domingo, janeiro 11, 2009

::: Dupla Face :::
Ana Paula Mangeon

?…
Aquela a mão que trouxe
Tornou-se a palma que empurra.
E o braço retraído que antes, rejeitou
É o mesmo que , fraternalmente
me amortece a queda.?


Eu sempre amo anjos tortos
Anjos caídos, anjos banais.
Eu amo sempre anjos enrustidos
Que me amam em bondades sazonais.

Amo também demônios canibais
De salivas peçonhentas e secreções febris
E pobres diabos, submissos e leais
Resignados com os seus remorsos servis.

Porém, o que nessa vida mais amo
O que mais venero e o que mais cortejo
É a humanidade inóspita do ser humano
Quando há de escolher entre razão e desejo

O ser humano, pleno de seus problemas
No desafogo, quando a alma não se consola
Morde a mão que lhe apazigua seus dilemas
Beija a boca, que cospe e que desola

Eu sempre amo anjos de humores lábeis
Hora cândidos, hora veementes
E amo anjos de vaidades frágeis
Que conforto, em meus braços inconsistentes.


E, por fim, amo -como tanto amor eu ouso?-
Homens. E lhes amo, com tanta voracidade
que lhes largo a casca na ilusão do repouso
enquanto carrego suas almas pela cidade.

Amo a insicía confiante do demônios
Amo a eruptiva verve dos ímpetos seus
E amo a ingenuidade patética dos anjos
Que me amam, depois pedem perdão a Deus

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