nos responsabilizarmos por nossa entrada, estada e retirada dos espaços afetivos daqueles que nos cercam. E, se não tomarmos consciência disso, em pouco tempo estaremos diluídos e aguados, incapazes de entender que a rejeição partiu de nós, em primeira instância. Em muitas situações, somos nós que determinamos se outro terá poder e permissão para nos rejeitar ou não.
A rejeição provoca marcas indeléveis na alma da gente. Por isso, precisamos emergir desse lugar de vitimização, para tomarmos posse de nossos corpos, mentes e sentimentos a fim de superar a dor de não termos sido escolhidos. Precisamos nos reencontrar com urgência, antes que sejamos tragados pela tentadora escolha de culpar os outros pela bagunça que nós mesmos causamos em nossas próprias vidas. Amar-se não é uma tarefa fácil, requer de nós coragem para nos concedermos os indispensáveis perdões e a leveza de alma que nos permita tirar das mãos alheias o direito de se desfazer de nós. "

domingo, fevereiro 21, 2016

::: 6 lições (de doer) que aprendi sobre o amor :::
Iandê Albuquerque 

1. SOBRE TÉRMINOS E GENTE QUE NÃO SOMA.


Se tem algo necessário que comecei a aprender e levar pra vida, foi desapegar do que não soma e superar términos. Costumo me envolver demais porque não consigo só conhecer.  Eu já conheci gente e não me agradei. Se agradaram de mim, mas não fiquei. Esperei demais, foram de menos. Me disseram que eu não era o que esperavam que eu fosse. Tentaram jogar pra mim uma culpa que não era minha, tentaram justificar os erros que cometiam com as minhas atitudes e esses erros se repetiam, decepções se acumulavam. Melhor não esperar o outro te fazer bem enquanto você não está bem consigo mesmo, o melhor é ficar bem com você mesmo e ficar só com quem realmente se sente bem quando está com você.  Passei por ótimas situações, sorrisos bem agradáveis, a saúde em dia e a saudade despertando na madrugada. Encontros bem sucedidos mesmo que o restaurante tenha sido péssimo. Conversas coerentes e só. Mas só isso sempre foi o suficiente pra que eu acreditasse que era pra ser, ou ao menos esperar que fosse.  Pra mim, sempre foi complicado aceitar um término. Aceitei vários depois que aprendi a respeitar as escolhas e os momentos dos outros. Isso não é questão de esforço, a gente precisa se esforçar por um relacionamento maduro, livre, e agridoce, não por alguém infantil, possessivo e amargo. Concordo que quando a gente ama, a gente precisa tentar e reconhecer o outro como um ser errante mais que pensante, mas simplesmente não dá pra se tornar saudade de alguém que nunca aparece. Se decidiu ir, boa sorte. Não estou aqui pra mudar só pra agradar alguém, estou aqui pra ser eu mesmo e agradar pelo que sou, não pelo que acham ou pelo que esperam de mim. Erro feito humano que sou, mas não tolero gente que não soma. 


2. SOBRE DECEPÇÕES


Desperdicei alguns dias e aprendi que não vale a pena sofrer em vão. Aproveitei o que não tinha aproveitado. Comprei mais do que podia, mas paguei. Me envolvi, mas não decepcionei. Me decepcionaram, mas superei. E aprendi que superar te trás novas formas e muda a tua visão pra enfrentar novos problemas, cê passa a meter o pé sem medo, a encarar a coisa e dar o outro lado do rosto.


3. VOLTAR OU NÃO VOLTAR COM O EX?


Tentei empurrar um relacionamento que já se afundava pra tomar um fôlego, resolver pendências e mais uma vez, tentar acertar os erros. Depois do fôlego, testei voltar. Troquei a possibilidade de deixar passar pra carregar mais uma vez o que não existia, até entender que não precisava continuar tentando tapar certos buracos, até entender que amar não é necessariamente permanecer, é desistir também. Às vezes, é bem melhor você deixar que o tempo realize o processo de cura, que voltar ao motivo da dor pra tentar curá-la com apego. Se tem um conselho que posso dizer sobre isso, é que não é uma boa escolha voltar com ex. Não é interessante reatar um relacionamento só porque você acredita que amar já basta e acha que será impossível encontrar outra pessoa que possa te amar tanto quanto você amou alguém, ou tanto quanto alguém te fez acreditar que te amava. Não importa o que o você pensa que o teu coração te diz sobre. Acreditar que aquele estalo é a voz do teu coração é um erro. Aquele estalo igual eco que retorna pra você é um aviso de que você está sozinho nisso. 


4. ENCONTRAR ALGUÉM PRA SOMAR OU COMPLETAR?


Amei de verdade, mas tive que deixar esse amor partir porque entendi que se não soma, melhor sumir. Desapeguei do que não conseguia e entendi que mesmo que a gente ame alguém é preciso abrir mão se não existem mais motivos pra ficar. Encontrei mais alguns sinônimos pro amor. Doar, compartilhar, somar e não completar. Comecei a discordar daquela frase que me disseram um dia: ”você precisa encontrar a metade da sua laranja”, saquei que não se trata de encontrar a metade pra se sentir completo porque eu nunca estive pela metade – apesar de se sentir assim em alguns casos – mas o importante mesmo é se sentir livre e entender que não existem metades perdidas por aí. Eu preciso mesmo é de alguém que some e ponto.


5. SEGREDOS


Fui apunhalado pelas costas, tive segredos contados e aprendi mais um pouquinho que existem segredos só meus e pensamentos que posso compartilhar. Que existem pessoas preparadas para ouvir e guardar o que eu digo mesmo que a gente se desentenda depois e pessoas que não estão preparadas para ouvir, muito menos guardar.


6. QUEM AMA, TAMBÉM DESISTE!


Por mais patético que seja admitir isso, passei muito tempo acreditando de verdade que, quem ama, jamais desiste! E escancarei bastante meu peito já tão surrado. Passei por poucas e boas. Tive meus sentimentos ignorados, fui escanteado. Levei gritos, gritei. Fui trocado, pensei em vingança, mas me ajuizei. Fui orgulhoso, foram egoístas comigo. Perdeu-se o respeito, o carinho e o afeto. Tive que perder bastante tempo e muito de mim pra entender que o amor não é um jogo. Se a gente não se dispõe em aceitar, respeitar, dedicar a nossa vida em troca da dedicação do outro, não adianta. Mesmo que com bastante dor, finalmente entendi com certa maturidade todos os porquês da desistência. E se esse ano não for suficiente pra você entender isso, espero que um dia você também entenda que quem ama desiste, quando se doar totalmente, quando amar descontroladamente alguém e esse alguém só te fizer sofrer. Um dia, você vai chorar e saber que por mais que você ame alguém, é preciso que o outro te ame e te queira bem também.

quarta-feira, janeiro 27, 2016

::: Sobre o amor : não mendigue :::
Luana Peres

Não mendigue amor, não peça pra gostar, não implore pra ficar. Amor fruto de mandinga e pena, não vale nem um poema. Ele é falso, triste, pesado, duro. A gente carrega achando que é o melhor que se pode ter e depois descobre que sem ele somos melhores. Somos livres, leves e abertos para esperar o que nos cabe e não o que, até agora, nos coube.
Atenção, carinho, respeito, desejo, amor...nada disso pode ser imposto, pedido e implorado, pois, na medida que mendigamos sentimentos, o sentir deixa de fazer sentido. Doar-se ao outro e a tudo que ele oferece deve acontecer sem regras, sem solicitações, sem restrições, sem indicações. Ele simplesmente deve acontecer!
(e inclusive deve também ter o direito de, talvez, nunca acontecer)
Mas aí demora, a gente dá uma forçada aqui, outra lá... Finge ver o que não existe, ouvir o que nunca foi dito. Nos esforçamos para acreditarmos em palavras tortas, carinhos pequenos, entregas restritas. A gente tapa a boca, pra não dizer o que grita; e os ouvidos, pra não ouvir aquela denúncia quase silenciosa de que não há amor. Só ilusão. Só o desejo. Só o seu desejo de ser amado.
Algumas pessoas passam anos amando de forma solitária e acreditando que o que sentem é suficiente para alcançar e dar conta do florescer no território infértil do outro. Elas projetam uma energia sem dimensão num projeto que começa fadado ao erro, a dor e ao fim.
A luta solitária e a rejeição de um primeiro amor fundamental: o próprio.
Viver uma relação onde há paixão, afeto, cumplicidade, respeito e querer de ambos já não é fácil, imagina quando todos estes sentimentos concentram-se apenas de um lado. Num pólo, o peso do querer irracional, do medo de ficar só e da insegurança que diz que você não pode ter mais. No outro, o vazio. Não dá pra saber o que é sentido na outra margem porque nossa querência exagerada não permite enxergar o desejo do outro.
A pessoa diz que não está feliz ao seu lado, que tem dúvidas, que anda perdido, que não pode assumir nada sério, que não sabe o que sente... e você, no ímpeto de uma onipotência absurda, toma as rédeas e se joga na batalha pra lutar por dois, aliás, por três. Você, o outro e o ideal de amor que você criou, mas nunca existiu.
Sobre o amor, não há muito o que dizer, mas é importante pensar que: amor a dois é pra ser compartilhado. Se for solitário, deve caber somente a uma pessoa: você.